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Proposta do Brasil à Argentina visa financiar exportações brasileiras
O ministro do Brasil, Fernando Haddad (Fazenda) e da Argentina, Sergio Massa (Economia). Foto Valter Campanato/EBC.
Os governos do Brasil e da Argentina estão construindo um mecanismo para garantir as exportações brasileiras para o país vizinho. Ao contrário do que vem sendo propagado em peças de desinformação, essa linha de crédito visa beneficiar empresas brasileiras, em especial do setor de peças automotivas.
O Brasil fez uma proposta de financiar exportações brasileiras à Argentina, no montante de R$ 700 milhões (aproximadamente US$ 140 milhões). Ao mesmo tempo, para a proposta se efetivar, o Brasil exigiu da Argentina a oferta de garantias no mesmo valor, ou seja, de R$ 700 milhões. Desse modo, segundo informa o Ministério da Fazenda para a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, o Brasil não teria risco na operação, ao passo que as exportações brasileiras à Argentina teriam financiamento e, assim, vazão comercial. A linha seria ofertada pelo Programa de Financiamento às Exportações (Proex), importante programa de fomento às exportações brasileiras, existente desde 1991.
Com a escassez de dólares enfrentada pela Argentina, o Brasil propôs aceitar a apresentação de garantias pela Argentina em reais e em espécie. Para chegar aos reais que daria como garantia, a Argentina poderia fazer o câmbio de yuans chineses por reais brasileiros, ofertando assim as garantias em reais em espécie ao Brasil, no exato montante da linha de financiamento, R$ 700 milhões. Assim, não haveria qualquer risco ao Brasil na proposta.
A Argentina, por sua vez, fez outra proposta de estrutura de financiamento às exportações brasileiras, que ainda precisa passar por negociações técnicas e políticas. No que trouxe de proposta, a Argentina articularia com o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) a oferta de garantias ao Brasil em montante em torno de US$ 500 milhões, a bem de garantir o financiamento das exportações brasileiras à Argentina, em setores-chave do comércio bilateral entre os dois países. Todavia, apenas os primeiros esboços dessa estrutura foram conversados com o Brasil, não tendo ainda o lado argentino ou a CAF apresentado nenhum documento formal com a proposta em sua versão final.
Essas peças de desinformação que atribuem o acordo a um falso fomento do Brasil a empresas argentinas surgem no contexto de uma situação na cadeia leiteira do Sul do país. O Governo Brasileiro estuda um programa de desoneração da cadeia produtiva, internamente, para quem produz e não para quem importa o produto. Algumas medidas já tomadas para o enfrentamento desse quadro no setor são a liberação de R$ 200 milhões para a aquisição de leite em pó pelo governo federal, a taxação de alguns produtos lácteos importados e o intenso trabalho de fiscalização realizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).