Notícias
Campanha Nacional pela produção de alimentos saudáveis
Para o Movimento de Mulheres Camponesas, o Dia Mundial da Alimentação é um momento para fazermos um amplo diálogo com a população do campo e da cidade sobre o que está em jogo na sociedade, que é o modo de produção de alimentos. É preciso, com urgência, avançarmos na compreensão sobre a importância da produção de alimentos saudáveis, elementar para a saúde humana - e do planeta como um todo.
É um momento para toda a sociedade pensar sobre nossos hábitos alimentares e sobre como os alimento são produzidos, processados e/ou industrializados, bem como conhecer as alternativas que estão sendo construídas no seio das organizações sociais do campo e da cidade, que se contrapõem ao agronegócio e à agricultura química.
Com essa compreensão o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) lançou em 2007 a Campanha Nacional pela Produção de Alimentos Saudáveis. Com o objetivo de dar visibilidade ao grande potencial de produção de alimentos da agricultura camponesa, evidenciando o papel das mulheres nesse processo e sensibilizando a sociedade para a degradação da natureza. Visa também retomar o cuidado com a vida, além de discutir e implementar experiências de produção agroecológica de alimentos, nas unidades de produção camponesa, de geração de renda, comercialização justa e consumo consciente.
A Campanha Nacional pela Produção de Alimentos Saudáveis se fundamenta em cinco dimensões:
Dimensão política: Construção de pautas com proposições nas varias áreas das políticas públicas, reivindicando recursos para a produção ecológica e diversificada de alimentos saudáveis, de preservação da biodiversidade, da reforma agrária e de soberania alimentar;
Dimensão ambiental: construção do debate sobre a crise de civilização que a humanidade está atravessando e a necessidade de cuidar da vida;
Dimensão ética, cultural e feminista: construção de valores e princípios de vida, de solidariedade, de novas relações humanas e com a natureza, de novas relações de poder que superem todas as formas autoritárias, patriarcais e discriminatórias, na perspectiva de construir relações de respeito, solidariedade, igualdade na diferença, relações democráticas e cidadãs;
Dimensão das mudanças cotidianas: construção de praticas no cotidiano das mulheres e famílias camponesas como sinal de que é possível construir um projeto popular de agricultura camponesa, valorizando quem trabalha, bem como a natureza, e produzindo para o bem da humanidade;
Dimensão econômica e social: construção de mecanismos, instrumentos de viabilização e potencialização da agricultura camponesa, com a produção de alimentos saudáveis, cuidado com a vida, com o ambiente e geração de renda no campo e na cidade. Fortalecimento de redes solidárias de trabalho e consumo. Valorização do trabalho feminino e ações de combate a fome e à miséria no campo e na cidade. Fortalecimento da soberania alimentar e autonomia das mulheres.
Precisamos reagir de forma organizada a toda a ofensiva do capital sobre a produção e consumo dos alimentos. Lutar pela promoção do direito humano à alimentação é lutar pela vida!
*Sandra Marli da Rocha Rodrigues é conselheira do Consea e representa o Movimento das Mulheres Camponesas (MMC).
Artigo publicado originalmente em 30/09/2013