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Histórias de vida mostram êxito de política de convivência com semiárido
Condições favoráveis à prática da agricultura levaram família a retornar para terra natal. Imagem: Imagem: Manuela Cavadas
No Sertão do Araripe, em Pernambuco, a história de seu Luiz Pereira Caldas, 58 anos, e a esposa, dona Nilza de Oliveira Caldas, 60, é emblemática quanto ao movimento inverso de migração que passou a ocorrer na região depois das políticas públicas de convivência com o semiárido - como o Programa de Cisternas, que acaba de ganhar um prêmio internacional como a segunda iniciativa mais importante do mundo no combate à desertificação.
O Prêmio Política para o Futuro 2017, o único que homenageia políticas - em vez de pessoas - em âmbito mundial, foi anunciado nesta terça-feira (22). A cerimônia de entrega do prêmio será em 11 de setembro, durante a 13ª Conferência das Partes, da Convenção das Nações Unidas, em Ordos, na China.
O caminho de volta
Após duas décadas em São Paulo, eles voltaram para sua cidade natal, no município de Granito. Os principais motivos do retorno foram as condições favoráveis à prática da agricultura trazidas com a instalação do barreiro-trincheira na propriedade de sua mãe. Este tipo de barreiro é escavado no solo para acumular, no mínimo, 500 mil litros de água da chuva. Por ser estreito e fundo, o espelho d´água em contato com a ação do vento e do sol é pequeno, o que diminui a evaporação do líquido.
Ao chegar no sítio Venceslau onde cresceu, seu Luiz e dona Nilza passaram a plantar, próximo ao barreiro, feijão, andu, maracujá, acerola, tomate, jerimum, abóbora, banana e macaxeira. Logo depois, seu Luiz aprendeu a construir cisternas em cursos oferecidos pelas organizações que fazem parte da ASA para ampliar a renda familiar.
Caatinga e Cerrado
Em 2015, a família conquistou mais uma tecnologia de convivência com o Semiárido: a cisterna-calçadão, que também guarda água da chuva, geralmente, utilizada para o quintal produtivo sobretudo para aguar hortaliças, um tipo de cultivo que pede muita água e precisa ser protegida do sol forte.
Com a água e manejo adequado do solo, as famílias agricultoras plantam de tudo, inclusive, produzem mudas de plantas nativas para preservação da Caatinga e do Cerrado, biomas que ocorrem na região semiárida, e que estão são bastante degradados pelo desmatamento para criação de gado, expansão de monocultivos e extração de madeira.
Umburana, sabiá, catingueira
“Quando comprei esse pedaço de terra não tinha nenhuma árvore plantada. Nem uma vara pra fazer um espeto pra assar um pedaço de carne, então eu plantei umburana, sabiá, catingueira, craibera e outras árvores. No meio delas planto palma e hoje coloco minhas colmeias”, conta o agricultor Francisco de Assis da Silva, popular Preguinho, da comunidade São Luiz, do município de Maravilha, em Alagoas.
Ele tem alcançado bons resultados ao trabalhar com a agroecologia, como a reversão da infertilidade do solo. Essa prática tem contribuído para produção mesmo em épocas de estiagem. O agricultor pratica técnicas de uso sustentável do solo como cobertura morta, defensivos naturais, período de pousio, rotação de culturas, diversidade produtiva entre outras.
“Se eu usasse veneno contaminava a terra, os alimentos, minha saúde e as abelhas não iriam produzir mel de qualidade”. Além do cultivo de espécies nativas, forragem e hortaliças, Seu Francisco também cria aves, ovinos e desenvolve a atividade de apicultura.
Núcleos de desertificação
Segundo a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, as terras secas cobrem 40% da superfície da terra, onde ocorrem os climas árido, semiárido e subúmido seco da terra.
Evidências do processo de desertificação estão presentes em quase todas as partes do semiárido e, em alguns locais, são tão marcantes que foram rotuladas de núcleos de desertificação: Seridó (RN/PB), Cariris Velhos (PB), Inhamuns (CE), Gilbués (PI), Sertão Central (PE), Sertão do São Francisco (BA).
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Fonte: Ascom/ASA