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Hortas em transição agroecológica garantem o sustento de produtores rurais no Pantanal
Agricultores de assentamento em MS aprimoram plantios livres de produtos químicos. Imagem: Embrapa
Na nova edição da Feira de Produtos em Transição Agroecológica, realizada na Embrapa Pantanal em Corumbá (MS), as vendas começaram cedo na manhã desta terça-(8). Segundo os organizadores, assim que os primeiros produtos foram expostos, quase tudo foi vendido. "A gente está atendendo a uma reivindicação antiga dos funcionários da unidade, que é trazer para cá os alimentos agroecológicos que estimulamos os agricultores a produzir nos assentamentos", diz o pesquisador Alberto Feiden, da Embrapa Pantanal.
Ele e Edgar da Costa, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, orientam atualmente o trabalho do coletivo conhecido como "Grupo Bem-Estar" – formado por famílias do Assentamento 72, em Ladário (MS), que relatam com orgulho sua jornada na agroecologia.
Felipe Cristaldo, um dos produtores do grupo, conta que não foi fácil começar o trabalho, já que havia pouca estrutura nos sítios (principalmente no que diz respeito ao preparo das terras e irrigação). Além de encontrar maneiras de prover água para as culturas e protegê-las do sol forte da região, por exemplo, os agricultores adquiriram conhecimento para produzir sem agrotóxicos, adubos químicos ou sementes transgênicas.
"Na época, não produzíamos nada. Faltava água. Quando começamos a trabalhar em grupo, vimos que a nossa vida foi melhorando. Antes, a gente vivia da venda do leite. Chegava o tempo da seca e a gente passava até necessidade porque não tinha outra fonte de renda. Hoje, não. Hoje, a nossa vida mudou bastante", relata.
Seu Luiz do Espírito Santo também ajudou a iniciar o processo de transição para a horta agroecológica no assentamento. Hoje, a realização de plantios estratégicos, que consideram a realidade do consumidor, rendeu a ele e a outros produtores a tão desejada estabilidade financeira. "Eu trabalho com variedade. Tem mês em que eu planto quiabo, milho verde... depende do que não tem no mercado".
A agricultora Jolvania de Souza também tem suas preferências de plantio: "hortaliças folhosas. Cheiro verde, alface, rúcula... tudo o que a gente leva na feira, a gente vende", conta, sorrindo. Ramon Pires, que lidera o grupo atualmente, ressalta: "Nós temos verduras, ervas medicinais, temos de tudo. Nosso trabalho lá é difícil, mas a gente vai vencendo. O negócio é continuar", garante ela.
No Assentamento 72, Alberto e Edgar aplicaram uma metodologia conhecida como ´pesquisa em meio real´. "Trabalhamos nas condições dos agricultores, em um sistema de pesquisa participativa. A gente quebra um pouco essa ideia de que a informação precisa de um projeto de extensão para chegar até o campo. Passamos por essas etapas juntos e, com a feira, estamos indo para um outro estágio – o de levar os produtos para o consumidor final", destaca.
As parcerias com outras instituições também foram fundamentais, completa o pesquisador. "Principalmente com a UFMS, mas também temos uma parceria forte com a Agência Estadual de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) e com a Prefeitura Municipal de Ladário através da Fundação de Meio Ambiente. Contamos, ainda, com o apoio do Sebrae, do Senar e outros parceiros".
Exposição
Os produtos em transição agroecológica do Grupo Bem-Estar são expostos semanalmente na feira livre realizada em Ladário, às quartas e sábados, e todas as terças na UFMS desde maio deste ano. O professor Edgar fala com carinho da trajetória dos agricultores do Assentamento 72, que encontraram na agroecologia uma forma de gerar renda e fortalecer a autoestima dos trabalhadores rurais da região.
"Eles não conseguiam falar em público. Hoje, a gente observa que o grupo participa, pede a palavra e fala com muito orgulho das suas conquistas. Eles saíram de uma condição de parca produção para uma situação de evidência na cidade por produzir saúde – e ganhar dinheiro com isso", afirma. "Esses canais são bastante importantes para que a cidade possa comprar alimentos seguros e para que os agricultores possam vendê-los".
Na Embrapa Pantanal, a Feira de Produtos em Transição Agroecológica será realizada durante o período da manhã na primeira sexta-feira de cada mês. A ação é aberta ao público.
Fonte: Embrapa