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Pesquisadores abordam no Conbran "a verdade sobre o que comemos"
Palestrantes criticaram liberação de organismos geneticamente modificados (alimentos transgênicos), o projeto que propõe extinguir rotulagem deles (tirando o T das embalagens) e a proposta de mudar nome "agrotóxico" para "produto fitossanitário". Foto: Marcelo Torres/Consea
Uma das mesas redondas desta quinta-feira (27), no 24º Congresso Brasileiro de Nutrição (Conbran), teve como título "A verdade sobre o que comemos". A atividade, que foi mediada pela presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Maria Emília Pacheco, teve como palestrantes os professores Leonardo Melgarejo, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que falou sobre alimentos transgênicos; e Juliana Casemiro, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que abordou biofortificação de alimentos.
Em sua apresentação de 30 minutos, o professor Melgarejo criticou a liberação de organismos geneticamente modificados (OGMs), os chamados alimentos transgênicos. Neste sentido, ele condenou um projeto em tramitação no Congresso Nacional que pretende acabar a rotulagem dos produtos transgênicos (tirando o T das embalagens) e a proposta que pretende mudar o nome "agrotóxico" por "produto fitossanitário". De acordo com o pesquisador, as pessoas precisam saber a verdade sobre o que estão comendo.
"A bióloga marinha Rachel Carlson, autora do livro Primavera Silenciosa, sobre os impactos dos agrotóxicos, disse que a obrigação [que temos] de suportar o que estamos comendo nos dá o direito de saber o que estamos comendo", comparou ele. "Na literatura mundial sobre o assunto, não existe consenso quanto à segurança dos organismos geneticamente modificados para a saúde humana e animal", afirmou ele, que é engenheiro agrônomo, doutor em engenharia de produção, ex-integrante da Comissão Técnica Nacional de Biotecnologia (CTNBio) e um dos autores do livro "Lavouras Transgênicas" .
Na sua fala, também de 30 minutos, a professora Juliana Casemiro criticou a chamada "biofortificação de alimentos", destacando os potenciais impactos sobre a soberania e segurança alimentar e nutricional. "O destino das nações depende da forma como elas se alimentam", disse ela, que é integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), doutora em Educação em Ciência e Saúde pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A professora explicou que a chamada "biofortificação de sementes" é a "manipulação de plantas, destinada a aumentar o conteúdo de micronutrientes". Na apresentação, ela mostrou que "a pesquisa e as intervenções neste campo têm avançado sem o debate público, com negociações entre consórcios internacionais privados de pesquisas em parceria com universidades brasileiras e o Estado". A professora citou uma publicação do FBSSAN sobre ameaças e controvérsias em torno do assunto.
Segundo o estudo publicado pela entidade, "a tecnologia para alterar artificialmente o teor de nutrientes dos alimentos é um tema que confronta o debate da nutrição com a biodiversidade, evidenciando a importância de compreender e se aproximar dos saberes tradicionais, através da construção coletiva de conhecimentos e do diálogo de saberes, com seus múltiplos sentidos, identidades e territórios”.
Clique aqui para a publicação do FBSSAN sobre biofortificação de alimentos.
Clique aqui para a publicação "Lavouras Transgênicas".
Fonte: Ascom/Consea