Notícias
Carta da Amazônia divulga deliberações de encontro temático
Já está disponível para leitura e livre reprodução a Carta da Amazônia, documento político extraído do Encontro Temático Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional na Amazônia, que foi realizado entre 9 e 11 de junho em Belém do Pará.
O documento destaca que “o índice de segurança alimentar e nutricional nos domicílios da região Norte passou de 53,6%, em 2004, para 63,9%, em 2013, o que representou uma variação positiva de 19,7%, acima da variação nacional que foi de 18,9%”.
Por outro lado, a insegurança alimentar grave caiu de 6,9% para 3,2% no Brasil e de 11,8% para 6,7% nos domicílios do Norte. No entanto, a região ainda apresenta os maiores índices de insegurança alimentar e nutricional entre as regiões do país, sendo 21,6% dos domicílios com insegurança alimentar leve, 7,7% com insegurança alimentar moderada e 6,7% dos domicílios em insegurança alimentar grave.
O encontro se propôs a aprofundar a compreensão sobre as especificidades dos sistemas alimentares na Amazônia e discutir os avanços, desafios e caminhos para construção da soberania e da segurança alimentar e nutricional da população urbana e dos povos da floresta e das águas.
Os debates se desenvolveram a partir das seguintes questões centrais: O que é comida de verdade na visão dos povos da Amazônia? Quais os desafios para garantir a segurança alimentar e nutricional no maior bioma do Brasil? Como a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional está sendo implementada na Amazônia?
“Comida de verdade, na Amazônia, é entendida como patrimônio cultural e expressão de modos de vida tradicionais, onde têm grande relevância os laços de solidariedade e reciprocidade nas comunidades”, diz o documento. “É oriunda de sistemas alimentares caracterizados por uma biodiversidade extremamente rica, representada pelo valioso conhecimento tradicional de seus povos sobre as plantas comestíveis e medicinais, frutos, sementes, raízes, fauna silvestre e aquática e peixes”, completa.
A Carta Política diz que o modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil representa uma ameaça aos sistemas alimentares da Amazônia. “Esses sistemas alimentares são hoje ameaçados por um modelo de desenvolvimento, adotado pelo Estado brasileiro, marcado pela expansão de monoculturas, pela concentração de terras, pela implantação de grandes projetos de infraestrutura, pela construção de barragens, pelo desmatamento e outras graves ofensas à sociobiodiversidade, além de ameaças aos direitos conquistados”, revela.
O encontro reuniu 220 participantes, sendo 86 homens e 134 mulheres, representando governo e segmentos da sociedade, como indígenas, extrativistas, ribeirinhos, pescadores, populações negras e quilombolas, agricultores familiares, pesquisadores, movimentos sociais, povos de terreiro e de matriz africana, dentre outros.
O evento foi promovido pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), com apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do Pará (Consea-PA).
Fonte: Ascom/Consea