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Agricultora familiar defende continuidade do PAA
Rita Maria Santana é agricultora familiar em Ilhéus (BA). Imagem: Consea
“É honra mexer com a terra. É honra plantar e ter o alimento saudável na minha mesa. Eu posso alimentar também e contribuir com a saúde de muitos, plantando sem agrotóxicos, levando um produto puro para a mesa do consumidor. E eu vejo a minha família trabalhando comigo, tendo uma vida digna.” O depoimento emocionado é da agricultora familiar Rita Maria Santana, de Ilhéus (BA). Filha de agricultores, criada no campo em uma época em que não havia energia elétrica nem água encanada, começou ainda criança na roça com os pais e mais onze irmãos.
A produtora rural estudou até o nono ano do Ensino Fundamental, antiga oitava série. Aos 22 anos, deixou o campo e tentou a vida em São Paulo (SP). Cinco anos depois, acabou voltando para o campo. “Agricultura estava no meu sangue e eu não poderia permanecer na cidade grande”, conta Rita Maria.
Hoje, aos 44 anos, junto com o marido e os filhos, cultiva em uma área de quatro hectares. A preocupação de Rita com o meio ambiente fez com que o quinto hectare de terra da família fosse transformado em reserva legal para preservar uma nascente. Parte da produção é vendida na feira e outra parte é repassada através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “Quando nós pegamos o primeiro dinheiro do PAA foi um sonho porque para quem leva os produtos para a feira, às vezes não vende tudo, vai no outro dia tentar vender. E no PAA, a gente chega lá, entrega o nosso produto, eles recebem e, no final do mês, o dinheiro está na conta, sempre certinho”, explica a agricultora.
Diante de representantes da sociedade civil e do governo, reunidos na Plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em Brasília (DF), nesta quarta-feira (27), a pequena produtora rural fez um apelo para que os programas de compras públicas sejam mantidos. “Lutem por nós, não deixem o Pnae [Programa Nacional de Alimentação Escolar] e o PAA acabarem”, disse a agricultora ao dar início ao debate sobre “Agricultura Familiar e Compras Públicas”.
Segundo ela, a preocupação com a possível descontinuidade dos programas de compras públicas resultou dos cortes no orçamento federal. Explicou que, no início do ano, o governo anunciou uma redução de cerca de 30% em relação ao ano anterior. Desde a criação do programa em 2003, parte dos alimentos é adquirido pelo governo diretamente dos agricultores familiares, assentados da reforma agrária, comunidades indígenas e demais povos e comunidades tradicionais, para a formação de estoques estratégicos e distribuição à população em maior vulnerabilidade social.
De acordo com o secretário Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Caio Rocha, o programa sofreu um contingenciamento de 173 milhões, mas o MDS está trabalhando para dar continuidade ao programa. “Não tem final de PAA”, garantiu ele.
Fonte: Ascom/Consea