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REPARAÇÃO
Pescadores e aquicultores serão indenizados pelo rompimento da Barragem do Fundão (MG)
O Programa de Transferência de Renda (PTR) destinará um auxílio mensal para apoiar financeiramente mais de 22 mil pescadores afetados, por até quatro anos - Foto: Arquivo/Agência Brasil
O novo acordo da Bacia do Rio Doce, assinado nesta sexta-feira, 25 de outubro, representa também uma reparação histórica aos pescadores e aquicultores. Os capítulos voltados para este público foram construídos com a participação ativa do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), que acompanhou as negociações em que a Advocacia-Geral da União (AGU) atuou como representante da União.
O Programa de Transferência de Renda (PTR) destinará um auxílio mensal para apoiar financeiramente mais de 22 mil pescadores afetados, por até quatro anos, no valor inicial de 1 salário mínimo e meio — nos três primeiros anos. Nos últimos 12 meses, o pagamento será de 1 salário. Já o Programa de Retomada Sustentável da Pesca (Propesca) contará com R$ 2,44 bilhões para financiar ações de infraestrutura, monitoramento, pesquisa e diversificação econômica.
A implantação de Programa Indenizatório Definitivo (PID), que é voltado principalmente para os atingidos pela tragédia que não conseguiram comprovar documentalmente os danos sofridos, o acordo prevê o pagamento de R$ 95 mil aos cerca de 7 mil pescadores e 2 mil agricultores familiares — categoria que abarca os aquicultores – afetados. O montante será distribuído entre mais de 40 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
COMUNIDADES PESQUEIRAS - O ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, enfatizou a importância do acordo para a recuperação das comunidades pesqueiras: “Hoje, damos um passo fundamental para reparar os danos causados a milhares de pescadores e aquicultores que perderam suas fontes de renda e seu modo de vida”, celebrou o titular da pasta. “Com este acordo, vamos promover a retomada sustentável da pesca, fortalecer a infraestrutura do setor e garantir que esses trabalhadores possam voltar a exercer suas atividades com dignidade. É um compromisso do Governo Federal e do MPA com a justiça social e a reconstrução econômica das regiões afetadas”, afirmou.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, também enfatizou a importância do Propesca. “A pesca foi dizimada, a vida de pescadores foi profundamente atingida naquela região. O ministro André de Paula terá um desafio enorme, gerenciando um fundo de R$ 2,44 bilhões para reestruturação da gestão de pesca e aquicultura, através do Propesca. Nós temos a confiança de que com habilidade e a união de todos, nós vamos conseguir recuperar a atividade pesqueira daquela região”, declarou durante a assinatura do acordo.
O novo acordo converte as obrigações de recuperação das empresas em obrigações de pagamento à União e aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, que agora serão os responsáveis por implementar políticas públicas com os R$ 100 bilhões, em novos recursos, celebrados no acordo.
HISTÓRICO — O rompimento da Barragem do Fundão, pertencente ao Complexo Minerário de Germano, ocorreu em 5 de novembro de 2015, em Mariana, Minas Gerais, sob responsabilidade da empresa Samarco Mineração S.A. O desastre gerou uma série de impactos socioambientais que se intensificaram ao longo dos anos, afetando profundamente a pesca e a aquicultura na região. Pescadores e aquicultores perderam sua principal fonte de renda, e, no caso dos pescadores artesanais, o rompimento representou a ruptura de um modo de vida tradicional e culturalmente significativo.