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Guarany Kaiowá enfrentam falta de terra e escassez de água
No momento em que o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) realizou uma Mesa de Controvérsias sobre terra e território, em Brasília (DF), os povos indígenas Guarany Kaiowá passam por novos problemas. Agora, além da falta de terra, o que gera escassez de alimentos, enfrentam também a falta de água, principalmente em suas aldeias urbanas.
Nesta quarta-feira (05), o programa Amazônia Brasileira, da Rádio Nacional da Amazônia, recebeu Sílvio Ortiz, que no Consea representa a Aty Guasu - Campanha Guarani. Ele tem seguidamente denunciado as violações sofridas por seu povo. A maioria vive em pequenas áreas onde são constantemente ameaçados por pistoleiros e em situação de miséria. Nas aldeias urbanas, vivem como favelados e trabalham para os grandes produtores de cana da região, recebendo pagamento inferior aos demais empregados não índios, e tendo dificuldade de manter seu sustento. Com o crescimento populacional nessas áreas a falta de água tornou-se mais uma ameaça à saúde dos Guarany Kaiowá.
Para outros grupos a situação é ainda mais grave e estes vivem "acampados" em barracas, em margens de rodovias esperando a demarcação de alguma terra para onde possam ir e viver em paz, o que infelizmente não tem acontecido, sendo que os que estão ocupando alguma área onde há mata, ainda que residual, têm sido constantemente assediados para sair. Mas sair para onde?
Recentemente a Comunidade de Pyelito Kue lançou carta aberta na qual avisa que se receberem ordem para sair da pequena área onde estão preferem ser mortos e enterrados lá mesmo onde estão, e consideram ser seu território tradicional. Na carta, afirmam que ao invés de sair preferem que sejam enviados caixões para que sejam enterrados ali onde estão enterrados seus ancestrais.
Silvio Ortiz fala da importância do Consea e dessas rodas de debate. Ele diz que providências urgentes precisam ser tomadas em relação a esse povo para respeitar os Direitos Humanos, e garantir sua integridade física dentro do estado do Mato Grosso do Sul.
Ao final da entrevista, Ortiz faz um apelo à sociedade para que se envolva na causa pedindo providências ao governo para que essa situação não venha se agravar ainda mais, já que nos últimos anos tem aumentado os casos de desnutrição infantil, morte de bebês e também os casos de suicídio entre os jovens. No caso dos suicídios, ele alerta para a necessidade da criação de políticas de longo prazo que possam trazer perspectivas de futuro. Segundo o conselheiro, há anos os Guarany Kaiowá têm vivido de políticas emergenciais.
O programa Amazônia Brasileira vai ao ar de segunda a sexta-feira a partir das 8h na Rádio Nacional da Amazônia, em rede com a Rádio Nacional do Alto Solimões, onde é transmitido ao vivo às 5h. A apresentação é de Beth Begonha.
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Fonte: Rádios EBC