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Sala de Crise acompanha impactos do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek sobre o Rio Tocantins
A ANA promove as análises com foco no abastecimento de água rio abaixo do ponto do desabamento. Durante a reunião foi feito um panorama sobre as coletas realizadas diariamente
Foi realizada nesta segunda-feira, 30 de dezembro, a 2ª reunião da Sala de Crise que acompanha os impactos na água do Rio Tocantins, decorrentes do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. A ponte, localizada entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), desabou no dia 22 de dezembro. Na reunião, coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), foram atualizadas as informações junto a outros órgãos que atuam na situação após o acidente.
A ANA coordena avaliações e promove as análises necessárias com foco, especialmente, no abastecimento de água a jusante (rio abaixo) do ponto do desabamento. Durante a reunião foi feito um panorama sobre as coletas realizadas diariamente.
As outras instituições federais que participaram da reunião foram o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ministério da Saúde (MS), Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Serviço Geológico do Brasil (SGB), Marinha do Brasil e outros órgãos da esfera federal e do estado do Maranhão. A próxima reunião da Sala de Crise será no próximo dia 3 de janeiro, às 15h. Ela pode ser acompanhada pelo canal da ANA no YouTube.
QUALIDADE DA ÁGUA — Na última sexta-feira, 27 de dezembro, a ANA divulgou o resultado da análise da qualidade da água do rio Tocantins. O acidente resultou na queda de três caminhões no leito do rio, um deles contendo ácido sulfúrico e dois transportando defensivos agrícolas. Dois dias após o desabamento, técnicos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão (Sema/MA) determinaram parâmetros básicos de qualidade da água e realizaram coletas de amostras da água. Essas amostras foram analisadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Os resultados apontaram que no dia 24 não havia ocorrido vazamento de ácido sulfúrico em quatro pontos monitorados entre a Ponte e a captação da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) para abastecimento público em Imperatriz (MA), que fica a 120 km rio abaixo do acidente.
MERGULHO — No encontro, Caco Graça, supervisor de Emergência Ambiental da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) do Maranhão, afirmou que nesta segunda-feira (30) a Marinha do Brasil, responsável pelo resgate dos corpos, permitiu o mergulho profundo feito pelas empresas de resposta. “Uma das empresas de resposta já me passou o parecer, que é de uma das cargas de ácido sulfúrico. O tanque de ácido sulfúrico está perfurado. É compatível com a informação que obtivemos no domingo, dia do evento, por parte do Corpo de Bombeiros”, afirmou Caco.
Sobre o plano de retirada dos materiais que estão no fundo do rio, Caco disse que será feito após o mergulho da equipe técnica. As próprias empresas donas dos veículos irão fazer a retirada dos produtos e dos carros.
“Nós fizemos monitoramento das margens por uma distância bastante interessante. Inclusive, por meio das empresas e da colaboração da Secretaria de Meio Ambiente municipal, não identificamos mortandade de peixes durante esse período e nem mais bombonas de herbicidas, apenas madeiras que são de outro carro que afundou”, afirmou.
REMOÇÃO DOS VEÍCULOS — Alan Vaz Lopes, superintendente adjunto de Operações e Eventos Críticos da ANA, enfatizou que, após o resultado da análise de qualidade da água, as empresas responsáveis pelos veículos foram notificadas para iniciarem ações de remoção do conteúdo dentro do rio.
“Sem nenhuma detecção de problemas na qualidade da água até o momento e com essa perspectiva de termos um plano para remoção, de fato, das cargas pelas empresas, que fizeram mergulhos ontem e estão fazendo mergulhos hoje para refinar esse plano e iniciar as ações que vão levar uns bons dias até que se conclua”, explicou.
RISCOS — O diretor de Planejamento e Pesquisa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Guilherme Rodrigues, afirmou que não há risco de novos desabamentos. “Por enquanto não há movimentação. Estamos acompanhando a topografia. Não estamos percebendo nenhum deslocamento. Por enquanto, à primeira vista, a gente não entende que tenha algum risco de queda do restante da ponte. Mas estamos acompanhando”, disse.
Outro ponto destacado é o início da demolição da ponte. O diretor afirmou que a empresa que irá executar essa parte está praticamente contratada. “Já estamos com a empresa provavelmente contratada para demolição e reconstrução da ponte. Estamos aguardando a questão da remoção dos corpos que, para nós, é uma prioridade porque não poderemos atuar enquanto essa situação estiver ocorrendo”.
IBAMA — Cristiane de Oliveira, coordenadora-substituta do Centro Nacional de Emergências Ambientais e Climáticas do Ibama, informou que as coletas coordenadas pela autarquia foram realizadas pela Universidade de Brasília (UnB), com o objetivo de identificar vazamentos para garantir a segurança dos mergulhadores e do meio ambiente.
“A UnB fez essa coleta e vai fazer as análises e passar para a gente os laudos com os resultados. O Ibama não tem esses equipamentos, por isso a gente solicitou apoio. As embarcações eram de empresas de resposta. O objetivo de fazer essa coleta de fundo foi, realmente, identificar se houve algum vazamento, tanto para segurança das equipes de mergulho quanto para a questão ambiental”, afirmou Cristiane.
RIO TOCANTINS — O Rio Tocantins possui, aproximadamente, 2.400 km de extensão, sendo o segundo maior curso d’água 100% brasileiro, ficando atrás somente dos cerca de 2.800 km do rio São Francisco. O rio nasce entre os municípios goianos de Ouro Verde de Goiás e Petrolina de Goiás. Ele também atravessa Tocantins, Maranhão e tem sua foz no Pará perto da capital, Belém.
O rio pode ser chamado de Tocantins-Araguaia por se encontrar com o rio Araguaia entre Tocantins e Pará. Os dois cursos d’água também dão nome à Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia, que é a maior do Brasil em área de drenagem 100% em território nacional. Por serem rios interestaduais, a gestão e regulação das águas do Tocantins e do Araguaia é de responsabilidade da ANA.