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BOM DIA, MINISTRA
Margareth Menezes: “As políticas culturais são para todo o Brasil”
Margareth Menezes, ministra da Cultura, durante o Bom Dia, Ministra desta quarta-feira (27) - Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, foi a entrevistada da semana no programa “Bom Dia, Ministra”. O bate-papo com radialistas de todo o país ocorreu nesta quarta-feira (27/9).
Na ocasião, a ministra discutiu e detalhou os avanços do Ministério da Cultura na reconstrução do setor cultural brasileiro e o sucesso obtido na aplicação da Lei Paulo Gustavo. Margareth Menezes destacou a importância da descentralização do fomento cultural no país.
"As políticas são para todo o Brasil, todo o setor. Nós não vamos deixar de fazer as coisas que já fazíamos do apoio ao Rio e São Paulo porque são indústrias que já se consagraram na sua força, mas nós temos que desregionalizar. A visão do Ministério da Cultura é a nacionalização do fomento para que, também, nas outras regiões e todas as cidades, possam também atender aquela produção artística local", afirmou a ministra
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Na entrevista, ela falou também sobre a agenda internacional cumprida por ela, que celebrou reuniões bilaterais nos Estados Unidos, Índia, Singapura, Emirados Árabes e México para reaquecer o setor econômico da cultura entre Brasil e os demais países.
A ministra lembrou da importância de se implementar políticas públicas para auxiliar pessoas afetadas por catástrofes, como aconteceu com as vítimas atingidas pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul, e falou sobre o importante papel da cultura na construção de uma identidade nacional e o resgate da memória para guiar as futuras gerações.
Participaram do programa: Rádio Acústica FM (Camaquã/RS), Rádio FM O Tempo (BH), Rádio Cultura (Pará), Rádio Jornal Recife (PE), Rádio Nacional do Rio de Janeiro (RJ), Rádio Metrópole (BA) e BandNews (DF).
Confira algumas respostas da ministra:
CULTURA DESCENTRALIZADA – As políticas são para todo o Brasil, todo o setor. Nós não vamos deixar de fazer as coisas que já fazíamos do apoio ao Rio e São Paulo porque são indústrias que já se consagraram na sua força, mas nós temos que desregionalizar. A visão do Ministério da Cultura é a nacionalização do fomento para que, também, nas outras regiões e todas as cidades, possam também atender aquela produção artística local. Aquele grupo de cultura dali onde está a nossa identidade de manifestação cultural do Brasil. Essa pluralidade toda pertence ao povo brasileiro, então, nesse sentido, o fomento à cultura tem que acontecer nacionalmente também.
LEI PAULO GUSTAVO – Com relação à execução da Lei Paulo Gustavo, tivemos a grata sorte do fruto do trabalho do ministério de conseguir a adesão de 98% dos municípios do Brasil, mandando seus planos de cultura para o ministério e aí, agora, começam as prefeituras a lançarem seus editais, que é esse o segundo movimento para que essa lei consiga chegar aos produtores, aos agentes culturais, ao setor da cultura. Alguns estados já lançaram, outros começaram, as cidades também. É um processo de adaptação porque é uma rede nova, praticamente, nesse tipo de processo. Mas eu acho que esse trabalho foi um trabalho gigante do ministério. A gente conseguir reacender essa comunicação num país que estava com uma certa divisão de visão política, mas a cultura, ela é do pertencimento do povo brasileiro. E, por isso, eu acho que foi muito positivo essa resposta que tivemos e, agora, colocar em ação os editais, nós teremos representações também do ministério em todos os estados para acompanhar, para auxiliar. O processo está sendo agora reativado.
LEI ALDIR BLANC – Além da Lei Paulo Gustavo, estamos preparando também o Plano Nacional da Lei Aldir Blanc, que dará continuidade a esse processo de irrigação do fomento em todas as cidades durante cinco anos. Isso garantirá, durante cinco anos, uma facilitação para o produtor, para o setor cultural e para o povo também receber a cultura de maneira mais constante, feita pela sua própria região, pelo seu próprio artista. Então isso, para nós, é o começo de um desbloqueio do setor econômico da cultura. Acho que isso será uma resposta muito importante para todos nós.
INTERNACIONAL – Para você ter uma ideia: no G20, na Índia, eu tive doze bilaterais. De Singapura a Emirados Árabes, México, enfim, a Índia, todos eles buscando abertura para potencializar ações culturais com o Brasil. Trocas de oportunidades com os artistas, fazer a circulação dessa cultura, a questão do audiovisual, que está muito potente. São países que têm espaço para esses acontecimentos. Alguns onde já acontecem. Agora, no Mercosul, estamos resgatando algumas ações importantes que tinham sido paradas. Com a Argentina, que sempre foi uma grande parceira em produções bilaterais no Brasil. Retomando com Portugal e países africanos também. Retomando todas essas relações de produção bilateral cinematográfica. E isso fortalece demais a nossa cultura e promove também abrir empregos, abrir essa possibilidade da gente girar a economia da cultura do Brasil.
CHUVAS NO RS – Nós queremos criar uma ação que, para quando acontecem momentos como esse, também o setor cultural tenha um socorro emergencial. Acho importantíssimo. Isso também vem no nosso raio de ação do ministério, desde a recriação do ministério, porque a Lei Paulo Gustavo é uma lei emergencial. Então, nós queremos ter alguma coisa exclusivamente para isso. É uma discussão que estamos tendo na diretoria que temos que trata dos trabalhadores e trabalhadoras da cultura.
CIRCULA MinC – Fizemos um projeto chamado Circula MinC, onde o Ministério da Cultura esteve em todos os estados e agora, também, indo às capitais. Esse contato não parou. Tem gente do Ministério da Cultura fazendo ações presentes, explicando as novas políticas do ministério. Tudo isso é esse momento de religação, com essa visão nacional. Eu acho que esse trabalho faz parte da reconstrução desse momento e fortalece o acontecimento cultural em todo o Brasil.
PAC SELEÇÕES – Hoje à tarde já estarei em Minas Gerais fazendo esse contato corpo a corpo com a população de Minas e o setor cultural de algumas cidades. Essa retomada está sendo em todas as áreas do acontecimento da cultura. Nós encontramos uma desconstrução, uma descontinuidade das áreas paradas. E, no IPHAN, não foi diferente. O presidente do IPHAN, Leandro Grass, está fazendo um trabalho incrível. O IPHAN já tem entregado obras potentes de reconstrução, de reparação, no Brasil inteiro. O IPHAN foi agraciado, entrou no PAC, é um projeto que tem esse viés da construção, mas é uma reconstrução que faz parte do nosso patrimônio. O patrimônio da cultura brasileira. E o IPHAN tem esse cuidado, cuida do patrimônio material e imaterial. Então, dentro do PAC, são R$ 700 milhões para as obras do IPHAN para essa reconstrução em todo o país.
INDÚSTRIAS CRIATIVAS EM BELÉM – E Belém, quando o presidente Lula traz a COP para Belém, ele já provoca com isso toda uma visão de reestruturação de preparação. Belém, nesse momento, ficará no foco do mundo inteiro, mas é a região Norte, região amazônica, para trazer a visão do mundo para conhecer a realidade de quem mora ali e o que realmente acontece, o que necessitamos. Esse bioma que temos, no momento, é essa coisa linda que é a Floresta Amazônica. Ela é, hoje, um acontecimento que cuidar da Amazônia é um querer e uma necessidade mundial. Então é preciso que a gente entenda o que significa o desequilíbrio, o desmatamento que foi sofrido. Precisamos reconstruir e construir políticas adequadas para o lugar. Quando se fala em fazer alguma coisa lá, existe também toda a consideração do movimento de toda essa região, que não é como em outros lugares do Brasil. Num ato para provar nossa sensibilidade, é o MICBR (Mercado das Indústrias Criativas do Brasil), para abraçar essas indústrias, mas com uma visão regional. Queremos que esse encontro do fazer cultural, quem compra cultura e quem faz cultura, provoque essa visão. Essa é uma das nossas ações de descentralização do fomento, de nacionalização da visão do fomento do Ministério da Cultura. Será muito potente essa COP e também o MICBR.
RESGATE HISTÓRICO – O Brasil é desse tamanho, um país gigante, continental e, quando a gente faz uma ação de reparação como Cais do Valongo e trazer também o Museu da Democracia, onde a gente possa contemplar também e ter ali a memória das coisas que foram feitas e não podemos repeti-las, é importante para você referenciar as novas gerações, é importante pra gente se sentir civilização. A civilidade passa por essa questão, de você entender os direitos de cada um. E nós, no lugar de ministério, de governo, temos a necessidade de tratar todos os cidadãos brasileiros com acesso a todas as políticas. Lugar de governo não é lugar de escolher quem atender, é lugar de fazer política para atender a todos, para que todos recebam um tratamento de qualidade, tenham uma melhora de vida.