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É falso que café a vácuo seja embalado com sangue de boi
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Nos últimos dias tem circulado em grupos de mensagem um vídeo com imagens de supostos funcionários de fábricas de café misturando sangue de boi ao produto. Na gravação, um homem relata que as empresas cafeeiras misturam a composição ao produto para dar "peso e volume" às embalagens.
Em nota enviada à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) informou que não constatou nenhuma amostra de café que tenha vestígios de resíduos animais. A pasta explica que é improvável a mistura de sangue ao café torrado, devido às dificuldades de manipulação do produto.
Ademais, a fiscalização para este tipo de produto, segundo o Ministério, consiste em coletas de amostra sistemáticas pelo território nacional e os parâmetros do padrão são avaliados constantemente. No caso de haver alguma suspeita, podem-se realizar análises de substâncias nocivas à saúde. O MAPA ressaltou ainda que, quando constatadas irregularidades com o produto, são programadas ações fiscais nos estabelecimentos produtores.
Em primeiro lugar, há que se destacar que o Brasil é o segundo maior consumidor de café no mundo, atrás somente dos Estados Unidos e é, também, o maior produtor mundial do grão, fazendo jus aos 330 mil produtores e, destes, 78% com até 20 mil hectares.
Somente em 2022, o país exportou cerca de 2,2 milhões de toneladas, o equivalente a 39,4 milhões de sacas de café. Lembrando que este segmento gera 8,3 milhões de empregos diretos e indiretos. Não à toa esses grupos de distribuição de desinformação escolhem temas como este para disseminar informações enganosas.
O artigo 7º da Portaria nº 570, de maio de 2022, do Ministério da Agricultura e Pecuária indica que é considerado impróprio para o consumo o café torrado que estiver em mau estado de conservação e apresentar teor de impureza ou elementos estranhos superiores a 1%.
A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), em nota, repudiou o boato e afirmou que não há indícios de tal prática na indústria do café.
Conforme a Resolução nº 14 de março de 2014, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o limite de tolerância para matérias estranhas no café torrado e moído é de 60 fragmentos de insetos para cada 25 gramas do produto, o que indica falhas das boas práticas, mas não é considerado indicativo de risco.
De acordo com todas as informações apuradas, junto aos órgãos competentes, não há nenhuma prova de que aconteça a adição de sangue de boi no processamento do café em pó comercializado no Brasil. Trata-se de mais uma notícia danosa e inverídica.