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INFRAESTRUTURA
Soterramentos, bloqueios e fechamentos: as mentiras que contam sobre a Transposição do São Francisco
Imagem de um trecho da Transposição do Rio São Francisco. Foto: Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional/Reprodução
O Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) é uma obra de infraestrutura hídrica que capta água no Rio São Francisco transportando-a para bacias hidrográficas do nordeste setentrional nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Mais conhecido como Transposição do Rio São Francisco, seu principal objetivo é garantir segurança hídrica, através da integração de bacias hidrográficas a uma região que sofre com a escassez e a irregularidade das chuvas: a região semiárida do Nordeste.
Maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil, a Transposição do Rio São Francisco tem como objetivo levar água a 12 milhões de habitantes, em 390 municípios. O empreendimento hídrico é composto por dois eixos de transferência de água: o Norte, com 260 quilômetros de extensão; e o Leste, com 217 quilômetros. As estruturas captam a água do Rio São Francisco, no interior de Pernambuco, para abastecer adutoras e ramais que vão perenizar rios e açudes existentes na região.
O Eixo Leste está com todas as estruturas necessárias para o caminho das águas finalizadas, restando apenas serviços remanescentes e complementares que não comprometem a operação do trecho. A água do 'Velho Chico' tem percorrido os 217 quilômetros dos canais e das demais estruturas de engenharia, que a conduzem desde Floresta (PE) até o leito do Rio Paraíba, em Monteiro (PB).
O Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco possui 260 quilômetros de extensão, três estações de bombeamento (EBI 1, 2 e 3), 15 reservatórios, oito aquedutos e três túneis. Todas as estruturas responsáveis pela passagem de água estão concluídas, restando apenas serviços complementares que não comprometem a pré-operação.
Quando todas as obras complementares estiverem concluídas e em funcionamento, a expectativa é que o Eixo Norte garanta segurança hídrica a mais de 220 cidades paraibanas, pernambucanas, cearenses e potiguares. Cerca de 6,5 milhões de pessoas contarão com abastecimento de água regular.
Projeto estratégico para o futuro do país e vetor de desenvolvimento para o Nordeste brasileiro, a Transposição do Rio São Francisco é alvo recorrente de diversas peças de desinformação. O Brasil Contra Fake traz respostas para algumas das narrativas falsas que são empreendidas pelos produtores de desinformação.
A Transposição do São Francisco foi soterrada?
Em junho de 2017, um canal da transposição em Custódia (PE) rompeu, o que demandou a realização de obras naquele ponto. O incidente foi acompanhado pelo Ministério Público Federal.
Desde então, diversas peças de desinformação lançam mão das imagens dos caminhões de terra na obra do trecho de Custódia para fabricarem narrativas falsas de que a Transposição do Rio São Francisco estaria sendo soterrada.
A Transposição do Rio São Francisco foi bloqueada?
Em Salgueiro (PE), fica o reservatório de Negreiros, que integra a Transposição do Rio São Francisco. Uma ensecadeira de terra é usada ali desde 2020 para controlar o fluxo de água. As ensecadeiras são barragens provisórias com a finalidade de fechar uma região do curso d'água, de forma a deixar seca uma área para execução de trabalhos.
Quando as bombas estão operando, a ensecadeira fica aberta. Quando as bombas são desligadas, ela é então fechada. Este controle foi implementado para preservar o volume acumulado no reservatório e impedir que a água escoe para o reservatório seguinte.
Peças de desinformação registram imagens do fluxo de água quando interrompido pelas ensecadeiras para repercutirem falsos bloqueios na Transposição do Rio São Francisco.
O reservatório Negreiros fornece água diretamente para as cidades de Salgueiro e Serrita, em Pernambuco, enquanto o reservatório de Milagres abastece o município de Verdejantes, na divisa entre Pernambuco e Ceará. Em junho deste ano, foi entregue o novo sistema de bombas da Estação de Bombeamento 3 (EBI-3). Com a volta do bombeamento, a programação é restabelecer o nivelamento de água do reservatório de Negreiros (Pernambuco), depois o de Milagres (Ceará) e, em seguida, o de Jati (Ceará).
A Transposição do Rio São Francisco foi fechada e matou peixes?
No começo deste ano, vídeos mostrando um acúmulo de peixes na Barragem de Oiticica, em Jucurutu (RN). Conforme averiguado pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, o acúmulo de peixes na barragem possivelmente está relacionado às fortes chuvas que caíram na região.
Com o aumento do volume de água, foi criada uma passagem para escoamento do excesso retido nas obras da barragem, a operação é conhecida como sangria. Com a redução do fluxo de água durante o processo, os peixes tiveram a mobilidade prejudicada, o que pode ter levado às mortes.
A Barragem de Oiticica é potencialmente receptora dos recursos hídricos do PISF, porém, ainda não recebe águas da transposição. O empreendimento está em obra, com uma execução de 93,27%. Os recursos são oriundos da União, por meio de um convênio com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), no entanto, a execução é de responsabilidade do Governo do Rio Grande do Norte.