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Lançada nesta quarta-feira a campanha nacional “Você tem o direito de saber o que come”
O site do jornal O Globo desta quarta-feira (1º) publicou um informe sobre o lançamento da campanha “Você tem o direito de saber o que come”, da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, rede de organizações sociais que defendem o direito humano à alimentação adequada e saudável. A campanha, que começa nesta quarta-feira com peças de rádio, televisão e nas mídias digital e impressa, é focada na relação entre o excesso de peso e o consumo de alimentos não saudáveis.
“O grande aumento na prevalência do excesso de peso é atribuído, sobretudo, a mudanças no padrão alimentar da população, destacando-se em particular a substituição de alimentos e preparações culinárias tradicionais dos brasileiros por produtos ultraprocessados e prontos para o consumo, como refrigerantes e outras bebidas açucaradas, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, macarrão instantâneo, sobremesas industrializadas etc.”, diz O Globo.
“Apenas um a cada três adultos consome frutas, legumes e verduras regularmente”, afirma a nota. “A substituição de almoço e jantar por lanches em sete ou mais vezes por semana por 14% dos brasileiros é outro indicador da diminuição da qualidade da alimentação no país”.
A Aliança é formada por instituições como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), ACT Promoção da Saúde, Associação Brasileira de Nutrição (Asbran) e Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Na noite desta quarta-feira, um vídeo na televisão vai mostrar uma família que, ao consumir produtos ultraprocessados apresentados como saudáveis, alimenta-se essencialmente de açúcar e gordura sem ter consciência disso.
Na peça, da caixa de suco que se diz "natural" cai açúcar refinado; da caixa do bolo que se vende como "caseiro" sai um tablete de gordura. “Fizemos um ‘raio x’ dos alimentos não saudáveis”, afirma Inês Rugani, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e integrante da Abrasco e do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). “Por meio de imagens fortes e a apresentação das consequências de forma direta, o objetivo é sensibilizar os espectadores e evidenciar a falta de informação clara e o marketing enganoso nas embalagens que vendem produtos nutricionalmente pobres como se fossem benéficos para a saúde”, acrescenta ela.
A campanha tem a intenção de alertar a população sobre as reais características nutricionais de produtos ultraprocessados, que não destacam em suas embalagens o excesso de ingredientes como sódio, açúcar e/ou gorduras, levando os consumidores a fazer escolhas não saudáveis. Também tem a intenção de mobilizar a sociedade a apoiar a adoção de rótulos mais claros e a restrição de propagandas enganosas sobre alimentos, especialmente aquelas direcionadas a crianças. Vale lembrar que se encontra em discussão na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a revisão das normas de rotulagem nutricional.
A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável defende a adoção de uma rotulagem nutricional frontal de advertência inspirada no modelo do Chile, entre outras recomendações, conforme proposta apresentada à agência pelo Idec e Universidade Federal do Paraná (UFPR). Uma consulta pública deve ser aberta pela Anvisa até o final do ano para ampliar a discussão sobre esse tema e definir novas regras brasileiras de rotulagem nutricional.
Em uma escala maior, o movimento aponta que a responsabilidade pelo excesso de peso não pode ser atribuída apenas ao indivíduo, por não praticar atividade física e consumir calorias em excesso. Justifica-se, principalmente, pela existência de um ambiente que estimula o consumo excessivo de produtos não saudáveis por meio de publicidade massiva e rótulos atrativos, porém enganosos. Segundo Ana Paula Bortoletto, líder do Programa de Alimentação Saudável do Idec, estudos recentes indicam que a obesidade e as doenças ocasionadas pelo excesso de peso estão entre os problemas de saúde mais graves do Brasil.
“Em pesquisa realizada para a campanha, os entrevistados ficaram surpresos ao serem informados sobre a quantidade de açúcares, gorduras e sódio presentes nos produtos exemplificados e em tantos outros anunciados como saudáveis. Para alguns, as informações foram novidade, o que demonstra a falta de informações claras sobre o que é comum na alimentação de muitas pessoas”, comenta a especialista, que também é integrante do Consea.
Por meio do slogan "Você tem o direito de saber o que come", o público é convocado a cobrar políticas públicas para o aprimoramento da rotulagem de produtos ultraprocessados e destaca a importância do acesso à informação clara e adequada para escolhas alimentares mais saudáveis.
Fonte: Ascom/Consea, com informações do jornal O Globo