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Semana Mundial do Aleitamento Materno 2015
A Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) foi lançada pela WABA (Aliança Mundial para Ação em Amamentação), em 1992, com o objetivo de dar visibilidade à amamentação, focando em uma de suas facetas anualmente. A Semana é comemorada em todo o mundo, no período de 1 a 7 de agosto, incentivando todos a trabalhar o tema escolhido e a colocá-lo na mídia para ampla divulgação. Neste ano o tema escolhido foi “ Amamentação e trabalho: vamos fazer dar certo!”
No Brasil, nos últimos anos, houve ações governamentais significativas que melhoraram as taxas de amamentação, no entanto ainda estamos longe de alcançar a Alimentação Infantil Ótima, onde a amamentação é exclusiva até os seis meses e é mantida por dois anos ou mais junto com os outros alimentos da família.
Avanços importantes na legislação trabalhista, tais como a licença maternidade, que passou de 84 para 120 dias (para as mulheres em regime de CLT) e para 180 dias (para as funcionárias públicas) e a pausa para amamentar de meia hora a cada quatro horas trabalhadas, tiveram a clara intenção de proteger o aleitamento exclusivo dos primeiros seis meses.
O governo lançou a “Sala de Apoio à Mulher que Trabalha e Amamenta”, uma iniciativa de adesão voluntária para tornar as empresas mais amigáveis com as mães que amamentam e trabalham, com o objetivo de melhorar a duração da amamentação. Trata-se de preparar um local agradável e tranquilo com poltronas, bombas tira-leite, geladeira e instalações sanitárias, para que as mães possam ordenhar seu leite e levar para casa, com a finalidade de ser dado ao bebê durante a sua ausência.
Apesar desses avanços, amamentar ainda é olhado como uma “aptidão” das mulheres, cujos efeitos para a saúde da mãe e do bebê são benéficos. Sem dúvidas amamentar traz muitos benefícios para a dupla, no entanto o efeito do aleitamento sobre a economia do país costuma ser esquecido. Amamentar gera aos governos menos gastos com o atendimento à saúde, com internações hospitalares e com medicamentos, pela proteção à saude que causa. Além disso a amamentação otimiza o aprendizado das crianças, pois melhora o intelecto e a linguagem, aumenta a capacidade de raciocínio e colabora para diminuir os problemas escolares.
Também é preciso fazer notar a capacidade que a amamentação tem de enfrentamento das doenças nas condições inóspitas e precáreas de vida que famílias vulneráveis enfrentam. Além da proteção às doenças, a amamentação oferece um alimento de altíssimo valor nutricional ao indivíduo mais frágil da família, por um custo baixíssimo, ou seja, a alimentação da mãe com alimentos regionais e de baixo custo, como arroz, feijão e ovos, por exemplo.
Num país continental como o Brasil, as catastrofes naturais como secas, enchentes e deslizamentos de terra, comuns a todas as regiões, se repetem ano a ano, gerando uma enormidade de pessoas desalojadas, mantidas em albergues improvisados por longos períodos e dependentes de ajuda humanitária. Nessas condições, amamentar é fundamental para prevenir as mortes infantis, vidas cujo valor é incalculável.
Amamentar é uma carga que as mulheres carregam amorosamente. No entanto, é um trabalho muito lucrativo para os governos. Enquanto não for olhada por esse prisma, a amamentação será sempre alvo de medidas legais e governamentais excessivamente tímidas para a efetivação de sua proteção, apoio e promoção.
Ana Julia Colameo, pediatra Ana Julia Colameo, conselheira do Consea