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Consea: pesquisas de grandes corporações sobre segurança alimentar exigem cautela
Pesquisadores debatem sobre importância do monitoramento e avaliação das políticas em segurança alimentar e nutricional. Imagem: Marcelo Torres/Consea
Por Bianca Andrade
A presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Maria Emília Pacheco, participou do segundo dia de debates realizados na Fiocruz, em Brasília, na manhã desta quinta-feira (06). O II Encontro Nacional de Pesquisa em Segurança Alimentar e Nutricional (II Enpsan) tem como tema a “Pesquisa em segurança alimentar e nutricional e a incidência, construção, monitoramento e avaliação das políticas públicas”.
Durante o encontro, Maria Emília destacou a importância do princípio da precaução quando se fala em pesquisas na área da segurança alimentar e nutricional e demonstrou preocupação com os resultados apresentados por pesquisadores que são financiados por grandes corporações. “Falar de direito humano à alimentação adequada e saudável é, em permanência, colocar em debate o rumo dessa ciência e da tecnologia, das chamadas novas tecnologias, como geoengenharia e biologia sintética, porque vão no sentido da negação do alimento como vida na sua diversidade. E falar do princípio de precaução também é falar do princípio da responsabilidade”, disse.
A presidente do Consea defendeu ainda que falar sobre a participação social supõe falar também do direito ao conhecimento. Entre os temas que precisam ser aprofundados pelos pesquisadores, ela destacou a dimensão cultural da segurança alimentar e nutricional assim como as questões gênero.
Fátima Carvalho, pesquisadora Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN), falou sobre “Produção de conhecimento em apoio a políticas públicas de segurança alimentar e nutricional.” Ela disse que, dentro da linha de pesquisas de políticas públicas, é preciso melhorar a gestão de políticas nacionais e chegar a um modelo ideal para coloca-las em prática. Também pontuou os resultados dos grupos de estudos, que envolviam questões indígenas, micronutrientes e desigualdade de gênero.
Em seguida, a pesquisadora colombiana Luz Stella trouxe algumas das reflexões que estão sendo desenvolvidas na Universidade de Atioquia, na Colômbia. Luz Stella informou que no seu país 30% dos alimentos são provenientes de importação. Além disso, há proibição do uso de sementes sem patente por conta de acordos comerciais realizados com as grandes empresas. Para tirar a segurança alimentar e nutricional da invisibilidade, há três anos foi formado um núcleo de pesquisa e análise de políticas desenvolvidas nesta área. “Não podemos nos dar ao luxo de demonstrar pessimismo. Nós, professores, temos a obrigação de mostrar um caminho”, disse ela ao defender o desenvolvimento de mais pesquisas nesta área nas universidades e também a divulgação dos resultados.
Já a orientadora do Programa de Pós-Graduação Alimentos, Nutrição e Saúde e do Programa de Mestrado Ensino de Ciências da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Maria Angélica de Medeiros, mostrou que tem sido claros os avanços dos grupos de investigação como a defesa da Lei Orgânica de Saúde e a promoção da alimentação saudável e adequada. “Ainda queremos identificar quais os desafios e limites para avançar. As respostas que vimos sendo demandadas exigem a triangulação de métodos. E é isso que precisa ser feito”, disse ela.
O encontro segue até sexta-feira (7). A conselheira Elisabetta Recine, o conselheiro Renato Maluf e as pesquisadoras Aída Bezerra, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e Veruska Prado, da Universidade Federal de Goiânia (UFG), participarão da plenária final para a construção de uma rede nacional de pesquisadores em segurança alimentar e nutricional, às 14h, no auditório da Fiocruz, em Brasília.
Fonte: Ascom/Consea