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COMBATE AO MOSQUITO
Dia D contra a dengue mobiliza o país na prevenção aos focos do mosquito
País mobilizado em torno do Dia D contra a Dengue. Ao centro, a ministra Nísia Trindade (Saúde) e o governador Renato Casagrande (Espírito Santo) durante uma das ações de prevenção na cidade de Serra
Teve coral com a meninada entoando “Xô, mosquito” em Baturité, município de 35 mil habitantes no interior do Ceará. Teve coreografia ao som do “Samba para acabar com a dengue” em Jaboatão dos Guararapes, cidade de 700 mil habitantes na região metropolitana de Recife (PE). Teve ação coordenada em Sol Nascente, um dos locais de maior índice de casos da doença no Distrito Federal. Teve a ministra Nísia Trindade (Saúde) em Serra, no Espírito Santo, falando da importância da união e da mobilização de Governo Federal, estados, municípios e da sociedade civil.
Só alcançamos esse objetivo de combate à dengue, de reduzir os focos do mosquito, aqueles dez minutos semanais de prevenção, se o Brasil estiver unido. Na saúde, se não tem união, não tem saúde”
Nísia Trindade, ministra da Saúde
E teve mais. O Dia D de Combate à dengue mobiliza todo o país neste sábado (2/3) em ações de prevenção para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, causador da doença. De visitas domiciliares de agentes de vigilância em saúde a palestras e vídeos educativos. De faixas e panfletagem a checklist dos dez minutos essenciais em casa. De mascotes do mosquito a exposições de microscópios e maquetes para conhecer melhor a larva, as formas de reprodução e como evitar a proliferação. Gente com megafone, gente com microfone, bate-papo na rua, carro de som.
“Só alcançamos esse objetivo de combate à dengue, de reduzir os focos do mosquito, aqueles dez minutos semanais de prevenção, se o Brasil estiver unido. Na saúde, se não tem união, não tem saúde”, resumiu Nísia Trindade, que escolheu o Espírito Santo para sua participação no Dia D por ser um dos estados em situação de emergência no país em função do número de casos de dengue.
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A participação de cada cidadão é essencial porque, segundo informações do Ministério da Saúde, cerca de 75% dos criadouros estão dentro das casas, como em vasos de plantas, caixas d’água, calhas, pneus ou garrafas e outras estruturas. "É nas casas que estão a maior quantidade de focos. É por isso que a gente veio dar orientações, realizar visitas domiciliares, com auxílio dos bombeiros e agentes de vigilância ambiental. É essencial fazer o tratamento dos ambientes para acabar com o foco. Acabando com o foco, acaba com o mosquito", ensinou Queila Cristina Mendes, chefe do Núcleo de Vigilância Ambiental de Ceilândia, no Distrito Federal.
ATENÇÃO - O Brasil vive um momento de atenção. O aumento no número de casos neste período não era esperado, considerando tendências históricas, que indicam o pico das epidemias entre março e abril. Os motivos têm raízes múltiplas, mas as alterações climáticas, em especial na época de chuvas, e a mudança nos sorotipos circulantes da dengue, são alguns dos fatores. Desde o início de 2024 até agora, um milhão de casos suspeitos de dengue foram notificados no país, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
É nas casas que estão a maior quantidade de focos. É por isso que a gente veio dar orientações, realizar visitas domiciliares, com auxílio dos bombeiros e agentes de vigilância ambiental. É essencial fazer o tratamento dos ambientes para acabar com o foco. Acabando com o foco, acaba com o mosquito"
Queila Cristina Mendes, chefe do Núcleo de Vigilância Ambiental de Ceilândia, no Distrito Federal
“Nós sabemos que apesar do grande número de casos, temos tido, comparado com ano passado, menos mortes. Isso porque as pessoas estão sendo cuidadas. O SUS garante isso”, explicou a ministra Nísia, ao lado do governador Renato Casagrande, do prefeito de Serra, Sérgio Vidigal, além de parlamentares, autoridades locais, representantes da Organização Pan-Americana de Saúde e dos conselhos estaduais e municipais de saúde.
“Temos hoje um ministério que está fortalecendo o Sistema Único de Saúde, fortalecendo a ciência, fortalecendo a vacina. Um país que voltou a fazer campanha de vacinação, para a gente recuperar o percentual de pessoas imunizadas. Hoje estamos com o Dia D em 53 municípios do Espírito Santo”, relatou o governador Renato Casagrande.
Depois do Espírito Santo, a ministra seguiria para Salvador, na Bahia, Unidade Federativa que também vive um momento de aumento do número de casos. “Vamos juntos nesse combate. Olhar cada vaso de planta, pneus, lixo urbano, caixa d’água destampada. Outro dia, as crianças me diziam em uma escola tudo o que precisava ser feito. Nós sabemos o que tem de ser feito. O importante é fazermos sempre, estarmos comprometidos com essa campanha que é em benefício da nossa vida”, concluiu Nísia Trindade.
AÇÕES - Entre as ações estratégicas coordenadas pelo Ministério da Saúde para enfrentamento da dengue está a ampliação para R$ 1,5 bilhão dos recursos para emergências e medidas de prevenção. Nesta semana, Distrito Federal, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Amapá e Bahia receberam repasses adicionais.
SINTOMAS - Neste momento, é importante que a população esteja atenta aos sintomas: em caso de febre alta, dores nas articulações, atrás dos olhos e manchas vermelhas pelo corpo, é preciso procurar um serviço de saúde. A hidratação, com muita água, deve começar imediatamente e o atendimento logo nos primeiros sintomas é essencial para evitar que a doença se agrave. É fundamental não tomar remédios por conta própria.
VISITAS - O trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias é igualmente necessário. Esses profissionais são responsáveis por vistoriar domicílios e locais públicos, identificando e eliminando situações de risco. É importante que a população receba os profissionais da saúde, sempre identificados por uniforme e crachá, para garantir a proteção coletiva. Atualmente, o Brasil conta com mais de 102 mil ACEs e mais de 267 mil ACSs.
MOBILIZAÇÃO - Em novembro de 2023, como parte das ações de comunicação regionalizada, o Ministério da Saúde lançou novas campanhas de mobilização social, voltadas à realidade de cada região do país e peculiaridades desse cenário epidemiológico. Em dezembro, foi instalada a Sala Nacional de Arboviroses, um espaço permanente de monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência das doenças. Com a medida, é possível direcionar as ações de vigilância de forma estratégica nas regiões mais afetadas.
QUALIFICAÇÃO - Ainda em novembro, a pasta emitiu uma Nota de Alerta sobre o aumento de casos de dengue e chikungunya no território nacional. Diante disso, o Ministério da Saúde qualificou, ano passado, cerca de 12 mil profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, para atuarem como multiplicadores para manejo clínico, vigilância e controle da doença. A medida permitirá a rápida identificação da doença.
ESTOQUES - O Ministério da Saúde normalizou os estoques de inseticidas, que estavam em situação crítica desde o início de 2023. Todos os estados estão abastecidos com os insumos. O reabastecimento também foi possível para os testes diagnósticos de controle da dengue: 126,04 mil reações de teste sorológico foram distribuídas, além de 47,6 mil unidades de exames de biologia molecular. Houve aquisição, ainda, de sais de reidratação oral, equipamentos portáteis para contagem de hemácias e de plaquetas.
VACINA - A nova gestão do Ministério da Saúde também expandiu, em 2023, o método Wolbachia como estratégia adicional de controle das arboviroses. A pasta fez o repasse de R$ 30 milhões para ampliar a tecnologia em seis municípios: Natal (RN), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC), além das cidades já incluídas na pesquisa. Além disso, o Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.
ESCOLAS - Em mais um importante passo para o enfrentamento das arboviroses, o Governo Federal lançou uma mobilização nas escolas públicas do país. Além de chamar e sensibilizar estados e municípios, a ação também faz parte da retomada do Programa Saúde nas Escolas, reestruturado em 2023, e marca a união de esforços dos Ministérios da Saúde e da Educação, ressaltando a urgência de combater o mosquito. Serão 20 semanas de atividades e engajamento das comunidades escolares. No âmbito do programa, 25 milhões de estudantes serão orientados em mais de 102 mil instituições públicas de ensino.