Notícias
Bahia realiza seminário sobre alimentação saudável e Sisan
Carlos Eduardo (Consea-BA) ressaltou desafios para ampliar consumo de alimentos saudáveis diante do contexto do agronegócio. Imagem: Ascom/Sasop
Representantes do governo estadual da Bahia e de organizações da sociedade civil participaram no último dia 18 de outubro, em Salvador (BA), do Seminário Alimentação Saudável e o Sistema Nacional de Segurança Alimentar (Sisan) na Bahia. O evento foi promovido pela Casa Civil do Governo do Estado, por meio do Grupo Governamental de Segurança Alimentar e Nutricional (GGSAN), em parceria com a Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR).
O secretário da SDR, Jerônimo Rodrigues, ressaltou que a participação dos movimentos sociais, nos últimos anos, tem sido fundamental para a construção das políticas de segurança alimentar e nutricional e por uma alimentação saudável. De acordo com o presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea-BA), Moacir Santos, o seminário foi uma oportunidade de debate sobre a base estruturante da produção da agricultura familiar como a questão da água e da regularização da terra. "Temos que debater além da questão da água, também a questão da terra. Sem terra, a agricultura familiar não tem como produzir. Temos que avançar na regularização fundiária. A agroindústria e a habitação estão ocupando lugares onde antes se produzia comida. Precisamos garantir terra para produção de alimentos saudáveis", alertou ele
Carlos Eduardo Leite, coordenador geral do Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (Sasop) e membro da Articulação de Agroecologia da Bahia (AABA), marcou presença na primeira mesa redonda, que abordou ações e desafios para a estruturação de redes territoriais de produção, abastecimento e consumo de alimentos saudáveis. Ele apontou a importância de se pensar os territórios não apenas como unidades de planejamento de políticas públicas, mas também espaços de dinâmicas econômicas, políticas, ambientais e sócio-culturais próprias. "A diversidade dos territórios precisa ser pensada quando falamos das redes de distribuição e abastecimento de alimentos. Precisamos fortalecer a abordagem da produção integrada ao abastecimento e do abastecimento integrado ao consumo", destacou ele.
Carlos Eduardo ressaltou ainda o desafio para ampliar o consumo de alimentos saudáveis diante do contexto do agronegócio, levantando a questão "O que é comida de verdade?". Para ele, enquanto representante da agroecologia, um alimento saudável envolve relações justas de produção, sem exploração do trabalho e, também, qualidade biológica, por ser orgânico em sua essência, sem trazer consigo substâncias agrotóxicas e agroquímicas ou modificações genéticas. "É necessário fortalecer os circuitos curtos de produção nos territórios, fortalecer as economias locais", diz. Ele explica que os circuitos longos de comercialização são os desenvolvidos pelas monoculturas e só favorecem as commodities.
O palestrante levantou ainda os desafios que estão sendo impostos pelo Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba, que abrangerá territórios dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, gerando um impacto ambiental e cultural em comunidades de 337 municípios. "São 73 milhões de hectares só de monoculturas do eucalipto, soja e pecuária, que atingirá os biomas da Amazônia, Caatinga e Cerrado. Este último, onde encontramos os maiores aquíferos do planeta, com as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul", denunciou.
O evento seguiu durante todo o dia com outra mesa redonda sobre as estratégias integradoras para promoção de ações intersetoriais de educação alimentar e nutricional e de alimentação saudável nos espaços, programas e equipamentos das redes socioassistencial, de saúde e de educação, além de uma Feira Agroecológica no espaço externo ao evento.
Fonte: Ascom/Sasop