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Encontro Brasil/Europa busca estratégias para combater desperdício de alimentos
A meta é ambiciosa: em 13 anos, reduzir pela metade o desperdício mundial de alimentos. Cerca de 1 bilhão e 300 milhões de toneladas de alimentos são jogados no lixo por ano, enquanto perto de 800 milhões de pessoas passam fome em todo o mundo. Segundo dados das Nações Unidas, a produção oriunda de 30% da área agricultável do mundo é jogada fora. O prejuízo é estimado em US$ 750 bilhões.
No Brasil ainda não há estudos conclusivos para desenhar o mapa do desperdício. A pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Milza Moreira Lima, explica que nos países mais desenvolvidos o desperdício é menor na produção e maior no consumo. Nos países mais pobres ocorre o inverso, mas as duas situações existem no Brasil: regiões mais urbanizadas têm o desperdício mais elevado no consumo; já nas menos urbanizadas, o maior desperdício é na produção.
Além disso, a pesquisadora alerta que para dispormos de uma análise acurada é preciso também avaliar o impacto ambiental dessa produção perdulária. Em 2016 a Embrapa lançou a campanha #Sem Desperdício, cujos objetivos são conscientizar produtores e mudar hábitos de consumo. A campanha é resultado da parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a WWF Brasil, organismo não governamental dedicado à conservação da natureza.
A próxima etapa da campanha acontecerá no Rio de Janeiro com o seminário Sem Desperdício, que será realizado nesta terça-feira (31), no Museu de Arte do Rio de Janeiro. O evento integra os Diálogos Setoriais União Europeia – Brasil, que reúne técnicos europeus e brasileiros, representantes do comércio e da indústria nacionais.
Especialistas da Dinamarca Espanha, França, Holanda e Suécia apresentarão as experiências bem-sucedidas em seus países e que poderão estimular o desenvolvimento de políticas públicas brasileiras de combate ao desperdício. A FAO Brasil apresentará relatos de estudos sobre o tema na América Latina e colocará em discussão estratégias de combate ao desperdício de alimentos passíveis de serem adotadas no país.
Representantes de empresas brasileiras analisarão oportunidades para reduzir as perdas nas etapas finais da cadeia agroalimentar, tais como estudos de caso no varejo no Rio de Janeiro e nas indústrias paulistas de embalagens. Os especialistas europeus visitarão uma propriedade rural na região serrana do Rio de Janeiro, modelo de agricultura orgânica e de aproveitamento de resíduos na colheita e no processamento.
“Com uma produção diária de dez toneladas de hortaliças por dia, cinco são de resíduos”, explica Aline Bastos, analista da Embrapa Agroindústria de Alimentos. “As sobras da colheita e do processamento das hortaliças são usadas para compostagem. Essa prática diminui o impacto ambiental e o custo com logística, já que não é necessário contratar caminhões para o transporte desses resíduos, e ainda gera um insumo para a produção orgânica”, completa ela.
Fonte: Ascom/Mapa