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Brasil tem 16 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, alerta Oxfam
Apenas 6 pessoas no Brasil possuem riqueza igual ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres. E os 5% mais ricos detêm uma fatia de renda equivalente àquela dos demais 95%, diz relatório "A Distância que nos Une". Imagem: Oxfam Brasil
No mundo, há oito pessoas que detêm patrimônio equivalente ao da metade mais pobre da população. Ao mesmo tempo, mais de 700 milhões vivem com menos de US$ 1,90 por dia. No Brasil, apenas seis pessoas possuem riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres. E mais: os 5% mais ricos detêm uma fatia de renda equivalente àquela dos demais 95%. Os números constam do relatório “A distância que nos Une: um retrato da desigualdade brasileira”, da Oxfam. A organização não-governamental que possui 20 unidades em 94 países, onde atuam pela redução da pobreza, erradicação da fome e das desigualdades.
“O Brasil permanece um dos piores países do mundo em matéria de desigualdade de renda e abriga mais de 16 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. A tendência recente é ainda mais preocupante, com projeções do Banco Mundial de até 3,6 milhões a mais de pobres até o final de 201721. Isto mostra que nossas conquistas nesse campo não estão consolidadas”, alerta o documento.
Desafios
O texto usa esses dados para embasar o que chama de “encruzilhada brasileira”: as ameaças de reversão dos avanços sociais conquistados pelo Brasil nas últimas décadas. “Entre 1988 – ano em que foi promulgada a Constituição – e 2015, o país reduziu de 37% para menos de 10% a parcela de população abaixo da linha da pobreza. Considerando os últimos 15 anos, o Brasil retirou da pobreza mais de 28 milhões de pessoas, ao mesmo tempo em que a grande concentração de renda no topo se manteve estável”, lembra a Oxfam.
Acrescenta que o índice de Gini para a renda dos brasileiros – indicador que mede a distribuição de renda na população e que varia de 0 a 1, sendo mais desigual quanto mais próximo de 1 – teve uma queda de 16%, caindo de 0,616 para 0,515 desde 1988. Nesse período, também houve importante expansão de diversos serviços essenciais e a notável universalização do acesso à educação básica. “Fatores que contribuíram para este quadro incluem a estabilização da economia e da inflação, o aumento real do salário mínimo e da formalização do mercado de trabalho, o aumento do gasto social em educação e em programas de transferência direta de recursos”.
Persistem, no entanto, adverte o relatório, desafios estruturais ligados à redistribuição de renda e riqueza no País, como o estabelecimento de uma política tributária justa, a melhoria da qualidade de serviços públicos, a reversão da concentração fundiária, além da inclusão educacional de adolescentes e jovens em idade universitária (sobretudo jovens negros) – entre outros. E conclui que o atual contexto de crise joga contra esses necessários avanços. “A crise fiscal em que o Brasil entrou entre 2014 e 2015 criou espaço político para mudanças radicais”, enfatiza.
Leia o relatório completo no link: https://www.oxfam.org.br/sites/default/files/arquivos/Relatorio_A_distancia_que_nos_une.pdf
Fonte: Ascom/Consea com informações da Oxfam Brasil