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OMS divulga nova classificação de pesticidas relacionados ao câncer
O novo relatório da Agência Internacional de Pesquisas do Câncer (Iarc), braço especializado da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi taxativo na definição do lindano como cancerígeno aos humanos e na inclusão de outros dois venenos em categorias que indicam o alto risco de carcinogenicidade. O estudo da Iarc foi realizado por um time de excelência composto por 26 pesquisadores de 13 diferentes países e foi publicado na revista The Lancet Oncology no dia 22 de junho.
O lindano recebeu a mais alta classificação da Iarc, classificado como grupo 1. As pesquisas indicaram ligação direta do lindane com o surgimento do Linfoma Não-Hodgkin, um tipo de neoplasia maligna que se origina nos linfonodos – ou gânglios, glândulas importantes no combate às infecções. Segundo o site do Instituto Nacional do Câncer, o número de casos praticamente duplicou nos últimos 25 anos, particularmente entre pessoas acima de 60 anos por razões até então não esclarecidas. O pesticida é utilizado em lavouras desde a década de 1950 e já esteve na composição de xampus e outros produtos cosméticos e farmacêuticos distribuídos no mercado global.
A Iarc estudou também um dos principais pesticidas modernos e pulverizado em larga escala desde a 2ª Guerra Mundial: o diclorodifeniltricloroetano, mais conhecido como DDT. O veneno foi rotulado como provavelmente cancerígeno aos humanos, classificado no grupo 2A de carcinogenicidade da agência. Segundo o relatório, há evidências suficientes que o DDT causa câncer em animais e evidência limitada dessa causa em humanos. Estudos epidemiológicos apontam para uma associação entre a exposição ao DDT e formas cancerígenas em gânglios, testículos e fígado. Há também evidências que este pesticida reduz a capacidade de resposta do sistema imunossupressor e afeta os hormônios sexuais. Não foram detectadas relações do DDT com o câncer de mama.
O herbicida 2,4-D (Ácido diclorofenoxiacético) foi classificado como possivelmente cancerígeno e enquadrado no grupo 2B. Os pesquisadores apontam evidências inadequadas da carcinogenicidade em humanos, mas atestam que há fortes relações do composto nos mecanismos de oxidação celular, causando problemas no sistema imunossupressor em experimentos em células in vivo e in vitro.
O estudo da Iarc frisa ainda que a escala de classificação busca identificar riscos de desenvolvimento de neoplasias motivadas pelos venenos estudados em quaisquer circunstâncias, sem relacionar aos níveis de exposição, nem definir graus de risco, por entender que, mesmo quando as indicações científicas apontam para baixos riscos em determinadas níveis de exposição, outras intoxicações não monitoradas/não identificadas podem gerar graus de carcinogenicidade elevados e de difícil mensuração.
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Fonte: Abrasco