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Mandioca ganha destaque na produção quilombola
Para alguns é aipim, para outros, macaxeira. Seja qual for o nome, a tradicional mandioca faz parte da mesa dos brasileiros de norte a sul do País. De acordo com o mais recente censo agropecuário do IBGE, a agricultura familiar é responsável por 83,16% de toda a produção de mandioca brasileira. Portanto, é dessas propriedades que sai a maior parte do alimento, um dos responsáveis por garantir a segurança alimentar brasileira, o que é uma das propostas do Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena (AIAF/CI), comemorado este ano.
E a importância da mandioca na agricultura familiar vai além da alimentação. Para as comunidades quilombolas, por exemplo, a produção e o processamento dessa raiz é cultural, conforme destaca o coordenador para Povos e Comunidades Tradicionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Edmilton Cerqueira. “É uma cultura muito presente, não dá para falar de comunidades quilombolas sem associar com a cultura da mandioca”, ressalta.
Um desses produtores é Osiel Torquato da Silva, 27 anos. Ele faz parte da Comunidade Quilombola Isabel, localizada no município de Bom Conselho, a cerca de 400 km de Recife (PE). É com orgulho que Silva explica como cultiva o produto. “A mandioca é produzida por meio da maniva. A gente corta, faz uma cova e planta essa maniva. Depois, cobrimos com terra e molhamos com água. Quando a planta brota, a gente limpa. E quanto mais a gente cuida, mais a mandioca cresce e se fortalece”, diz.
Além de plantar o alimento, o agricultor produz, ainda, farinha e puba que são utilizadas em bolos e biscoitos. “A mandioca pode ser utilizada de várias formas e é o sustento da minha família”, conta.
Osiel Torquato lembra que a mandioca produzida nos quilombos também é utilizada para a comercialização em mercados institucionais como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que leva alimentos para a mesa de outras famílias por meio de restaurantes populares, bancos de alimentos e cozinhas comunitárias e ainda para cestas de alimentos distribuídas pelo Governo Federal. “Nossa vida melhorou porque o valor que o governo paga pelos nossos produtos é melhor do que o valor pago pelos atravessadores, que compram por um preço muito baixo. O governo tem essa preocupação com o agricultor para que os valores sejam adequados. Com o PAA, nossa vida voltou a melhorar”, disse.
Atualmente, a área plantada com mandioca no Brasil é de 2,1 milhões de hectares. Isso corresponde a aproximadamente 2 milhões de campos de futebol.
Para 2014, a previsão da safra de mandioca é superior a 23 milhões de toneladas. A projeção é do IBGE, que não separa a agricultura familiar da não familiar nas previsões de produção anual.
A agricultura familiar tem se destacado a cada ano no Brasil e no mundo. A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o ano de 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar.
O objetivo do AIAF/CI é aumentar a visibilidade da agricultura familiar, para a criação de políticas públicas diferenciadas para o setor, por meio de ampla participação dos movimentos sociais do campo. O ano internacional também visa conscientizar as populações sobre o papel fundamental da agricultura familiar na garantia da segurança alimentar e nutricional, melhora dos meios de subsistência, gestão dos recursos naturais, proteção do meio ambiente, desenvolvimento sustentável, especialmente nas áreas rurais.
O Governo Federal tem ações eficientes para o desenvolvimento da agricultura familiar que vão desde o crédito para financiamento até canais de comercialização dos produtos, como os programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e de Alimentação Escolar (Pnae).
Fonte: Comitê Brasileiro para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena 2014