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Pesquisa mostra presença de agrotóxicos em alimentação escolar no Rio de Janeiro
Uma pesquisa realizada pelo Greenpeace Brasil, no município do Rio de Janeiro, revela que em 20 amostras de alimentos usados na alimentação escolar foram encontrados agrotóxicos em 60% deles. A informação foi publicada na edição desta segunda-feira do jornal O Globo.
Para realizar a pesquisa inédita, a ONG adquiriu 40 quilograma de comida de um fornecedor da rede de ensino carioca. “Na avaliação dos produtos, foram encontrados agrotóxicos em 60% das 20 amostras. E 45% apresentaram alguma irregularidade, como a presença de um pesticida proibido no Brasil, o metamidofós, que foi verificado em 10% das amostras”.
De acordo com o jornal, o Rio foi o “laboratório” escolhido porque, segundo dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) pesquisados pelo Greenpeace, a prefeitura não destinou nenhuma verba do Plano Nacional de Alimentação Escolar para agricultura familiar em 2014, descumprindo a legislação, que determina que pelo menos 30% seja da agricultura familiar.
“Os resultados que encontramos foram espantosos”, aponta Rafael Cruz, membro do Greenpeace Brasil. “O que o levantamento revela é uma falta de controle, e as propostas que tramitam atualmente no Congresso vão potencializar esse cenário”, afirma ele, em referência a propostas na Câmara dos Deputados para alterar a atual Lei dos Agrotóxicos.
“Não é incomum encontrar o uso de substâncias proibidas no Brasil. Esta realidade que se mostra nas escolas é a mesma nos supermercados e restaurantes do país, com cerca de um terço dos alimentos impróprios. Se os agrotóxicos têm sido associados a alterações hormonais e efeitos crônicos, nas crianças isto se agrava, porque o organismo ainda está em desenvolvimento”, afirma Karen Friedrich, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e membro da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
Segundo o Greenpeace Brasil, apenas duas capitais brasileiras têm legislação para a transição para merenda escolar orgânica: São Paulo e Porto Alegre. Para as eleições municipais deste ano, a ONG elegeu a alimentação como uma das três prioridades na pressão a candidatos, e vem buscando o compromisso deles com propostas como a garantia de comida sem agrotóxicos para os alunos.
O jornal publicou também a resposta da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, que rebateu os dados apresentados pelo Greenpeace Brasil. Em nota, a secretaria informou possuir um projeto em conjunto com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para fornecimento de produtos orgânicos da agricultura familiar para a rede municipal de ensino, um projeto assinado com a União das Associações e Cooperativas de Pequenos Produtores Rurais do Estado do Rio. Informou ainda que está ampliando seu trabalho em conjunto com outros órgãos/instituições com o objetivo de adquirir gêneros alimentícios da agricultura familiar. “Especificamente no ano de 2014 foi realizada uma chamada pública para o fornecimento desses itens, porém, não houve interessados”, informou a secretaria ao jornal.
Posição do Consea
O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) defende que pelo menos 30% dos produtos da alimentação escolar tenham origem na agricultura familiar, conforme prevê a legislação. A medida movimenta a economia regional, gera renda para pequenos produtores e melhora a qualidade dos alimentos consumidos no ambiente escolar, com produtos livres de transgênicos e agrotóxicos.
O Consea também defende a proibição, no Brasil, dos agrotóxicos banidos em outros países. Na 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada em novembro do ano passado, em Brasília, os conferencistas aprovaram diversas propostas sobre o assunto, como a implantação, pelo governo federal, do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara).
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Fonte: Ascom/Consea, com informações de O Globo