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Anvisa quer que rótulos de alimentos sejam mais claros
Quem olha a embalagem de um produto alimentício consegue saber se ele tem muito açúcar ou excesso de gordura? Será que, entre dois produtos, o consumidor sabe identificar o que é mais saudável e o que é menos?
Estas e outras questões foram levantadas em reportagem publicada pelo jornal O Globo no último dia 11 de setembro. O diário informou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pretende, em breve, tornar a leitura dos rótulos mais simples e mais claros.
A reportagem informa que há um processo de discussões em andamento, promovido pela agência reguladora. De acordo com a matéria, “vários modelos de rotulagem estão sendo estudados”. Entre eles estariam um modelo desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
O Globo informa que a Anvisa tem contado com a participação de representantes da área de saúde, da academia, da indústria e de órgãos de defesa do consumidor. “Toda essa discussão tem como pano de fundo o fato de, hoje, mais da metade da população [adulta] brasileira estar com excesso de peso (53,8%), segundo dados do Ministério da Saúde”, diz o jornal.
A mudança dos rótulos de alimentos, segundo a Anvisa, é uma prioridade. No entanto, ainda não foi batido o martelo sobre quando o novo padrão de rotulagem deve ser implementado. As regras para rotulagem já têm cerca de 15 anos — resolução 259/2002 e 360/2003. Desde então, diz a agência, o cenário epidemiológico brasileiro mudou, assim como aumentaram a oferta e o consumo de alimentos industrializados.
A nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto, que também é conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), foi uma das fontes ouvidas pela reportagem e defendeu a rotulagem frontal. “O objetivo principal da rotulagem frontal é permitir ao consumidor fazer escolhas alimentares mais saudáveis e identificar com facilidade os alimentos que deve evitar”, disse ela ao jornal.
A proposta do Idec consiste em triângulos pretos com a borda branca para que a informação se destaque na frente da embalagem. A informação frontal também é defendida pela Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), que participa de grupos de trabalho na Anvisa.
“Os primeiros modelos de rotulagem nutricional frontal foram adotados no fim dos anos 1980 e estão em plena proliferação pelo mundo. A adoção no Brasil representaria uma evolução na regulação”, diz Carolina Chaves, diretora da Asbran.
Paula Johns, diretora executiva da ACT Promoção da Saúde (ONG voltada ao controle do tabagismo e doenças crônicas), reforça que mudar o modelo é urgente, pois as pessoas simplesmente não entendem os rótulos. “Muitos rótulos trazem, na parte frontal, uma série de alegações enganosas, inclusive de que os produtos fazem bem à saúde. Por isso, advertências frontais e de fácil identificação são fundamentais para contermos a transição de padrão alimentar que estamos vivenciando no Brasil e em outros países do Hemisfério Sul”.
O movimento “Põe no Rótulo”, que lutou para a inclusão de informações sobre alergênicos nas embalagens, reforça que a padronização do modo de exibir as informações permite comparar em pé de igualdade os produtos no mercado.
“O modelo de rotulagem frontal, adotado no Chile desde 2016, tem se mostrado uma boa maneira de permitir que o consumidor separe o que é publicidade, como light, fit, integral, do que realmente está contido no produto”, afirma Fernanda Mainier Hack, coordenadora do movimento.
Fonte: Idec e O Globo