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Consea defende símbolo de alerta nos rótulos de alimentos não-saudáveis
Consea
Açúcar? Gorduras? Sódio? Muito ou pouco? O que mais tem ali? Você olha a embalagem de um produto e não é fácil identificar. As letras miúdas e tabelas de nutrientes nem sempre muito claras estão em praticamente todos os rótulos de produtos alimentícios industrializados. Basta uma olhada nas latas, caixas e saquinhos que recheiam as prateleiras de qualquer supermercado para ver que o modelo de rotulagem adotado atualmente no Brasil não responde a todas as dúvidas de quem busca uma alimentação saudável.
A preocupação dos especialistas com o impacto que a falta de informação adequada nos produtos vendidos no país causa na saúde do cidadão virou tema de debate em painel técnico organizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta quinta-feira (9), em Brasília (DF). Pesquisadores, representantes da sociedade civil, do governo e da indústria alimentícia buscam chegar a um consenso de modelo de rotulagem frontal mais objetivo.
O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em recomendação aprovada em plenária, no mês de agosto, defende um modelo de advertência de rotulagem frontal. Na prática, o rótulo passaria a trazer impresso na parte da frente um triângulo preto com bordas brancas alertando para altos teores de ingredientes que podem ser prejudiciais à saúde.
“[O triângulo] destaca o conteúdo alto em açúcar, gordura total, gordura saturada, sódio, se contém adoçante, se contém gordura trans”, explica a conselheira e nutricionistas Ana Paula Bortoletto. “É o modelo que tem melhor entendimento dos consumidores, melhor visualização e melhor desempenho para fazer escolhas alimentares mais saudáveis”, argumenta ela, que integra o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). “O Consea já tem uma recomendação apoiando o modelo de advertência que está linha do que o Chile já fez, com o mesmo princípio de destacar o conteúdo em excesso de nutrientes críticos em alguns alimentos que não devem fazer parte de uma alimentação saudável, que são os ultraprocessados”, enfatiza a conselheira.
Ela informou também que países como Uruguai e Peru já estão com decretos a serem assinados para rotular o conteúdo excessivo desses produtos que as pessoas não conseguem identificar a quantidade de açúcar, de gordura e de sódio. México e Argentina, segundo ela, já estariam fazendo estudos para implementar esse modelo de advertência para promover uma alimentação saudável e também para alertar sobre o risco de doenças crônicas.
A má alimentação tem sido apontada como um dos principais fatores para o sobrepeso e a obesidade, que se tornou um problema de saúde pública em todo o mundo. “Temos certeza que a melhoria da rotulagem nutricional frontal é um dos passos, como foi no tabaco, fundamentais para que a população tenha a informação correta e possa fazer escolhas conscientes da sua alimentação”, disse a coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Michelle Lessa.
Fonte: Ascom/Consea