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Ministra Sônia Guajajara não disse que o ‘açúcar vem do mel de abelha’
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Não é de autoria da ministra dos Povos Indígenas (MPI), Sônia Guajajara, a afirmação de que o açúcar vem do mel das abelhas. Em nota enviada à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM-PR), o MPI esclarece:
“O vídeo do discurso atribuído à ministra dos povos indígenas, Sônia Guajajara, é mais uma investida daqueles que tentam a todo custo descredibilizar a figura de Sônia como líder indígena e ministra de Estado”, diz trecho da nota. E prossegue: “Não há nada que desabone a fala de Dayane (como ela mesma se apresenta na versão completa do vídeo, e que foi ocultada na versão editada que circula nas redes sociais), tampouco qualquer semelhança física entre ela e Sonia. Porém, o trecho fora de contexto e divulgado com o intuito de ridicularizar a fala desta mulher, seja ela Sonia ou Dayane, é uma clara tentativa de colocar em xeque sua capacidade”, afirma o ministério.
O ministério aponta que, ao assistir o vídeo sem edições, fica claro que não se trata da ministra Sônia Guajajara e que a fala de Dayane, apesar deste trecho equivocado, falava sobre o alto custo de vida nas comunidades, citando o alto preço de uma cesta básica e, com o intuito de exemplificar que os produtos que compõem uma cesta básica são produzidos aqui e, por isso, não deveriam ser tão caros aos brasileiros, como muita coerência e assertividade.
A verdade que merece ser compartilhada é que a temática dos Povos Indígenas é passível de muitos equívocos e possíveis desinformações, que são largamente disseminadas nas redes sociais.
Visto que nesta quarta-feira (19/4) comemora-se o Dia dos Povos Indígenas, há algumas informações a serem ponderadas:
1. Por que POVOS INDÍGENAS e não Dia do Índio?
O termo índio além de pejorativo, desmerece a pluralidade das diversas etnias, bem como suas especificidades linguísticas e culturais. A mudança é necessária para refletir as ideias e lutas das mais diversas sociedades indígenas. Já a palavra “indígena” significa “natural do lugar em que vive” e exprime com propriedade que cada povo, de onde quer que seja, é único.
2. QUANTOS SÃO os povos indígenas no mundo e no Brasil?
Existem cerca de 370 a 500 milhões de indígenas no mundo, espalhados por 90 países, que vivem em todas as regiões geográficas e representam 5 mil culturas diferentes. Os povos indígenas criaram e falam uma grande maioria das 7 mil línguas mundiais. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o censo demográfico do 2022 registrou 1.652.876 pessoas indígenas em todo o país, o que ressalta a importância de políticas públicas voltadas às populações indígenas.
3. Quais foram as primeiras MEDIDAS DE PROTEÇÃO às comunidades?
Em janeiro de 2023, em cumprimento à determinação judicial da ADPF 709, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) propôs medidas de proteção às comunidades indígenas pelo direito de existirem e não serem exterminadas, junto ao Superior Tribunal Federal, e o Governo Federal aprovou um crédito extraordinário no valor de R$146.700.000,00, destinado única e exclusivamente a atender esta decisão judicial para garantir a estrutura de pleno funcionamento da Funai para ações de proteção territorial das terras indígenas Yanomami, Karipuna, Uru-Eu-Wau-Wau, Kayapo, Arariboia, Mundurucu e Trincheira Bacaja, especialmente para atender a desintrusão dos garimpos ilegais.
4. Qual a IMPORTÂNCIA DOS POVOS INDÍGENAS para a sociedade brasileira?
Comunidades indígenas são líderes na proteção do meio ambiente. Quase 70 milhões de mulheres e homens indígenas dependem das florestas para sua subsistência. Povos indígenas são fundamentais para a Agenda 2030 e o Desenvolvimento Sustentável. Desde proteger o meio ambiente, combater a desigualdade e lutar pela paz e a segurança, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável não serão alcançados sem povos indígenas. A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
5. Por que criar um MINISTÉRIO DOS POVOS INDÍGENAS?
Com a missão de dar protagonismo aos povos indígenas, em janeiro de 2023, o Brasil criou o primeiro Ministério dos Povos Indígenas da história. O novo ministério surge com as propostas de demarcar as terras indígenas, estabilizar o orçamento da saúde e combater o garimpo nas áreas já demarcadas, assim como proteger povos que ainda não tiveram suas terras reconhecidas. Em 38 anos de pequenos avanços no reconhecimento de sua importância, na preservação do meio ambiente e no direito à saúde, proteção e delimitação de terras, os povos indígenas já passaram por grandes desafios e extermínios de suas culturas e seus saberes. A criação deste ministério representa o início do processo de uma grande reparação histórica.