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Em três dias de disputas, Brasil já supera 100 medalhas e lidera com folga o Parapan de Santiago
Brenda Freitas: fã do RBD que ficou cega após um show hoje celebra o ouro no judô paralímpico em Santiago, no Chile. Foto: Ale Cabral/CPB
Com apenas três dias de disputas por pódios nos Jogos Parapan-Americanos Santiago 2023, o Brasil já passou das 100 medalhas e dos 50 ouros conquistados. Lidera com folga o quadro geral de medalhas da competição. O domínio é tão grande que nem somando os ouros dos seis países que estão atrás do Brasil no quadro de medalhas daria para chegar ao número conquistado pelos atletas nacionais.
Até a noite desta segunda (20.11), o time nacional havia conquistado 55 ouros, 38 pratas e 34 bronzes, um total de 127 medalhas. Os Estados Unidos, que estão em segundo no quadro geral, têm 14 ouros, 12 pratas e 20 bronzes. Nesta segunda, o Brasil bateu o recorde de medalhas conquistadas em um único dia: 51, superando o número de 46 de sábado (18/11).
Em seu perfil na rede social X (ex-Twitter), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou a qualidade da performance da delegação nacional. "O Brasil dando show nos Jogos Parapan-Americanos! Momento que nossos atletas mostram a força do esporte paralímpico", afirmou.
O judô se despediu de Santiago com a melhor campanha da história do Brasil na modalidade em Parapans. Foram 13 medalhas: seis ouros, quatro pratas e três bronzes, em primeiro lugar no quadro da modalidade.
O tênis de mesa também encerrou a participação no Parapan. E o Brasil deu show. No total, foram 38 medalhas conquistadas por mesa-tenistas brasileiros: 13 de ouro, 13 de prata e 12 de bronze.
Na piscina do Centro Aquático de Santiago, mais um dia com chuva de medalhas para a natação brasileira: nove ouros, sete pratas e três bronzes. No tiro esportivo, o Brasil levou um ouro, uma prata e um bronze nesta segunda.
ONIPRESENÇA - Das 127 medalhas conquistadas pelo Brasil, 124 têm a digital do Programa Bolsa Atleta do Governo Federal, ou seja, 97,63% dos pódios de atletas brasileiros tiveram a participação de pelo menos um bolsista.
RESGATE DA CONFIANÇA - Brenda Freitas viu O sonho de assistir ao show do RBD transformar-se em um pesadelo. Após passar por momentos intensos de nervosismo e emoção, aos 11 anos, ela foi dormir com forte dor de cabeça e, no dia seguinte, acordou totalmente cega. A história da jovem, contudo, não é marcada por lamentos, mas pelo resgate da confiança e da autoestima. Nesta segunda-feira (20.11), ela esteve no centro dos holofotes ao subir ao pódio para receber a medalha de ouro no judô para cegos durante os Jogos Parapan-Americanos.
Quero muito agradecer a todos que fazem parte desse ouro. A minha equipe, família, sensei, seleção brasileira e a Bolsa Atleta, que me ajuda cada vez mais a me dedicar aos meus treinos, melhorar minha performance para hoje estar no lugar mais alto do pódio"
Brenda Freitas, campeã dos Jogos Parapan-Americanos no judô
"Eu sou fã da banda até hoje. Na época, em 2006, eu era apaixonada. Fiquei ansiosa e nervosa. Quando acabou o show, saí com muita dor de cabeça. Dormi enxergando e acordei totalmente cega", recorda. "Ninguém sabia o que era. Fui ao hospital, fiquei internada e o médico disse que era uma inflamação na retina causada por herpes. Ela se manifestou pela forte emoção que passei. Minha imunidade baixou e ela se manifestou".
O judô paralímpico entrou em sua vida em 2018, quando tinha 23 anos. A primeira convocação para a seleção brasileira veio em 2022. "Depois que eu coloquei o quimono, fiquei completamente apaixonada pelo judô. O esporte entrou na minha vida de maneira avassaladora. Quando passei a praticar, me deu autonomia e uma confiança que, depois que fiquei cega, tinha perdido", revela Brenda.
A atleta lembra que nunca tinha imaginado representar o Brasil em grandes competições internacionais. "Nunca passou pela minha cabeça fazer parte da seleção. Eu só via pela televisão, acompanhava os atletas brasileiros e nunca imaginei estar aqui hoje. É uma realização que vai acima dos meus sonhos", comemora.
Em Santiago, a brasileira venceu o primeiro combate na categoria até 70kg J1/J2 contra a judoca da casa, a chilena Francisca Almanza. No confronto seguinte, superou a cubana Ariagna Hechevarría por ippon. Na busca pela medalha de ouro, finalizou a atleta da Argentina Nadia Boggiano novamente por ippon, e garantiu sua primeira medalha em sua estreia na maior competição esportiva das Américas.
"Estou muito feliz com essa conquista. O Parapan é um evento gigante. Vir aqui representar meu país da melhor forma possível, sendo campeã, é emocionante. Esse sentimento não está cabendo no meu coração", afirma. Atualmente, Brenda Freitas recebe o benefício da Bolsa Pódio. O suporte do Governo Federal garante o valor de R$ 15 mil por mês durante 12 meses, permitindo que ela mantenha o foco no esporte, garantindo melhores condições de treinamento e viagens para as competições internacionais.