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PARIS 2024
Com título mundial na bagagem, vôlei sentado feminino busca final inédita em Paris
A levantadora Luisa Fiorese durante treino da seleção brasileira em Troyes, na França. Foto: Alê Cabral / CPB
Bronze nos Jogos Rio 2016 e em Tóquio 2021, o vôlei sentado feminino do Brasil tem frequentado com assiduidade os pódios das principais competições internacionais. No ciclo desde o Japão, a equipe treinada pelo técnico Fernando Guimarães subiu de patamar. No Mundial de Sarajevo, na Bósnia-Herzegovina, em 2022, o time chegou à final e, numa disputa eletrizante contra o Canadá, levou o título pela primeira vez na história.
Nós estamos bem esperançosas por termos sido campeãs mundiais. Acho que finalmente o Brasil está sendo visto com respeito. É um dos times a serem batidos. É bem legal a gente vir com essa bagagem. Acho que essa pressão não atrapalha. Realmente estamos preparadas e viemos para buscar a medalha de ouro”
Luiza Fiorese, levantadora, integrante da equipe feminina
A trajetória recente acrescentou respeitabilidade ao elenco. “Nós estamos bem esperançosas por termos sido campeãs mundiais. Acho que finalmente o Brasil está sendo visto com respeito. É um dos times a serem batidos. É bem legal a gente vir com essa bagagem. Acho que essa pressão não atrapalha. Realmente estamos preparadas e viemos para buscar a medalha de ouro”, afirmou a capixaba Luiza Fiorese, uma das 12 convocadas e integrante da categoria Paralímpica do Bolsa Atleta do Governo Federal.
Atual vice-líder do ranking mundial, o Brasil está no Grupo B dos Jogos Paralímpicos, ao lado de Ruanda, Eslovênia e Canadá. Na chave A estão França, Estados Unidos, China e Itália. As duas melhores de cada grupo avançam para as semifinais.
“Temos um pacto de não sair do pódio. Desde o Mundial da Bósnia mantivemos isso, sempre entre as três melhores seleções”, disse Fernando Guimarães. Na Copa do Mundo no Cairo, no Egito, em novembro passado, a seleção ficou com o bronze. Mais recentemente, no Super Six, em junho na Holanda, repetiu o bronze.
“A nossa reta final de preparação foi intensa. A gente conseguia se reunir pelo menos uma vez no mês, ficar uma semana treinando. Tivemos todo o suporte de fisioterapia, treinamento, nutrição e psicologia. O que a gente precisou teve, então a gente está super confiante”, afirmou a levantadora Fiorese, que teve um osteossarcoma no fêmur esquerdo e precisou substituir parte dos ossos da perna por uma endoprótese.
“Estamos tão unidas que desde o primeiro minuto da concentração decidimos fazer tudo juntas, inclusive as refeições”, completou a ponteira mineira Janaína Petit, eleita a melhor atleta da modalidade nas duas últimas edições do Prêmio Paralímpicos. A seleção está na França para aclimatação desde 13 de agosto.
PÓDIO INÉDITO - A Seleção masculina chega ao torneio com uma mescla de atletas veteranos e jovens talentos revelados nas Paralimpíadas Escolares, em busca de um pódio inédito. No Rio e no Japão, o time bateu na trave e ficou em quarto. “Fizemos fases de treinamentos mensais, torneios e intercâmbios. Precisamos comprovar dentro da quadra a qualidade que nos levou a ficar entre os melhores do ranking internacional. O desafio que estamos nos propondo é chegar até a final dos Jogos Paralímpicos de Paris”, resumiu o técnico José Agtônio Guedes. O Brasil estreia contra a Alemanha, na sexta-feira, 30, a partir das 13h (de Brasília). O Grupo B conta ainda com o Irã, maior potência do vôlei sentado, em especial em função do Morteza Mehrzad, de 2,47m, e a Ucrânia. No Grupo A estão França, Egito, Bósnia Herzegovina e Cazaquistão.
EXPERIÊNCIA E JUVENTUDE - O central Levi fez carreira no vôlei para atletas sem deficiência e chegou a disputar a Superliga. Ele tem artrodese no tornozelo direito e chega para a terceira participação paralímpica. “O vôlei sentado é mais dinâmico e rápido”, resumiu Levi, que compôs a seleção nas campanhas de Londres 2012, quando o país terminou na quinta colocação, e do Rio 2016, quarto lugar. Líbero da equipe, o goiano Raysson Ferreira, de 24 anos, foi descoberto na seleção de Goiás durante as Paralimpíadas Escolares. Amputado da perna esquerda em decorrência de tumor ósseo, ele vive a expectativa de estrear. “Obviamente que existem técnicas diferentes por jogar sentado, mas nós que somos mais jovens, ouvimos muitas orientações dos mais experientes”, disse.
PARA QUEM - No vôlei sentado, podem competir homens e mulheres com deficiência física ou relacionada à locomoção. São seis jogadores em cada lado, divididos por uma rede de altura diferente e em uma quadra menor do que na versão olímpica. A quadra mede 10m de comprimento por 6m de largura. A altura da rede é de 1,15m no masculino e 1,05m no feminino. É permitido bloqueio de saque, mas os jogadores devem manter o contato com o solo o tempo todo, exceto em deslocamentos. Os sets têm 25 pontos corridos e, o tie-break, 15. Ganha a partida a equipe que vencer três sets.
HISTÓRICO - O vôlei sentado passou a integrar o programa dos Jogos Paralímpicos na edição de 1980, num primeiro momento apenas para homens. As mulheres passaram a compor o programa em 2004, nos Jogos de Atenas, na Grécia. O Brasil estreou com os homens na edição de Pequim 2008, quando terminou em sexto. Já em Londres 2012, o Brasil teve representantes nos dois gêneros, com as Seleções masculina e feminina em quinto lugar. Os melhores resultados são os bronzes femininos em 2016 e 2021.
BOLSA ATLETA – Dos 280 atletas brasileiros em Paris, 274 são integrantes do Bolsa Atleta (97,8%), incluindo os 24 do vôlei sentado. Dos seis que não fazem parte atualmente, quatro já estiveram em editais anteriores. Os outros dois são guias, que correm ao lado de atletas com deficiência visual. O primeiro edital do Bolsa Atleta em que atletas-guia puderam ser contemplados foi o de dezembro de 2023, após a aprovação da Lei Geral do Esporte.
MEDALHAS – O Brasil tem 373 medalhas conquistadas em Jogos Paralímpicos, em 11 edições. São 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes. As três modalidades que mais garantiram pódios são, além do atletismo (170 medalhas), a natação (125 medalhas – 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes) e o judô (25 medalhas – cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes). Os Jogos Paralímpicos são de 28 de agosto a 8 de setembro.