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Seminário Segurança Alimentar em Sergipe debate clima, agricultura e escassez de alimentos
Professora Silvia Maria Voci, coordenadora do Observatório de Segurança Alimentar e Nutricional do estado de Sergipe apresentou cenários mais prováveis para o setor em 15 a 20 anos. Imagem: Governo de Sergipe
Como parte da programação comemorativa ao Dia Mundial da Alimentação, celebrado no último dia 16 de outubro, o Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consean) de Sergipe realizou no dia 18 de outubro, juntamente com o a Secretaria de Estado da Mulher, Inclusão e Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos (Seidh), um seminário que abordou os temas “Mudanças climáticas: uma ameaça à agricultura e à Segurança Alimentar”; “Saúde e Segurança Alimentar: a questão dos à questão dos Agrotóxicos”; e “Fome: Flagelo da humanidade”.
O Dia Mundial da Alimentação neste ano teve como mote “O clima está mudando. A alimentação e a agricultura também”. Portanto, as atividades procuraram abordar temas ligados ao fato de que, com o crescimento da população mundial, os sistemas agrícolas e alimentares terão que se adaptar aos efeitos adversos das alterações climáticas e tornarem-se mais resistentes, produtivos e sustentáveis. Para os pesquisadores da área, essa a única maneira de garantir o bem estar dos ecossistemas e da população rural é reduzir as emissões.
O seminário teve o objetivo de fomentar debate sobre mudanças climáticas, consumo e a escassez de alimentos entre os profissionais e a sociedade civil. Instituições governamentais e não governamentais, e estudantes dos cursos de Agronomia, Engenharia de Alimentos e Nutrição que trabalham na promoção de segurança alimentar e atuam na defesa do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), participaram do evento.
A estudante de nutrição Alissa Dias ressaltou que o evento trouxe novidades para os alunos. “Despertamos a consciência de que o nosso clima está mudando, e, consequentemente, isso influencia na alimentação, já que existe o fenômeno da escassez. É importante fazermos parte desse processo, já que somos responsáveis por essa área, e podemos ajudar a sociedade”.
Para Décio Santos, também estudante de Nutrição, toda mudança causa impacto e isso pode trazer prejuízo para a população. “Apesar de sermos um país muito rico na produção de alimentos, existem algumas barreiras a serem enfrentadas. Isso pode gerar problemas maiores na alimentação e essa conscientização é essencial para sabermos que podemos realizar mudanças no trabalho voltado para os alimentos, assim como nos hábitos”, afirmou.
Alimentos saudáveis
Uma das formas de cultivar alimentos de forma sustentável é usar recursos naturais de forma criteriosa e adotar práticas que produzam mais com menos subsídios. Também é uma maneira de reduzir a perda de alimentos antes da fase de produção final ou da venda ao varejo, através de uma série de iniciativas, incluindo melhor colheita, armazenamento, embalagem, transporte, infraestrutura e mecanismos de mercado, além dos quadros institucionais e legais.
A primeira nutricionista a chegar a Sergipe, Silvina Maria Fraga, defende a prática. “Temos que nos unir e promover cursos para os agricultores, bem como fiscalizar os trabalhos na lavoura para que todos os trabalhos agricultura familiar se transformem em produção orgânica.
De acordo com a diretora de Segurança Alimentar e Nutricional da Seidh, Lucileide Rodrigues, cada cidadão tem um papel a desempenhar na mitigação dos efeitos da mudança climática. “É preciso investir nos pequenos agricultores, na agricultura familiar e no aumento sustentável da produção de alimentos, mas também há uma série de ações que podem ajudar. As pessoas precisam fazer a sua parte, sendo consumidores conscientes e mudando decisões, a exemplo do combate ao desperdício e a ingestão de menos carnes e mais vegetais nutritivos”, pontuou a engenheira de alimentos.
Agricultura orgânica e mudança de hábitos
Ao ministrar a palestra ‘O clima está mudando. A alimentação e a agricultura também’, a professora e coordenadora do Observatório de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado de Sergipe, Sílvia Maria Voci, afirmou que o seminário aconteceu em um momento oportuno, já que a sociedade testemunha um momento de grande discussão das políticas públicas voltadas para uma alimentação saudável, com acesso a alimentos menos processados, que vão de encontro a todas as mudanças que a população pode sofrer. “Apresentei o panorama desse setor daqui a quinze e vinte anos, além de orientar sobre alguns hábitos. Esses eventos estimulam as pessoas, para que as mesmas repensem seus padrões de consumo, bem como os gestores, para que os menores produtores fortaleçam seu ofício”, destacou.
Ainda de acordo com Sílvia Voci, o último senso, realizado em 2006, apontou que, do total de estabelecimentos agropecuários existentes no país, apenas 2% tinham produção orgânica de alimentos. “Mesmo após 10 anos, os modos de produção orgânica ainda são muito incipientes frente à demanda que a população necessita”. Questionada sobre doenças crônicas de obesidade ocasionadas pelos maus hábitos, ela afirmou que “a população está passando de um padrão de doença perencial para crônica, justamente porque as pessoas estão se descuidando do seu estilo de vida, da alimentação e praticando menos atividade física, além de optar por alimentos industrializados, com alto grau de processamento, em detrimento dos mantimentos in natura”.
Ano dos Feijões
Declarado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (ONU/FAO), este ano foi designado como o “Ano Internacional dos Feijões – 2016”. Segundo o presidente do Consean, Gil Marcos Carvalho, com o avanço da monocultura da soja, da cana-de-açúcar e do café, para exportação, muitas áreas produtivas para o cultivo do feijão foram retiradas para dar espaço a outros produtos.
Além disso, a seca assolou grande parte do Nordeste e outras regiões do país. “Falta incentivo na produção de feijão, que é um alimento básico na mesa do brasileiro. Então isso gerou a crise dos feijões, que também é cultivado por pequenos agricultores. O homem está prejudicando a natureza e, se algo não for feito, teremos uma escassez na produção. Por isso precisamos convidar o poder público para debater essas problemáticas”, enfatizou.
Fonte: Governo de Sergipe