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Países da América Latina e Caribe trocam experiências sobre agroecologia
Representantes do governo e de setores e movimentos ligados à agricultura familiar de países da América Latina e do Caribe estão reunidos nesta semana, em Brasília, para trocar experiências para o desenvolvimento da agroecologia na região.
O Seminário Regional sobre Agroecologia na América Latina e Caribe, que começou na quarta-feira (24), e termina nesta sexta-feira (26), vai produzir um documento com diretrizes para ações de desenvolvimento rural sustentável que contribuam para a integração regional e a discussão de políticas públicas e implementação de programas.
Para o representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Alan Bojanic, o modelo atual de agricultura, que tem como base o uso intensivo de insumos, já não é sustentável. Ele disse que, por isso, é preciso mudar para um modelo mais sustentável, mais inclusivo e mais comprometido com as comunidades. "Nosso compromisso é trabalhar na construção de modelos que permitam o desenvolvimento da agricultura familiar, a inclusão social e produtiva de jovens e mulheres e tenham a agroecologia como foco central.”
Segundo Bojanic, a América Latina avançou muito nesse tema graças a esforços de países como Cuba, que trabalhou para desenvolver sistemas sustentáveis e agroecológicos, e como o Brasil, que tem sua própria política de agroecologia e produção orgânica. “Poderemos conhecer experiências e iniciativas que valem a pena. Teremos novos insumos para formulação de políticas para fortalecer a agroecologia e criar os incentivos necessários para que essa pauta possa entrar nas agendas governamentais.”
Para o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, é preciso produzir alimentos em quantidade, para garantir o direito humano a uma alimentação adequada. “Precisamos também produzir com uma qualidade que, efetivamente, promova a saúde e a vida das pessoas, e não doenças e morte, como estamos vendo, com o uso abusivo de agrotóxicos e sementes transgênicas”, ressaltou.
Segundo o ministro, é preciso investir no conhecimento, na pesquisa e no desenvolvimento científico, tecnológico e cultural, envolvendo todos os setores, para encontrar esse equilíbrio, assegurando também a biodiversidade e o resgate e valorização das comunidades produtoras.
No primeiro painel do evento – A Agroecologia como caminho para a segurança alimentar e nutricional –, a presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Maria Emília Pacheco, disse que a agroecologia é fundamental para garantir a soberania alimentar das populações. “Estamos falando de uma ciência, de práticas sociais e de movimento social. É um chamamento importante para pensar o que a agroecologia representa, do ponto de vista da saúde e do meio ambiente, e a interrelação profunda que há entre falar de agroecologia e soberania e segurança alimental e nutricional.”
Maria Emília destacou que as diversas experiências apresentadas no encontro são fundamentais para mostrar que a agroecologia tem outras dimensões, como cultural, social e econômica, e superar a visão muito restrita de que a agroecologia é só uma soma de técnicas.
Durante o evento, também serão abordados temas como a agroecologia como peça central para a gestão sustentável dos recursos naturais e genéticos e seu papel na convergência da inovação social, institucional e tecnológica; os esforços dos países na formulação e articulação de políticas públicas; e os desafios futuros da região.
O seminário é promovido pela FAO em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), a Reunião Especializada Sobre Agricultura Familiar do Mercosul e a Aliança pela Soberania Alimentar na América Latina e no Caribe, com apoio do Programa de Cooperação Brasil-FAO.
Fonte: Andreia Verdélio/Repórter da Agência Brasil