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PARIS 2024
Consistência e persistência: Rebeca repete prata de Tóquio no individual geral. Caio chega ao pódio da marcha na quarta tentativa
Na prova que determina a ginasta mais completa dos Jogos Olímpicos, a brasileira Rebeca Andrade, de 25 anos, ficou atrás apenas de Simone Biles, considerada uma das maiores atletas da história da modalidade. Nesta quinta-feira, 1 de agosto, a norte-americana somou 59.131 após os exercícios de salto, trave, solo e barras assimétricas. Rebeca acumulou 57.932, com direito a nota mais alta que Biles nas assimétricas (14.666 contra 13.733). O bronze ficou com a também norte-americana Sunisa Lee (56.465), para quem Rebeca havia perdido o ouro na mesma prova em Tóquio. A brasileira Flavia Saraiva também disputou a final e terminou com a nona colocação.
Eu me sinto privilegiada diante de tantas coisas que poderiam acontecer, e tantas pessoas que poderiam ter sido escolhidas para estar aqui. Eu estou aqui, consegui, então realmente é uma honra gigantesca poder partir da porcentagem de mulheres que está cada vez mais vencendo e hoje poder trazer mais um resultado para o meu esporte, para o meu país, é incrível"
Rebeca Andrade, pela segunda vez seguida a ginasta mais completa nos Jogos Olímpicos
Agora, o currículo olímpico de Rebeca Andrade passa a ter um ouro, duas pratas e um bronze: quatro pódios. Depois do título no salto e do vice-campeonato no individual geral em Tóquio (2021), a brasileira já acrescentou à bagagem de Paris um bronze por equipes e, nesta quinta, a prata novamente no individual geral.
Com as quatro medalhas, Rebeca se torna a mulher brasileira mais premiada na história do megaevento esportivo. Ela ultrapassa a levantadora Fofão, do vôlei feminino, e Mayra Aguiar, do judô, com três cada. Rebeca está na cola de Robert Scheidt e Torben Grael, da vela, atuais líderes do ranking de multimedalhistas, com cinco cada.
"É uma honra, né? Eu me sinto privilegiada diante de tantas coisas que poderiam acontecer, e tantas pessoas que poderiam ter sido escolhidas para estar aqui. Eu estou aqui, consegui, então realmente é uma honra gigantesca poder partir da porcentagem de mulheres que está cada vez mais vencendo e hoje poder trazer mais um resultado para o meu esporte, para o meu país, é incrível", disse Rebeca à TV Globo, ao fim de sua participação.
A ginasta, contudo, ainda não encerrou o “expediente” na capital francesa. Ela ainda disputa as finais por aparelhos do salto (sábado, 3 de agosto), da trave e do solo (ambas na segunda, dia 5). Nas três, terá como uma das adversárias a americana Simone Biles.
Pelas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exaltou Rebeca pelo feito. "Rebeca Andrade, parabéns pela segunda medalha na prova individual mais completa da ginástica artística. Orgulho do nosso país", escreveu o presidente.
MARCHA ATLÉTICA - O atletismo começou a trajetória nos Jogos Olímpicos com um resultado inédito. Em sua quarta participação olímpica, Caio Bonfim conquistou a prata na marcha atlética de 20 km. O brasileiro que treina em Sobradinho (DF) completou o percurso em 1h19min09s. O equatoriano Brian Pintado foi o campeão (1h18min55s) e o espanhol Alvaro Martin, bronze (1h19min11s).
Em Londres, saí de cadeira de rodas da prova. Em 2016, correndo em casa, fui quarto, na trave. Em Tóquio, terminei em 13º e hoje consegui a prata, um sabor especial. Paris agora faz parte da minha história"
Caio Bonfim, prata na marcha atlética
"Todo mundo que um dia viu a marcha já disse: isso é estranho. Para mim, era normal, minha mãe fazia marcha. Meu pai é técnico. Ela fez índice para Atlanta (1996), teve umas mudanças de critérios e ela não foi. Quando fui para os Jogos de Londres, falei para ela: quem disse que você não foi a uma Olimpíada? E hoje, na nossa quarta Olimpíada, posso virar e falar: Somos medalhistas olímpicos", disse Caio.
Caio é treinado pelos pais, João Sena, e pela mãe, a ex-marchadora Gianetti Sena Bonfim. Eles têm um projeto de atletismo que desenvolve a marcha atlética - o Centro de Atletismo de Sobradinho (CASO), no Distrito Federal.
Caio cansou de ouvir gracinhas e sofrer preconceito em função dos movimentos característicos da modalidade, mas seguiu em frente e se tornou a principal referência do país na história da modalidade. A medalha olímpica era o único adereço que faltava ao atleta de 33 anos. Já são duas medalhas de bronze em Mundiais e quatro medalhas (duas pratas e dois bronzes) em Jogos Pan-Americanos, além de dez títulos brasileiros consecutivos.
"Em Londres, saí de cadeira de rodas da prova. Em 2016, correndo em casa, fui quarto, na trave. Em Tóquio, terminei em 13º e hoje consegui a prata, um sabor especial. Paris agora faz parte da minha história", completou o atleta, integrante do Bolsa Atleta há 17 anos. "Não tem como falar dos meus resultados sem falar do programa. Faz parte da minha história. É essencial para manter o padrão de treinos e competições necessários para me manter em condições de brigar pelos melhores resultados", afirmou.
Pelas redes sociais, o presidente Lula também exaltou a medalha conquistada por Caio Bonfim e o exemplo de resiliência, superação de obstáculos e de perseverança para praticar uma modalidade pouco conhecida no país e que já fez com que o atleta sofresse preconceito nas ruas. "Emocionante assistir ao relato do Caio Bonfim em Paris. Parabéns pela sua perseverança e esforço, e por ter superado as adversidades dentro e fora do esporte", comentou o presidente.
Emocionante assistir o relato do medalhista Caio Bonfim em Paris. Parabéns pela sua perseverança e esforço, e por ter superado as adversidades dentro e fora do esporte. https://t.co/oG9xfIuzQ8
— Lula (@LulaOficial) August 1, 2024
QUADRO DE MEDALHAS - No fim da jornada olímpica desta quinta, o Brasil chegou a seis medalhas conquistadas em Paris, com três pratas e três bronzes. Além dos vice-campeonatos de Rebeca e Caio, Willian Lima foi o segundo colocado no judô. Os bronzes foram conquistados por Larissa Pimenta (judô), Rayssa Leal (skate) e pela equipe de ginástica artística feminina. Em comum a todas as conquistas, a digital do Bolsa Atleta, programa de patrocínio direto a atletas do Governo Federal.
CALDERANO FAZ HISTÓRIA - Foi uma partida bem mais tranquila do que ele próprio imaginava. Na Arena Paris Sud 4, pelas quartas-de-final, Hugo Calderano precisou de 28 minutos para derrotar o sul-coreano Jang Woojin por 4 x 0 e avançar no torneio de tênis de mesa dos Jogos Olímpicos Paris 2024. É a primeira vez que um brasileiro alcança uma semifinal olímpica na modalidade. Mais do que isso. É a primeira vez que um atleta não asiático e não europeu chega entre os quatro melhores. Hugo agora encara o sueco Truls Moregard por uma vaga na decisão do torneio olímpico. A partir será a partir das 9h30 desta sexta-feira. “É muito difícil você brigar contra os melhores do mundo, contra países de tradição, mas, ao mesmo tempo, é muito gratificante se superar, quebrar barreiras. Estou feliz em alcançar as semifinais e agora quero mais”, disse o brasileiro, logo após a vitória sobre o sul-coreano.
Eu não gosto de perder nem de brincadeira, imagine em uma competição em que a gente se doa demais. Quando acaba desta forma é muito ruim. Mas sei também que todas as vezes que doeu muito como agora eu sempre me levante forte. Hoje vou sofrer e berrar, mas amanhã já estarei de pé”
Mayra Aguiar, tricampeã mundial e com três bronzes olímpicos no judô, eliminada na primeira rodada em Paris
VÔLEI FEMININO NAS QUARTAS - O vôlei feminino do Brasil está classificado para as quartas de final dos Jogos Olímpicos. A seleção venceu o Japão por 3 sets a 0 (25/20, 25/17, 25/18) nesta quinta-feira, na Arena Paris Sul, em partida válida pelo grupo B. Com uma rodada de antecedência, as brasileiras se garantiram na próxima fase. O time do técnico José Roberto Guimarães entrou em quadra concentrado e com poderio ofensivo efetivo com praticamente todas as atletas. Gabi foi o maior destaque e terminou a partida como maior pontuadora geral, com 17 pontos anotados. "Acredito muito nessa equipe. Se jogarmos com essa consistência, taticamente entendendo o que a comissão técnica passa, sabemos que nosso caminho será ainda mais longo aqui em Paris. Foram dois jogos consistentes e importantes. Mas agora o foco é na próxima partida", disse Gabi, capitã da seleção. O próximo compromisso, ainda pela fase de grupos, será no domingo, contra a Polônia, a partir das 16h (de Brasília).
JUDÔ - Patrimônio do esporte nacional, Mayra Aguiar deu uma aula de espírito olímpico em gestos, golpes e palavras. Única tricampeã mundial de judô do país e com três bronzes olímpicos no currículo, a brasileira sentiu o gosto amargo da derrota na estreia nesta quinta-feira, em Paris. Depois de um ciclo olímpico duro, com lesões e dores constantes, Mayra ainda deu azar no chaveamento da categoria 78kg. No primeiro combate, enfrentou a atual campeã mundial, a italiana Alice Bellandi. Após uma luta equilibrada, a brasileira acabou perdendo por wazari já no golden score.
“Eu não gosto de perder nem de brincadeira, imagine em uma competição em que a gente se doa demais. Doa saúde, tempo com a família, assume dieta restrita, treina com dor. Então esse é o preço que estou pagando há algum tempo, brigando com dores e lesões. Quando acaba desta forma é muito ruim. Mas sei também que todas as vezes que doeu muito como agora eu sempre me levante forte. Quanto mais dói mais a gente se fortalece. Hoje vou sofrer e berrar, mas amanhã já estarei de pé”, disse a atleta de 33 anos, que já passou por oito cirurgias na carreira, e é integrante do Bolsa Atleta desde .
Na outra luta com brasileiro no dia, Leonardo Gonçalves foi derrotado na categoria 100kg por Dzhatar Kostoev, dos Emirados Árabes, após levar o segundo wazari. "Eu tive condições de jogar ele de ippon, mas foi uma luta difícil. Busquei a todo tempo, não me acovardei e deixei tudo o que tinha. Mas não foi o suficiente. Agora fico à disposição da comissão técnica se precisarem de mim na competição por equipes", afirmou o atleta de 28 anos, prata por equipes nos Jogos Pan-americanos Santiago 2023.
HANDEBOL - A seleção feminina de handebol tentou de tudo, mas acabou superada pela Holanda pela fase de grupos nesta quinta-feira. As brasileiras perderam por 31 x 24 em jogo válido pelo grupo B. Este foi o quarto jogo da seleção nos Jogos Olímpicos. Com uma vitória e três derrotas, o Brasil ocupa a quinta colocação do grupo, mas ainda tem chances de se classificar para as quartas de final. Para isso, precisa vencer Angola e fazer contas, sobretudo em saldo de gols. "A gente sabia que seria um jogo duro. Demos o nosso melhor, mas o importante é pensar no jogo contra Angola. Sabíamos que seria difícil avançar mesmo com a vitória hoje", disse Bruna de Paula, armadora e capitã do time. O duelo será no sábado, 3 de agosto, a partir das 9h.
NATAÇÃO - O Brasil voltou a uma final feminina de revezamento após 20 anos. As mulheres garantiram vaga para a decisão do 4 x 200m livre na manhã desta quinta-feira (1). As brasileiras terminaram em segundo lugar na série e quinto na colocação geral, a um décimo do recorde sul-americano de 7min52s71 batido no Mundial Doha 2024. A equipe foi formada por Maria Fernanda Costa, Stephanie Balduccini, Maria Paula Heitmann e Gabrielle Roncatto. É a quarta final olímpica da natação nos Jogos Olímpicos Paris 2024, a terceira das mulheres. Na decisão, as meninas terminharam com a sétima colocação, com 7min52s90. Guilherme Caribé foi o primeiro brasileiro a entrar na piscina na classificatória para os 50m livres. Na raia 6, ele fez 22s31 e ficou em sexto lugar na série. Na colocação geral, terminou em 23º lugar.
HIPISMO - O time brasileiro de hipismo acabou eliminado na disputa do salto por equipes. Por problemas na espora do cavalo de Pedro Veniss, o Brasil perdeu a chance de se manter na briga por medalhas, mesmo vindo bem na competição após as duas primeiras apresentações. Pedro Veniss, com o cavalo Nimrod de Muze, foi o primeiro a se apresentar e completou o percurso sem falta, deixando a equipe na 5ª colocação. Stephan Barcha, montando Primavera, foi o segundo a entrar em ação e anotou 4 penalidades. Com a eliminação, Rodrigo Pessoa, que montaria na sequência, sequer teve a oportunidade de se apresentar. Com a desclassificação, Pedro Veniss também está fora da disputa individual. Stephan Bacha, Rodrigo Pessoa e Yuri Mansur estão mantidos.
TIRO ESPORTIVO - Por apenas oito pontos, a brasileira Geovana Meyer não conseguiu se classificar à final do tiro esportivo na categoria carabina 3 posições 50m. Ela se despede dos Jogos Paris 2024 após ter terminado na 22ª colocação entre 32 atletas, com 581 pontos. Na competição se classificaram as oito melhores. Em Paris, Geovana também participou do tiro esportivo na categoria carabina 10m e terminou na 38ª posição na fase classificatória.
VÔLEI DE PRAIA - Três vitórias em três jogos e classificação garantida com 100% de aproveitamento. Duda e Ana Patrícia encerraram a participação na primeira fase dos Jogos Olímpicos ao vencerem as italianas Gottardi e Menegatti, por 2 a 0 (21/17 e 21/10), nesta quinta-feira, em Paris. Com a vaga consolidada, agora elas esperam os outros jogos para saber quem enfrentarão nas oitavas de final. Já a dupla formada por André e George sofreu a segunda derrota. Eles perderam para os americanos Partain e Benesh por 2 a 1 (21/17, 14/21 e 15/8). Com o resultado, os brasileiros, que têm uma vitória na competição, aguardam os resultados de outros jogos para saber o destino no torneio. Se ficarem entre os dois melhores terceiros, seguem para as oitavas. Se estiverem entre os quatro piores, jogarão uma repescagem para tentar a vaga nas oitavas.
CANOAGEM - O brasileiro Pepê Gonçalves está fora da decisão no K1 da canoagem slalom nos Jogos de Paris. Na semifinal da competição, o atleta cometeu algumas faltas e as punições fizeram com que ele não avançasse na disputa por medalha na modalidade. No Estádio Náutico de Vaires-sur-Marne, Pepê terminou a prova em 147s09 e contabilizou quatro punições por irregularidade ao passar pelas portas. Ao final, o atleta teve adicionados 56 segundos de punição ao seu tempo original do percurso, ficando assim na 20ª colocação. Pepê agora volta a competir nos Jogos no caiaque cross, modalidade que é novidade na Olímpíada de Paris. Além dele, Ana Sátila também luta por medalha para a canoagem brasileira.
ONIPRESENÇA - O DNA do Bolsa Atleta é "onipresente" na delegação brasileira que está em Paris para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2024. Levando em conta o edital mais recente, de 2024, 241 dos 276 atletas na capital francesa fazem parte do programa, um percentual de 87,3%. Se a análise leva em conta o histórico dos atletas, contudo, 271 dos 276 já foram integrantes do programa do Governo Federal em alguma fase da carreira (98%). Em 27 das 39 modalidades em que o país está representado na França, 100% dos atletas integram atualmente o programa de patrocínio direto do Ministério do Esporte. Mais: em seis modalidades, todos estão na categoria Pódio, a principal do Bolsa Atleta, voltada para esportistas com chances reais de medalha em megaeventos, que se posicionam entre os 20 melhores do ranking mundial de suas modalidades. A Bolsa Pódio garante repasses mensais que variam de R$ 5.500 a R$ 16.600, com o reajuste anunciado em julho de 2024 pelo presidente Lula.