Notícias
ESPORTE
Ministro do Esporte detalha agenda de grandes eventos no Brasil no Bom Dia, Ministro
O ministro André Fufuca (Esporte) durante o Bom Dia, Ministro desta quinta. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O ministro do Esporte, André Fufuca, enfatizou o calendário de grandes eventos esportivos que retornam ao Brasil nos próximos anos durante o Bom Dia, Ministro desta quinta-feira, 27/6. Na conversa com radialistas, ele também anunciou o reajuste de 10,86% no Bolsa Atleta, que vai beneficiar 9.075 esportistas olímpicos e paralímpicos.
O Brasil, pela primeira vez, tem uma Copa do Mundo pronta. Não teremos gastos com estádios, com centros esportivos e não teremos gastos com qualquer estrutura logística"
André Fufuca, ministro do Esporte
A 29 dias da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, o ministro falou sobre as expectativas para o megaevento na França e deu detalhes sobre os planos para realização, no Brasil, da Copa do Mundo de Futebol Feminino, em 2027, e sobre os Jogos do BRICS, no ano que vem. Ele afirmou ainda que o Governo Federal trabalha para ampliar o esporte feminino e se pronunciou sobre outros temas, como a Lei Geral do Futebol e a preocupação com projetos de inclusão do ministério e espaços voltados à prática de atividades esportivas, além de destacar o apoio da pasta ao Rio Grande do Sul após a tragédia climática no estado.
O Bom dia, Ministro é uma coprodução entre a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A conversa com o ministro do Esporte contou com a participação ao vivo de jornalistas das rádios Bandnews FM, de São Paulo; Rádio Nacional, do Rio de Janeiro; Nova Brasil FM, de Brasília; Rádio Metrópole, de Salvador; Rádio CBN, de Recife; Rádio Meio Norte, de Teresina; e Rádio Mais, de São Luís.
Acompanhe algumas das principais respostas do ministro:
OLIMPÍADAS DE PARIS – Já temos 237 atletas que conseguiram atingir as marcas necessárias para fazerem parte dos Jogos. E a gente vem com um diálogo franco com o COB (Comitê Olímpico do Brasil) e, acima de tudo, com o incentivo cada vez mais forte do Bolsa Atleta. O programa demonstra em atos e ações que é acertado para o Brasil. Desde a sua criação, já foram investidos mais de 1 bilhão e 600 milhões de reais. E os Jogos Olímpicos, os Jogos Pan-Americanos demonstram que o programa deu certo. Nas últimas Olimpíadas no Japão, dos 21 pódios, 19 pódios eram de beneficiários do Bolsa Atleta. É um programa que traz resultados concretos. Nos últimos Jogos Pan-Americanos, o Paradesporto, de todas as medalhas que o Brasil conseguiu, 92% eram beneficiários desse programa. Então é um programa exitoso, que a gente vem trabalhando cada vez mais para ampliá-lo. Este ano a gente atingiu o recorde, a marca histórica, de mais de 8.700 atletas beneficiários. Incluímos atletas gestantes, atletas puérperas, atletas surdos e, inclusive, também técnicos (atletas-guias) no Paradesporto.
MULHERES NO ESPORTE – Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, o Brasil vai levar a delegação de mulheres maiores do que a de homens. Pela primeira vez temos formação de núcleos esportivos só para mulheres no Brasil. Pela primeira vez na história a gente está trazendo a Copa do Mundo feminina para o país. E a gente está falando aqui de uma modalidade que há 40 anos atrás era crime. Então, graças ao esforço, à luta das mulheres, elas vêm conseguindo superar os preconceitos, superar os desafios. E se você for parar para analisar, quase todos os esportes que as mulheres estão à frente, elas têm um resultado muito forte, muito grande, positivo para o nosso país. Então eu tenho certeza que o que depender do Ministério a gente está 100% apoiando e 100% do lado (do esporte feminino).
ESPORTE FEMININO – Primeiramente quero dizer que uma das preocupações nossas é o incentivo ao esporte feminino. Quando falo do esporte não é apenas o futebol. E é por isso que pela primeira vez tivemos a formação de núcleos esportivos femininos para o incentivo do futebol feminino, que é o caso do que a gente fez em Porto Alegre. Agora estamos com a formação de mais 10 núcleos esportivos de futebol para as mulheres que serão espalhados em todas as regiões. Não adianta a gente falar que quer paridade, fortalecimento do futebol feminino, se não tiver ação em relação a isso. Foi pensando nisso que a gente trabalhou muito para que essa Copa do Mundo viesse e a gente acredita que ela vai ajudar a fomentar o futebol feminino no país, que acredito que é um gigante adormecido. Para que você tenha noção, a final do Brasileirão feminino deu mais de 40 mil pessoas. Há duas semanas a gente teve em Salvador 35 mil pessoas em uma terça à noite com chuva. Então é um gigante adormecido que, após a Copa do Mundo, vai trazer muito resultado ao Brasil no fortalecimento da mulher, no fortalecimento do esporte feminino e principalmente no fortalecimento do futebol.
ESTRUTURA A COPA DO MUNDO FEMININA – A gente não precisa gastar fortunas para construir estádios, complexos esportivos, centros de treinamento, logística e infraestrutura para os torcedores. O Brasil tem uma Copa do Mundo pronta. E uma das preocupações que tivemos junto à CBF foi de que as estruturas que fossem colocadas à disposição fossem prontas, que estão tendo campeonatos corriqueiramente para que não haja investimento e gasto com reformas, reconstruções. O Brasil, pela primeira vez, tem uma Copa do Mundo pronta. Não teremos gastos com estádios, com centros esportivos e não teremos gastos com qualquer estrutura logística. O Brasil, em 10 anos, avançou muito em qualquer tipo de infraestrutura logística e turística e está pronto para receber a Copa em 2027. Todas as regiões estão nesta primeira solicitação, nessa primeira demanda das dez sedes, das dez cidades.
SEDES – São locais que não precisarão ter esse investimento para o término de qualquer obra estruturante, porque já existem. A preocupação foi a de termos o mínimo de gasto possível e o máximo de rendimento para a sociedade brasileira. Tenho certeza de que algumas pessoas devem estar se perguntando: ‘mas Copa do Mundo feminina de futebol vai trazer esse tanto de gente para o Brasil?’ A Copa de 2023 foi na Nova Zelândia, que geograficamente é isolada. Trouxe dois milhões e meio de turistas. Você imagina o Brasil, que é um país que tem condições favoráveis geograficamente. Tem as belezas naturais, um povo acolhedor, toda uma estrutura logística e uma rede de turismo para receber da melhor forma qualquer tipo de turista e torcedor. Então, imagine só o potencial que a Copa vai trazer para o Brasil.
JOGOS DOS BRICS EM 2025 – A gente tem o Jogos do Brics como uma ponte entre a base e o alto desempenho. Seremos a próxima sede, em 2025. Pela primeira vez, o Brasil vai trazer esse tipo de campeonato. Inclusive, temos o interesse de que a sede seja no norte ou no nordeste, para que a gente possa impulsionar essas regiões. A gente foi analisar os avanços que tivemos e todos os programas de incentivo, como a Lei de Incentivo, Bolsa Atleta. Grande parte da concentração fica no sul, no sudeste do país. E aqui não estou falando mal, só acho que também temos que trabalhar para ter investimento e melhorias dessas ações no norte e no nordeste. Então, os Jogos do Brics chegam pela primeira vez no Brasil e acredito que serão uma mola propulsora para esses atletas que querem crescer nas suas modalidades, que querem avançar, querem progredir, querem deixar sua marca e o seu legado. (Os Jogos do BRICS são uma competição multiesportiva organizada pelos países membros, organização integrada, em sua composição atual, pela África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Índia, Irã e Rússia. O Brasil foi oficializado como sede no dia 22 de junho, durante reunião dos Ministros do Esporte do BRICS, realizada em Kazan, na Rússia, sede da edição dos jogos deste ano. O Brasil terminou a competição na quinta colocação no quadro de medalhas, se consolidando como uma das potências esportivas do evento. Os atletas brasileiros conquistaram 50 medalhas, sendo sete de ouro, 20 de prata e 23 de bronze, em diversas modalidades).
REAJUSTE DO BOLSA ATLETA – O Bolsa Atleta tem 20 anos de existência. É um programa que foi criado em 2004, no primeiro governo do presidente Lula. E há 14 anos não tem reajuste. Imagine só você que recebia o salário mínimo há 14 anos ter o mesmo hoje. A inflação corrói, a inflação engole. O presidente Lula tem total preocupação que a gente possa incentivar ao máximo o esporte nacional. E por isso autorizou, inclusive já conseguiu recursos, para que a gente faça o reajuste. Todos os beneficiários do Bolsa Atleta terão o valor reajustado.
COPA DO MUNDO DE GINÁSTICA – Também teremos no próximo ano uma etapa da Copa do Mundo de Ginástica no Brasil. O Ministério procurou com a Confederação de Ginástica trabalhar para que a gente pudesse trazer. E a gente acredita nesse potencial, dos nossos atletas e principalmente trazendo essas grandes competições para o Brasil. O Brasil está nos holofotes do mundo. Hoje a gente tem um presidente que é muito reconhecido e tem uma força grande fora do Brasil. A gente espera usar esse prestígio para trazer o máximo de competições internacionais aqui para o país.
INCLUSÃO SOCIAL – Temos hoje dois projetos que acho muito interessantes em relação à inclusão. Temos a criação dos TEAtivos, programa que será feito em todas as capitais do Nordeste (e que buca aprimorar o atendimento e a inclusão social de pessoas com Transtorno do Espectro Autista - TEA). Esse programa já está funcionando em Caxias e em Imperatriz, no Maranhão. Visa dar inclusão a todas as crianças e jovens de 6 a 18 anos que tenham o TEA. O segundo programa que teremos agora o lançamento de 10 núcleos é o SEMEAR (voltado ao crescimento do paradesporto e com o intuito de usar o esporte como estratégia de transformação social). O SEMEAR vai fazer a inclusão esportiva de crianças que tem algum tipo de síndrome rara. Estou falando aqui desde a alteração cromossômica da Síndrome de Down até outras mais raras.
DEMOCRATIZAÇÃO– Quando a gente assumiu o Ministério do Esporte, o presidente Lula tinha uma preocupação grande, que era a democratização de estruturas esportivas de qualidade. Eu vou só dar um dado pra vocês: 80% das escolas do país não têm estrutura esportiva para os alunos. 95% dos quilombos e aldeias não têm estrutura esportiva alguma. Foi por isso que a gente se preocupou em trabalhar para fazer um programa que alcançasse a todas as regiões. Não todas as cidades, porque a gente não tem a viabilidade orçamentária, mas todas as regiões. E foi a partir disso que criamos os Centros Esportivos Comunitários, que vão atingir todas as regiões do país. Todos os estados serão beneficiados. Teremos a construção inicial de 240 Centros Esportivos Comunitários. Isso através do PAC. E em associação com isso, já temos quase 200 Centros Esportivos Comunitários que o Congresso Nacional, deputados e senadores, alocaram recursos para que a gente possa também dar prosseguimento. A gente tem um projeto audacioso de até 2027 termos 1.000 Centros Esportivos Comunitários ou inaugurados ou em construção no país.
LEI GERAL DO FUTEBOL – A gente tem um gargalo grande no que diz respeito à Lei Geral do Futebol. Um atleta, no início da década de 70 e 80, tinha uma remuneração, talvez, se comparado ao dia de hoje, em torno de 2, 3 a 4% do que recebe um jogador no dia de hoje. E o futebol ampliou o leque em relação a todos os aspectos. Eu estou falando aqui hoje da ampliação do futebol masculino. Acreditamos no potencial do futebol feminino, então o que a gente vai ver no futuro é a ampliação do gargalo também para o esporte feminino. A gente tem hoje uma complicação grande em relação ao clube formador. A gente tem hoje uma complicação grande em relação à saída dos atletas. Não existe carreira de técnico no Brasil. O técnico da Série D, do time lá no interior de Manaus, no interior do Acre, não tem incentivo algum. Então tem todas as questões simples, pontuais, mas que devem ser sancionadas para que a gente tenha uma construção melhor do nosso futebol.
APOIO AO RIO GRANDE DO SUL – O Ministério do Esporte pediu, inclusive, a paralisação dos jogos junto à Federação Gaúcha. A gente solicitou a paralisação junto à CBF e a CBF, com a sua sensibilidade, atendendo essa solicitação e também da Federação, houve a paralisação. Junto a isso trabalhamos, primeiro, para liberar o mais rápido possível as emendas parlamentares. Foram quase 30 milhões de reais liberados para a área esportiva no Rio Grande do Sul. A Lei de Incentivo fizemos, um mês atrás, ações só para atender o Rio Grande do Sul, para que o Rio Grande do Sul pudesse ser atendido o mais rápido possível através dos certificados da Lei de Incentivo. E, junto ao MDS, uma preocupação nossa era em relação a alguns desportistas que não tinham o básico. Estou falando aqui de paradesportistas que não tinham, muitas das vezes, a refeição diária. E, junto ao MDS, nós conseguimos a destinação de duas mil cestas básicas para os desportistas do Rio Grande do Sul.
SEGURANÇA NOS EVENTOS – A gente fez uma parceria com o Ministério da Justiça, no ano passado, criando o programa Estádio Seguros. É um investimento maior em estruturação dos estádios para impedir que pessoas com condenação, fugitivas, que já tenha ficha criminal de agressão, de violência, possa adentrar os estádios. Esse programa já existe em alguns estádios do Brasil. Ele necessita de um investimento maior para que possamos espalhar para mais locais. O Ministério da Justiça, assim como o Ministério do Esporte, está focado para que a gente possa ter o máximo de paz, de tranquilidade para as famílias que irão fazer parte dessa construção, que é a Copa do Mundo Feminina, como também os turistas que vão vir de fora.
MANIPULAÇÃO DE RESULTADOS – A gente acredita que até o fim de julho já teremos a Secretaria de Apostas Esportivas no Ministério do Esporte. É uma secretaria que está sendo feita através de reestruturação junto à Casa Civil. Entre as ações e atribuições dessa secretaria teremos a questão da integridade esportiva. Integridade que, além de acompanhar a questão esportiva, tratará da questão das apostas. Não adianta a gente criar uma secretaria que vá fazer fiscalização, que vá trabalhar em cima de arrecadação de uma nova modalidade, que são as apostas esportivas, e não termos a integridade e transparência necessárias nesse ponto.