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Qual a importância do aleitamento materno?
Antigamente pensava-se que a amamentação apenas protegia as crianças pobres da diarreia. Hoje, sabe-se que os benefícios do aleitamento materno vão muito mais além. É mais adequado pensar na amamentação como um conjunto de agentes protetores biologicamente ativos, dentro de uma rede de interações sócio-afetivas que também fornece um especial suporte nutricional, do que apenas um alimento que contém anticorpos.
Sabe-se que a proteção contra infecções se inicia no momento do nascimento, pela ingestão do colostro e que esse é o momento mais favorável para iniciar o elo afetivo entre a dupla, propiciando ao bebê uma cascata de cuidados maternos na fase mais vulnerável, a primeira infância, e depois.
Os benefícios da amamentação são inúmeros. Desde a proteção contra enterocolite necrosante, doença mortal em 70% dos recém-nascidos, até a proteção contra as doenças cardiovasculares na idade adulta. Também é importante assinalar que a amamentação é o modo mais econômico, seguro e sustentável de alimentar as crianças pequenas.
Estudos recentes tem demonstrado a associação positiva do leite materno com o desempenho cognitivo: a amamentação exclusiva por seis meses resulta em melhores resultados nos marcos de desenvolvimento e nos teste de inteligência e existe uma relação direta positiva entre a duração total do aleitamento materno com o sucesso escolar aos dezoito anos de idade.
Outros benefícios da amamentação que costumam ser esquecidos são os voltados para a mãe, como a proteção que a amamentação ao nascimento confere contra a hemorragia e morte pós parto e o tempo total de aleitamento sobre o câncer de mama e endométrio. Além disso há uma forte associação da amamentação com a proteção da mãe desenvolver artrite reumatoide e sofrer fratura de quadril por osteoporose, na pós menopausa.
A proteção contra o adoecimento infantil e materno produz uma substancial economia para os governos, principalmente quando a infraestrutura da saúde é precária.
Benefícios para o meio ambiente são incontáveis, pois o aleitamento materno não necessita que se desmatem florestas para a criação de pastos, não espalha agrotóxicos no meio ambiente, não produz lixo não degradável, nem expele gases prejudiciais na atmosfera, como acontece no processo de criação de gado, obtenção, fabricação e transporte dos leites artificiais.
A amamentação exclusiva do nascimento até os seis meses de idade e a sua continuidade até pelo menos dois anos, junto com alimentos saudáveis, está no topo das intervenções eficazes para a sobrevivência das crianças e têm um impacto mais positivo que o alcançado com a vacinação, água tratada e saneamento.
*Ana Júlia Colameo é pediatra e conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea)