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Dia Mundial da Alimentação: “Sistemas Alimentares Saudáveis”
Os números da Organização de Alimentação e Agricultura da ONU (FAO) mostram que o mundo tem muito que caminhar para acabar com a fome. Portanto, o evento procura responder se é possível chegar ao dia em que haverá sistemas alimentares sustentáveis e o que é preciso fazer para alcançar este objetivo. Sabemos que a fome não só aniquila a vida e as esperanças dos indivíduos, como também prejudica a paz e a prosperidade das nações exigindo medidas urgentes a serem tomadas em muitas frentes, não apenas para fornecer alimentos para os famintos, mas também para eliminar as causas subjacentes da fome no mundo através de alternativas sustentáveis e permanente.
Ainda, segundo a FAO, até 2050 serão os pequenos agricultores e os produtos oriundos da agricultura familiar, quem fornecerão grande parte dos produtos necessários para alimentar mais de nove bilhões de habitantes no mundo. Para tanto, uma das medidas necessárias para a obtenção da segurança alimentar e nutricional é apoiar e investir no trabalho que é desenvolvido pelas cooperativas, organizações e associações de produtores rurais, de modo que tenham condições de aumentar a produção de alimentos, comercializar seus produtos, criar empregos e, a partir daí, possam aumentar a segurança alimentar no mundo e reduzir a pobreza principalmente no meio rural.
Com relação ao Brasil, é preciso que seja tomadas mediadas pelos governantes para acabar com a forma arcaica de exploração da terra que ainda é praticada em vários estados é preciso pensar uma política mais séria de produção de alimentos e mais do que isto, um mecanismo que afaste o intermediário e possibilite a produção segura pelos agricultores/as familiares e assim o barateamento dos produtos alimentícios. As razões para a situação são os sistemas insustentáveis de desenvolvimento que degradam o meio ambiente, uma vez que os sistemas alimentares são constituídos de meio ambiente, pessoas, instituições e os processos pelos quais os produtos agrícolas são produzidos, beneficiados, distribuídos e levados ao consumidor.
Nesse sentido, é necessário a intervenção nos sistemas alimentares por meio de políticas públicas que realizem as intervenções em gestões de recursos naturais, educação e saúde pública constituem ações complementares. Nesta linha a indústria da alimentação deve ser priorizada, modernizada e protegida. Não significa isto a proteção do dono da terra ou do dono da indústria de alimentos, mas principalmente do agricultor/a familiar, dos homens que de fato trabalham na terra e daqueles que se ativam na industrialização de alimentos. O Brasil não deve ser apenas o exportador de alimentos, mas também aparelhar-se para sua industrialização.
Nós trabalhadores/as brasileiros/as, temos que lutar muito contra a fome em várias frentes porque, na nossa visão, não basta apenas o crescimento econômico: buscamos a geração de empregos e os aumentos reais de salários, além da melhor distribuição de renda. Por todos estes motivos, a Federação dos Trabalhadores/as da Agricultura Familiar (FETRAF), une sua voz às vozes de todas as organizações de classe dos trabalhadores/as do campo brasileiro em especial os agricultores/as familiares para saudá-los e proclamar sua fé no futuro e no combate efetivo da fome que compromete o futuro da humanidade.
É importante lembrar que temos ainda muitos desafios, entre eles as dificuldades de acesso dos produtores aos meios de produção de boa qualidade, à assistência técnica e extensão rural e ao crédito para financiamento da produção, além da ausência de infraestrutura adequada nas áreas rurais e a falta de meios de transportes para levar seus produtos aos mercados locais.
Por fim, é momento de conscientizar a opinião pública quanto às questões globais relacionadas à nutrição e à alimentação, a data é lembrada como marco na luta contra a fome, que atinge diversas populações. Foi nesse sentido, que FAO definiu como este ano, os sistemas sustentáveis, a busca da melhoria da segurança alimentar e na erradicação da fome.
*Elisangêla dos Santos Araujo - Conselheira do Consea - FETRAF/Brasil
Fonte: Ascom Consea
Artigo publicado originalmente em 30/09/2013