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Entidades entregam proposta para reduzir uso de agrotóxicos ao presidente da Câmara
Conselheiro Marcos Rochinski, daContraf: é preciso alertar sociedade sobre o que está acontecendo no Congresso com PLs 3200 e 6299, que flexibilizam aprovação de novos agrotóxicos. Imagem: Ivana Diniz/Consea
Organizações que compõem a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, juntamente com parlamentares que apoiam a luta pela agroecologia, entregaram nesta terça-feira (8), ao presidente da Câmara Rodrigo Maia, uma sugestão de projeto de lei que institui o Programa Nacional de Redução no Uso de Agrotóxicos (Pnara). A proposta havia sido protocolada pouco antes, junto à Comissão de Legislação Participativa (CLP), da Câmara dos Deputados.
Em entrevista coletiva no Salão Verde, após o ato simbólico da entrega, os representantes da campanha reforçaram a preocupação com os Projetos de Lei 3200 e 6299, que flexibilizam a aprovação de novos produtos químicos, comprometendo ainda mais a qualidade de vida da população.
“Não adianta o país produzir muito alimento e desgastar a saúde de sua população. Jogar brasileiros de todas as idades a sobrecarregar o sistema de saúde, para depois tentar minimizar os efeitos adversos da ingestão exagerada de agrotóxicos”, alertou Geraldo Lucchese, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que subscreveu a proposta, ao lado de 15 entidades da sociedade civil, entre elas o Greenpeace.
“Por isso consideramos esse movimento e esse projeto de capital importância. Esperamos que o parlamento dê uma resposta à sociedade, àqueles que estão preocupados com essas substâncias. O problema não afeta apenas o ambiente, mas afeta a saúde dos brasileiros”, acrescentou.
Segundo a agrônoma Marina Lacorte, membro da Campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace, o Brasil é o campeão mundial no uso de agrotóxicos, segundo dados de 2008 do próprio Ministério da Agricultura. Além disso, de acordo com dados da Abrasco, dos 50 agrotóxicos mais utilizados no território nacional, mais de 20 já são proibidos em outros países. “O órgão internacional para isso não é eficiente, porque cada país tem a sua regulamentação, Há países mais restritivos e outros mais permissivos, como nós”, afirmou.
A entidade foi representada também por Rafael Cruz, coordenador da campanha de agricultura do Greenpeace. “O que se faz hoje com agrotóxicos no Brasil é abusivo. Uma pesquisa Ibope que fizemos recentemente mostra que mais de 80% dos brasileiros acredita que se aplica agrotóxicos em demasia nas plantações, lavoura, no plantio de alimentos no Brasil. Se a opinião pública é contra, por que esta Casa será a favor, já que representa o povo? Nossa proposta é chega de agrotóxicos, Pnara já”, destacou Rafael durante a entrevista coletiva.
Para o conselheiro Marcos Rochinski, coordenador-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Contraf) que participou do evento, é preciso alertar a sociedade sobre o que está acontecendo no Congresso. “A partir do momento que a gente for fazendo campanhas e mostrando à sociedade o que é efetivamente alimento puro e o que é um alimento com agrotóxico, a população vai criar consciência. Outro mecanismo de fundamental importância é discutir o tema nas escolas. Quando é que o controle do tabaco começou a chegar na sociedade? Quando começou a ser debatido dentro das escolas”.
Rochinski está convencido de existem hoje todas as condições de o país suprir a necessidade de alimentos da população sem agrotóxicos. “Esse potencial que temos na agricultura familiar, por exemplo. Se você ver, 70% dos alimentos que compõem a cesta básica brasileira não dependem de agrotóxico. Se nós tivermos um projeto de nação que aponte, que rume para a substituição de técnicas agrícolas, hoje baseadas em agroquímicos, por outras sem esses produtos, não tenho dúvidas que possuímos a capacidade para produzir o suficiente, sem comprometer a segurança alimentar do povo brasileiro”, conclui.
Fonte: Ivana Diniz -Ascom/Consea