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Brasileiro está comendo menos feijão e ficando mais gordo, revela pesquisa Vigitel
Obesidade cresce 60% em 10 anos, passando de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, atingindo quase um em cada cinco brasileiros. Aumento ocorreu mesmo entre pessoas mais jovens, de 25 a 44 anos. Imagem: Ministério da Saúde
Pesquisa divulgada nesta segunda-feira (17), pelo Ministério da Saúde, revela o crescimento da obesidade no Brasil, mesmo entre pessoas mais jovens, de 25 a 44 anos. Em dez anos, a prevalência da obesidade no país passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, atingindo quase um em cada cinco brasileiros.
Os dados são da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). O resultado reflete entrevistas realizadas de fevereiro a dezembro de 2016 com 53.210 pessoas maiores de 18 anos em todas as capitais brasileiras. O sobrepeo cresceu mais entre os homens, saltando de 47,5% para 57,7% em dez anos. Entre mulheres, o índice subiu de 38,5% para 50,5%.
O levantamento também indica que o consumo de alimentos ultraprocessados e o sedentarismo estão impactando o avanço da obesidade e da prevalência de diabetes e hipertensão, doenças crônicas não-transmissíveis, aquelas que pioram a condição de vida do brasileiro e podem até matar. O diagnóstico médico de diabetes passou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016 e o de hipertensão, de 22,5% em 2006 para 25,7% em 2016. Em ambos os casos, o diagnóstico é mais prevalente em mulheres.
Brasileiro abandona as boas comidas tradicionais
A Pesquisa Vigitel revelou também uma mudança negativa no hábito alimentar da população. Trata-se de uma diminuição da ingestão de ingredientes considerados básicos e tradicionais na mesa do brasileiro. O consumo regular de feijão, por exemplo, diminuiu de 67,5% em 2012 para 61,3% em 2016. E apenas 1 entre 3 adultos consome frutas e hortaliças em cinco dias da semana.
Para o Ministério da Saúde, esse quadro mostra a transição alimentar no Brasil, que antes era a desnutrição e agora está entre os países que apresentam altas prevalências de obesidade.
Resultados por capitais, escolaridade e idade
A Pesquisa Vigital destaca a diferença entre excesso de peso, ou sobrepeso, e a obesidade. A pessoa com sobrepeso tem Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 25 quilos por metro quadrado (kg/m2). Enquanto a obesidade implica em IMC igual ou superior a 30 (kg/m2). Em dez anos, o excesso cresceu entre a população, passando de 42,6% em 2006 para 53,8% em 2016. Já é presente em mais da metade dos adultos que residem em capitais do país
Segundo o estudo, Rio Branco é a capital brasileira com maior prevalência de excesso de peso: 60,6 casos para cada 100 mil habitantes. Em seguida aparecem Campo Grande (58/100 mil habitantes), Recife, João Pessoa e Natal (56,6/100 mil habitantes) e Fortaleza (56,5/100 mil habitantes). De outro lado, Palmas é a capital brasileira com a menor prevalência de excesso de peso (47,7/100 mil habitantes).
A amostragem aponta ainda que, no Brasil, o indicador de excesso de peso aumenta com a idade e entre os que têm menor escolaridade. Em pessoas com idade entre 18 e 24 anos, por exemplo, o índice é de 30,3%. Já entre os pesquisados de 35 a 44 anos, o índice é de 61,1% e, entre os com idade de 55 a 64 anos, o número chega a 62,4%. Na população com 65 anos ou mais, o índice é de 57,7%.
Em relação à escolaridade, 59,2% das pessoas que têm até oito anos de apresentam excesso de peso. O percentual cai para 53,3% entre os brasileiros com nove a 11 anos de estudo e para 48,8% entre os que têm 12 ou mais anos de estudo.
Obesidade
A obesidade aumenta com o avanço da idade. Mas mesmo entre os mais jovens, de 25 a 44 anos, atinge indicador alto: 17%. A prevalência da obesidade, de acordo com os dados, duplica a partir dos 25 anos de idade e é também é maior entre os que apresentam menor escolaridade.
Nas pessoas com idade entre 18 e 24 anos, por exemplo, o índice é de 8,5%. Entre brasileiros de 35 a 44 anos, o índice é de 22,5% e, entre os com idade de 55 a 64 anos, o número chega a 22,9%. Na população com 65 anos ou mais, o índice é de 20,3%.
Em relação à escolaridade, os que têm até oito anos de estudo apresentam índice de obesidade de 23,5%. O percentual cai para 18,3% entre os brasileiros com nove a 11 anos de estudo e para 14,9% entre os que têm 12 ou mais anos de estudo.
Mudanças positivas
Entre as mudanças positivas nos hábitos identificados na pesquisa está a redução do consumo regular de refrigerante ou suco artificial. Em 2007, o indicador era de 30,9% e, em 2016 foi 16,5%.
A população com mais de 18 anos também está praticando mais atividade física no tempo livre. Em 2009, 30,3% da população fazia exercícios por pelo menos 150 minutos por semana, já em 2016 a prevalência foi de 37,6%. Nas faixas etárias pesquisadas, os jovens de 18 a 24 anos são os que mais praticam atividades físicas no tempo livre.
Medidas pela alimentação saudável
O Brasil tem adotado diversas medidas de incentivo a uma alimentação saudável e balanceada e a prática de atividades físicas. Uma portaria publicada recentemente proibiu a venda, promoção, publicidade ou propaganda de alimentos industrializados ultraprocessados com excesso de açúcar, gordura e sódio e prontos para o consumo dentro das dependências do Ministério da Saúde.
A pasta também participou da assinatura da portaria de Diretrizes de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável nos Serviço Público Federal. Sugerida pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, a diretriz orienta formas da alimentação adequada e saudável nos ambientes de trabalho do serviço público federal. Além disso, constrói uma campanha pela adoção de hábitos saudáveis chamada Saúde Brasil.
O Brasil adotou ainda metas internacionais para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no país. Durante o Encontro Regional para Enfrentamento da Obesidade Infantil, realizado em março em Brasília, o país assumiu como compromisso deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019, por meio de políticas intersetoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional; reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta, até 2019; e ampliar em no mínimo de 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.
Outra ação importante para a promoção da alimentação saudável foi a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. Reconhecida mundialmente pela abordagem integral da promoção à nutrição adequada, a publicação orienta a população com recomendações sobre alimentação saudável e consumo de alimentos in natura ou minimamente processados.
Fonte: Ascom/Consea com dados da Pesquisa Vigitel