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Pesquisa revela que sobrepeso pode estar ligado a mais tipos de câncer do que se pensava
Há evidências suficientes de que pessoas magras têm menos risco de desenvolver câncer de fígado, vesícula biliar, pâncreas, ovário, tireóide e mieloma, entre outros. Imagem: PUCRS
Uma nova avaliação realizada pelo programa de prevenção da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (Larc) concluiu que o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para mais tipos de câncer do que se imaginava. Um resumo dos resultados foi divulgado no New England Journal of Medicine, uma publicação científica da área de medicina, no dia 25 de agosto.
Um grupo de trabalho de 21 especialistas internacionais reunidos pelo Larc avaliou mais de mil estudos de diversos tipos, incluindo aqueles sobre os mecanismos ligando o excesso de gordura corporal ao câncer. Segundo a principal autora do novo artigo, Béatrice Lauby-Secretan, esta "avaliação abrangente reforça os benefícios de manter um peso saudável para reduzir o risco de diferentes tipos de câncer".
Os especialistas confirmaram pesquisas anteriores de manuais do Larc, setor especializado da Organização Mundial da Saúde, OMS, de que a ausência do excesso de gordura corporal reduz o risco de câncer de cólon e reto, esôfago, rim, mama em mulheres após a menopausa, endométrio e útero.
Além disso, a revisão dos estudos disponíveis para adultos de meia idade mostrou que há "evidências suficientes" em humanos de que pessoas magras tem menos risco de câncer de fígado, vesícula biliar, pâncreas, ovário, tireóide e mieloma, entre outros.
Segundo o Larc, há também "evidência limitada" de que a falta de gordura corporal em excesso reduza o risco de câncer fatal de próstata, de mama em homens e linfoma difuso de grandes células B.
O grupo de trabalho também revisou dados relacionados à gordura corporal em crianças, adolescentes e jovens adultos, com idade até 25 anos. O objetivo era avaliar se a obesidade no início da vida está ligada ao câncer na vida adulta. Para diversos tipos da doença, incluindo de cólon e fígado, foram observadas associações entre excesso de peso e câncer semelhantes aos registrados em adultos.
De acordo com o Larc, é reconhecido que o sobprepeso em animais usados em experimentos aumenta a incidência de diversos tipos de câncer. Estudos nesses animais mostrou que restrições calóricas ou alimentares reduzem o risco de câncer na glândula mamária e pituitária, cólon, fígado, pâncreas e pele.
A gordura corporal é avaliada principalmente pelo índice de massa corporal, definida pelo peso de uma pessoa em quilos divido pelo quadrado de uma altura em metros.
Em adultos, o sobrepeso é definido pelo índice igual ou maior a 25 e obesidade igual ou maior a 30.
Em todo o mundo, cerca de 640 milhões de adultos eram obesos em 2014, um aumento de seis vezes deste 1975, e 110 milhões de crianças e adolescentes eram obesos em 2013, o dobro desde 1980. Estimativas de 2014 eram de que 10,8% dos homens, 14,9% das mulheres e 5% das crianças sofriam de obesidade. Em todo o mundo, mais pessoas estão nessa situação do que abaixo do peso.
Segundo o Larc, em 2013, cálculos são de que 4,5 milhões de mortes tenham sido ligadas ao sobrepeso ou à obesidade. O órgão ressalta que a identificação de novos tipos de câncer relacionados ao excesso de peso deve aumentar o número de mortes em todo o mundo atribuídas à obesidade.
Para o diretor do Larc, Christopher Wild, as novas evidências "enfatizam o quão importante" é encontrar formas eficazes, tanto individualmente como as sociedades, de implementar as recomendações da OMS sobre a melhora de padrões alimentares e de atividade física para combater "o fardo do câncer e outras doenças crônicas".
Fonte: Rádio ONU