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Cooperativismo no semiárido fortalece produção de alimentos no campo
Beneficiamento de frutas nativas é uma das estratégias de cooperativas do Semiárido nordestino. Imagem: Talentos do Semiárido
Forma de organização social que contribui para fortalecer a agricultura familiar no Semiárido, o cooperativismo pode trazer uma série de benefícios a comunidades rurais. Entre eles, a geração de renda e o incremento na produção de alimentos saudáveis, favorecendo a soberania e a segurança alimentar e nutricional a partir da valorização do alimento da agricultura familiar.
São várias as iniciativas de cooperativismo no Semiárido que contribuem para o desenvolvimento rural da região. No Sertão do Apodi, no Rio Grande do Grande, por exemplo, estão a Cooperativa da Agricultura Familiar de Apodi (Cooafap) e a Cooperativa Potiguar de Apicultura e Desenvolvimento Rural Sustentável (Coopapi).
Ambas comercializam para mercados local, nacional e institucional, a exemplo do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
A Cooafap, que hoje conta com 416 cooperadas e cooperados, foi criada para ajudar a fortalecer os processos de beneficiamento e comercialização dos diversos produtos da agricultura familiar. Mel, castanha, carne caprina, ovina e bovina, hortaliças, queijo e polpas de frutas são alguns deles.
Entre as boas práticas adotadas estão: produção orgânica, agroecologia (um exemplo é a diversificação produtiva), participação democrática na tomada de decisões; inserção de jovens e mulheres nos processos produtivos; qualificação profissional; rodízio de sócios e de comunidades na gestão e formação de jovens para a gestão.
A Coopapi, por sua vez, é constituída por 399 agricultoras e agricultores familiares, sendo 299 cooperados. O restante deles contribui com o fornecimento do algodão agroecológico que permite a produção de artesanato para a comercialização.
Outros produtos que merecem destaque são o mel e a castanha. Diversificar a produção ajuda na sustentabilidade da cooperativa, uma vez que viabiliza diferentes fontes de renda. Essa estratégia, assim como a ampliação do acesso aos mercados, ajuda a fortalecer a agricultura familiar local.
Do Rio Grande do Norte para a Bahia. É em terras baianas que o umbu se destaca. Esse é o caso da Cooperativa de Produção e Comercialização dos Produtos da Agricultura Familiar do Sudoeste da Bahia (Cooproaf). Localizada em Manoel Vitorino, ela se constitui como uma rede de agroindústrias com unidades de processamento de frutas.
A produção é destinada para os mercados local e institucional. Ampliar o alcance para outras partes do Brasil e do mundo é um dos objetivos da cooperativa, fundada em 2010, por um grupo predominantemente feminino.
Entre as propostas da Cooproaf estão a organização e o fortalecimento da agricultura familiar a partir do cooperativismo e da economia solidária, que melhoram as condições de vida de quem vive na região.
Também na Bahia está a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc). Assim como no caso da Cooproaf, a atuação feminina foi fundamental para o êxito da experiência. Isso pode ser visto já no início da trajetória da Coopercuc, em 1986, quando mulheres da região se reuniam para preparar artesanalmente produtos à base do umbu.
De lá para cá, muita coisa avançou. A cooperativa trabalha com produtos oriundos do extrativismo de plantas nativas da Caatinga, com destaque para o umbu e o maracujá nativo. A produção é variada e chega a diferentes mercados: local, institucional, nacional e internacional. A partir do beneficiamento, a Coopercuc transforma os frutos em doces, geleias, polpas, compotas, caldas para sorvete e vinagre, entre outras delícias.
Mais saberes sobre essas experiências podem ser acessados no Banco de Saberes e Atores do Semiárido e na plataforma Talentos do Semiárido, no Portal Semear.