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Começa em Curitiba 3º Encontro de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional
Imagem: Francicarlos Diniz/Consea
Cerca de 450 pessoas, entre pesquisadores, professores, estudantes e representantes de movimentos sociais e do setor público, participam desta quarta (8) até sexta-feira (10), na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, do 3º Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.
No evento serão debatidas experiências voltadas para a promoção de pesquisas acadêmicas do campo da alimentação e nutrição. Na oportunidade, será constituída oficialmente a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (RBPSSAN).
A mesa de abertura do encontro teve a participação da presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Elisabetta Recine, do ex-presidente Renato Maluf, e do reitor da Universidade Federal do Paraná, Ricardo Fonseca.
Também participaram da mesa o representante da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Adriano Lima, a ex-conselheira Emma Silliprandi, representando o Escritório Regional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em Santiago, o assistente de programas da Fundação Friedrich Ebert, William Habermann, a pesquisadora Inara do Nascimento, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), e a representante da comissão organizadora do evento, Silva Rigon.
Representando a UFPR, compuseram a mesa inaugural do encontro o vice-diretor de Ciências Sociais Aplicadas, Fernando Correia, a coordenadora da pós-graduação em Alimentação e Nutrição, Claudia Kruger, e o coordenador da pós-graduação em Políticas Públicas, Fabiano Dalto.
Ciência cidadã
Renato S. Maluf comentou sobre o histórico da composição da rede de pesquisadores em soberania e segurança alimentar e nutricional. “Lá pelos anos 2010 e 2011, vários pesquisadores e pesquisadoras que integravam o Consea começaram a discutir os desafios da produção do conhecimento e pesquisas no nosso campo”, disse ele. “Tínhamos a percepção de que não faltavam espaços disciplinares para debater temas relacionados à alimentação e agricultura, mas faltavam espaços multidisciplinares, com a perspectiva de produção de ciência cidadã, que dialogue com os movimentos sociais”.
A partir dessa constatação, afirmou Renato S. Maluf, foram organizados dois encontros e “agora temos a experiência exitosa deste terceiro encontro, com 433 trabalhos inscritos”. “A soberania e a segurança alimentar e nutricional é um tema que vem crescendo muito no meio acadêmico. O CNPq registra um grande número de pesquisas relacionadas ao assunto”, ressaltou ele.
Para Elisabetta Recine, “estabelecer uma rede que tem como princípio a liberdade e construção de uma ciência cidadã não é algo fácil neste momento. Precisamos pensar quais passos estratégicos que precisaremos dar para responder o que está acontecendo na sociedade brasileira, no respeito aos direitos humanos, a todas as expressões que significam a equidade e a liberdade de ser”.
A representante da FAO, Emma Siliprandi, vê com grande preocupação o recrudescimento da subalimentação verificado nos últimos anos. “Isso exige reafirmamos nosso compromisso e repensar o que precisa ser feito principalmente em relação às políticas públicas. A fome e a desnutrição são faces de uma mesma moeda, a pobreza".
Sistema linear e circular de produção
“O que é alimento?”. Com esse questionamento, a professora Harriet Friedmann começou a sua palestra “Paradoxo das transições: conectando mudanças incrementais com transformações profundas nos sistemas alimentares”.
Professora da Universidade de Toronto, no Canadá, Harriet comentou sobre os dois modelos atuais de produção de alimentos: o sistema linear e o sistema circular.
No sistema linear, segundo ela, o lucro é o objetivo único, por isso o foco que esse modelo dá à prática da monocultura. “Quando se fala em eficiência, as pessoas tratam apenas da produção por hectare, mas não se lembram da agressão que a monocultura acarreta”.
Ela exemplificou afirmando que uma lavoura mista de feijão, abóbora e milho – característica dos sistemas circulares – contribui para a proteção do solo e para a utilização eficiente da água.
“Morango, cacau, salsinha, abóbora. O mundo precisa de diversidade na produção dos alimentos. As pessoas não vivem só com arroz e milho”, finalizou a pesquisadora.
Programação
Nos três dias do encontro, os grupos debaterão os seguintes eixos temáticos:
GT 1: Direito Humano à Alimentação Adequada;
GT 2: Produção sustentável e processamento de alimentos;
GT 3: Abastecimento e consumo alimentar saudável;
GT 4:Efeitos da Insegurança Alimentar e Nutricional;
GT 5: Comida e cultura: os múltiplos olhares sobre a alimentação;
GT 6: A Construção da Pesquisa em SAN: avaliações, métodos e indicadores.
Conselheiros
O Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional está tendo a participação de vários conselheiros e ex-conselheiros do Consea.
O professor e integrante do Consea Irio Conti será um dos debatedores do grupo temático “Direito Humano à Alimentação Adequada. O conselheiro fará a palestra “Desafios à realização do direito humano à alimentação e nutrição adequadas no contexto brasileiro”.
“Governança em SAN: monitoramento e participação social” é o tema da palestra da médica sanitarista e conselheira Ana Maria Segall, no grupo temático “A Construção da Pesquisa em SAM: avaliações, métodos e indicadores”.
A nutricionista Daniela Frozi, conselheira do Consea, mediará as discussões do grupo temático “Comida e cultura: os múltiplos olhares sobre a alimentação”.
Fonte: Ascom/Consea