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Certificado garante confiabilidade de produtos orgânicos do Distrito Federal
Paulo José, produtor e vendedor de orgânicos.
Os produtores de Brasília estão se mobilizando para garantir que o consumidor saiba quais produtos são verdadeiramente orgânicos e de qualidade, livres de agrotóxicos. Para isso, criaram um Organismo Participativo de Conformidade Orgânica (Opac), um tipo de entidade que atua como certificadores de produtos orgânicos de verdade.
O diferencial neste processo, como sugere o nome, é que os próprios produtores se fiscalizam, de forma participativa. Há um envolvimento direto das partes interessadas, por meio de visitas às propriedades, auditorias e da interação dos produtores com um conselho interno, que emite um selo de garantia do produto sem fertilizantes sintéticos.
Paulo José Silva, conhecido como “seu Paulo”, produtor do Distrito Federal, possui o selo orgânico. Vende seus produtos às quartas-feiras e aos sábados na Feira Messiânica da 315/316 norte, em Brasília. Seu Paulo se preocupa com a garantia da qualidade dos alimentos, da produção à comercialização.
Ele ressalta as dificuldades de investir na produção orgânica: “Quando buscamos um financiamento, não conseguimos. Quando encontramos, os juros são altíssimos. Para investir na produção orgânica temos de tirar do próprio bolso”. E completa: “Nosso objetivo é garantir ao consumidor produtos de qualidade e livre de agrotóxicos”. Confira a entrevista:
Como é emitido o certificado orgânico?
Este certificado é obtido através do Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (Opac). Há um processo de auditoria e fiscalização, em que a entidade faz uma visita e avaliam a propriedade produtora. A partir desta auditoria, se tudo estiver dentro das condições exigidas, haverá a emissão do certificado orgânico.
De que forma é feita a auditoria?
A Opac funciona de maneira participativa, ou seja, o próprio produtor é quem fiscaliza o outro produtor. Há grupos que fazem visitas em pares aos locais de produção, oportunidade em que observam se as propriedades atendem aos critérios exigidos, como não-utilização de adubos químicos e, principalmente, se a produção é livre de agrotóxicos. Posteriormente, a comissão de verificação da própria Opac observa se estão corretas as informações coletadas pelo grupo da visita inicial. Caso os dados estejam corretos, o conselho aprova o produtor, que recebe um certificado de participação orgânica.
Há um grande apoio financeiro para produção de orgânicos?
Não. Infelizmente, ainda há uma falta de interesse. A indústria do veneno possui uma grande força. E mesmo que ainda exista um pouco de vontade no mercado, é muito difícil conseguir apoio para este tipo de produção. Quando vamos atrás de um financiamento, não conseguimos. E, quando encontramos, os juros são altíssimos. Infelizmente, para investir na produção orgânica, temos de tirar do próprio bolso.
Há quanto tempo o senhor trabalha com produtos orgânicos?
Plantar produtos orgânicos é algo que sempre fiz. Estamos há oito anos no mercado. Já possuímos duas certificações. O nosso grande objetivo é dar maior confiabilidade ao produtor e ao consumidor.
Entrevista: estagiário Nathan Victor, sob supervisão de Ivana Diniz
Fonte: Ascom/Consea