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EDUCAÇÃO MIDIÁTICA
Webinários apresentam experiências em educação midiática para profissionais de todo o país
Lucas Chevalier apresentou a visão francesa do tema no webinário “Perspectivas Internacionais em Educação Midiática", nesta quinta-feira (26) - Foto: SecomVc YouTube
Profissionais de educação de todo o Brasil tiveram a oportunidade de aprender sobre boas práticas, desafios e estratégias para a educação midiática tanto no país quanto no exterior, com a transmissão de três webinários entre os dias 24, 25 e 26 de outubro. Os eventos fizeram parte da programação da 1ª Semana Brasileira de Educação Midiática, realizada pela Secretaria de Comunicação Social (SECOM) da Presidência da República, que terá seu encerramento nesta sexta-feira, 27 de outubro.
Todos os webinários foram transmitidos ao vivo pelos canais da SECOM e do Ministério da Educação (MEC) no YouTube, e continuam disponíveis online nestes links. Segundo a coordenadora de Educação Midiática da Secretaria de Políticas Digitais da SECOM (Poldigi), Mariana Filizola, os seminários online atraíram cerca de 700 espectadores.
“Os webinários foram uma parte essencial da programação porque permitiram que educadores de todo o Brasil tivessem acesso a experiências de educação midiática sob diferentes perspectivas, como educação popular e educomunicação. Foi também uma experiência que permitiu que as pessoas conhecessem um pouco sobre como a temática é desenvolvida em outros países, graças à participação nos webinários de especialistas do Reino Unido, França, Dinamarca e Finlândia. Um dos nossos objetivos na Semana era possibilitar essa troca de experiências e práticas e acredito que fomos bem-sucedidos”, comentou ela.
TEMAS - O primeiro webinário "Boas práticas em Educação Midiática no Brasil", realizado na terça-feira (24), teve a participação de especialistas, professores, gestores de políticas públicas e profissionais da Educação Midiática, que trouxeram experiências de diferentes regiões do país, abrangendo projetos acadêmicos, sociais, educacionais e de políticas públicas e destacando o foco nas comunidades onde eles são realizados.
“Estamos cada vez mais num ecossistema hiperconectado, em que estamos sujeitos a vários conteúdos e várias propostas de mensagens, e esses ambientes em geral não foram pensados para as crianças. Inclusive muitas dessas plataformas, que são nossos ambientes de convivência online, elas usam isso como uma desculpa, mas as crianças estão lá. E de que maneira a gente pode pensar dos dois lados? Criticamente a reconstrução desses ambientes, para que eles sejam adequados e seguros por design desde o princípio e, do outro lado, que a gente possa pensar a qualidade da comunicação que essas crianças e esses jovens recebem e produzem, e de que maneira eles podem também ter uma leitura mais crítica dessa mídia, de que maneira eles podem estar mais conscientes do que está ali ao seu redor”, afirmou Georgia da Cruz Pereira, professora do curso de Sistemas e Mídias Digitais da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Coordenadora do LabGRIM-UFC (Laboratório de Pesquisa da Relação Infância, Juventude e Mídia), uma das participantes.
Na quarta-feira (25), a programação envolveu o webinário “Emancipação no mundo digital: desafios e interfaces da Educação Midiática, Educomunicação e Educação Popular”. Centrado na escola e nas comunidades como ponto de partida para as iniciativas educacionais, o diálogo buscou integrar diferentes abordagens que permitam ações de combate à manipulação e desinformação, de construção de narrativas e protagonismo da população.
"Eu acredito muito na mídia hiperlocal. A gente tem um papel importantíssimo no combate à desinformação quando a gente traz aqui as verdades e a realidade da favela nua e crua e de que maneira cada um de nós pode e deve fazer alguma coisa para mudar essa realidade, o Voz é um pouco disso", afirmou o jornalista e ativista Rene Silva, fundador do Jornal Voz das Comunidades.
"Nós devemos desafiar a perspectiva colonialista, reconhecer autores e lideranças locais, cultivar a escuta ativa, promover organizações locais e regionais, dar espaço e voz para mulheres e meninas, comunicar em linguagens não-dominantes, reconhecer a importância de sistemas, signos e simbologias locais, priorizar a cooperação institucional e valorizar a diversidade. Estes são caminhos para gente falar sobre educação midiática e para formar políticas públicas consistentes e sustentáveis para o futuro", analisou Beatrice Bonami Rosa, professora da Universidade de Tübingen (Alemanha).
Na quinta-feira (26), o webinário “Perspectivas Internacionais em Educação Midiática” encerrou a programação, com a participação de representantes de quatro países que são referências na Educação Midiática: Dinamarca, Finlândia, França e Reino Unido. Eles falaram sobre as experiências acumuladas ao longo de décadas, com suas diferentes perspectivas, e do conhecimento obtido.
Leo Pekkala, diretor do Instituto Nacional de Audiovisual da Finlândia, relatou que as políticas de educação midiática em seu país vêm sendo adotadas, com diferentes denominações, desde a década de 1950. Nesses mais de 70 anos, a comunidade acadêmica finlandesa detectou aspectos importantes para elaboração de políticas educacionais em conhecimentos de mídia.
“Acreditamos que, muitas vezes, as pessoas querem resultados rápidos contra problemas específicos, como desinformação, fake news, notícias conflitantes, o que for. E toda vez nós os desapontamos. É um processo longo, um trabalho contínuo. Outro problema é a medição de resultados, que é difícil, como tudo em educação. Queremos ensinar pensamento crítico, mas não temos como medir. Conhecimento de mídia não é a solução definitiva, mas parte de uma série de políticas que deve ser adotada para trabalhar essas questões”, explicou.