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Cidade gaúcha ganha prêmio de melhores práticas da agricultura familiar no Pnae
Imagem: FNDE
Em apenas dois anos, o município de Taquara (RS) fez uma mudança substancial no cardápio alimentar das 37 escolas da rede municipal de ensino, com a inclusão de itens da culinária regional e aproveitando a sazonalidade da produção local. Com isso, além de promover a saúde dos 6.680 alunos da cidade, a prefeitura impulsionou a agricultura familiar regional com um aumento no volume de compras de hortigranjeiros – que saltou de 46% em 2013 para 75% em 2015. E o percentual vem crescendo a cada ano.
Por conta dessa mudança, Taquara foi uma das 25 cidades premiadas na última terça-feira (3), pelo concurso Boas Práticas de Agricultura Familiar para a Alimentação Escolar, do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). “Por meio de uma articulação com os produtores da nossa região, fizemos um investimento grande pela participação da agricultura familiar na alimentação escolar, o que aumentou significativamente a qualidade das refeições”, conta o prefeito Tito Lívio Jaeger Filho, que recebeu o prêmio em Brasília.
“Unimos o útil ao agradável: direcionamos a produção do interior, elevamos a renda na área rural, qualificamos profissionais e aumentamos o consumo de comida saudável”, acrescenta Tito. Já a nutricionista Lilian Córdova Alves, da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes, revela que o prêmio, na categoria Cardápio, foi conquistado por meio de multi estratégias, tendo a agricultura familiar como parceira.
“Os principais obstáculos era a falta de preparo profissional das merendeiras em aproveitar melhor os alimentos; bem como dos professores em trabalhar com os alunos, em sala de aula, a questão da alimentação saudável, contribuindo para melhorar a aceitação de frutas, verduras e legumes na comida”, diz Lílian.
Para sanar o problema, a secretaria passou a oferecer capacitação permanente às 80 merendeiras da rede municipal de ensino, além de promover ações de educação ambiental aos professores, a fim de que eles pudessem incentivar os alunos a consumir alimentos saudáveis e auxiliá-los a desenvolver hortas nas escolas.
Qualidade dos alimentos
Em relação às merendeiras, as capacitações visaram esclarecer as características aceitáveis dos produtos da agricultura familiar, com o estabelecimento de critérios para a troca desses produtos. “Participamos de reuniões dos agricultores familiares junto à Secretaria de Agricultura do município e à Emater, para fazermos a interlocução entre as queixas das manipuladeiras de alimentos em relação aos gêneros recebidos, de forma a direcionar o assessoramento na produção e ajudar na solução dos problemas”, relembra Lílian.
Também foram organizadas formações sobre o Pnae, explicando às merendeiras sobre a importância de seguir o cardápio planejado pela nutricionista e de como executar as preparações da melhor maneira, resultando em maior aceitação pelos alunos. “Estamos desenvolvendo fichas técnicas de preparos, a fim de padronizar as receitas para todas as escolas”, acrescenta Lilian Córdova Alves.
Reconhecimento
Hoje a alimentação escolar do município de Taquara é reconhecida no Rio Grande do Sul por sua qualidade e variedade. Além do Prêmio Boas Práticas de Agricultura Familiar para a Alimentação Escolar, a cidade já recebeu destaque em jornais de circulação regional e nos meios de comunicação locais.
“Trabalhamos com cardápios que respeitam a sazonalidade da produção, pois o Setor de Alimentação Escolar mantém diálogo constante com a agricultura familiar, por meio de um representante. E, a partir desses debates, definimos a melhor forma de incluir, nas entregas às escolas, os alimentos da safra disponíveis, que têm maior quantidade e qualidade”, explica a nutricionista.
Ela acrescenta que o município também incentiva a diversidade na produção de alimentos como, por exemplo, o feijão preto que, até 2013, não era cultivado na região. A partir de 2014, passou a ser fornecido a todas as escolas pela agricultura familiar. “Nosso próximo passo é fomentar a produção orgânica de alimentos, oferecendo, por meio de parcerias, todo o suporte necessário aos agricultores”, conclui Lílian.
Fonte: Ascom/Consea