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LUTA POR DIREITOS
Marcha das Margaridas colore a capital federal com mais de 100 mil mulheres
A seca da capital foi preenchida com os chapéus e as cores das margaridas - Foto: Ricardo Stuckert / PR
A manhã desta quarta-feira, 16/8, em Brasília, foi diferente. Mais de 100 mil mulheres fizeram o trajeto do Parque da Cidade até a Esplanada dos Ministérios e demonstraram sua força na luta por justiça e dignidade na 7ª edição da Marcha das Margaridas. A seca da capital foi preenchida com os chapéus e as cores das flores, em especial a margarida, com as vozes e a energia feminina vindas dos quatro cantos do país.
O nome da marcha homenageia a paraibana Margarida Maria Alves, símbolo nacional de luta dos direitos das mulheres trabalhadoras do campo. Neste ano, diversas caravanas com mulheres trabalhadoras rurais, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, sem-terra, extrativistas, LGBTQIA+ e moradoras de centros urbanos marcaram presença no ato.
Em resposta às demandas das margaridas, o Governo Federal preparou um conjunto de medidas que atendem parte das principais reivindicações, como a retomada do Programa Nacional de Reforma Agrária, com prioridade para as mulheres, e a criação do Programa Quintais Produtivos, voltado para a promoção da segurança alimentar e nutricional e da autonomia econômica das mulheres rurais.
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A marcha de 2023 foi abrilhantada com a presença de mulheres de diversas cidades maranhenses. Maria das Dores, do município de Bom Jardim (MA), foi pela primeira vez ao evento com a caravana Mulheres em Luta. “Viemos em quatro ônibus, mas no meu ônibus foram cerca de 45 pessoas. Venho pela primeira vez e estou achando maravilhoso participar da marcha”, comentou.
Caravana Mulheres em Luta Urandi, do município de Bom Jardim (MA) | Foto: Jessica Gomes/Divulgação
Francilene Ferreira conta que saiu de Pirapemas, interior do Maranhão. “Uma cidadezinha pacata”, afirma. Ela, que é do Sindicato dos Trabalhadores Rurais no município, conta já ter participado de quatro marchas, mas que a deste ano é diferenciada. “Viemos na marcha passada, de 2019, e não fomos muito bem-recebidas. E hoje saímos em marcha com toda alegria, mesmo com as pernas tremendo de cansaço, mas estamos aqui felizes, lutando pelos nossos direitos”, declarou.
MULHERES INDÍGENAS – Do estado da Paraíba, terra de Margarida Maria Alves, vieram mais de 300 mulheres. Entre elas, 15 mulheres indígenas potiguaras, lideradas pela Comadre Guerreira. “Para nós, esse momento é uma reconstrução pelo bem-viver e de grande importância para todo povo do Brasil, especialmente para nós, mulheres e indígenas”, declarou Comadre Guerreira, que também é presidente da Associação das Mulheres Guerreiras Indígenas Potiguaras (AMGIP).
Comadre Guerreira, presidente da Associação das Mulheres Guerreiras Indígenas Potiguaras, da Paraíba | Foto: Jessica Gomes/Divulgação
Em sua fala emocionada, Guerreira comenta sobre o orgulho que sente ao participar do evento com a presença do presidente Lula. “Para o povo potiguara, o presidente é uma benção. Lula nos tirou da miséria, nos tirou da morte que levou muitos de nossos parentes. Valeu a pena o nosso grito pra chegar nesse momento tão especial”, afirmou.
Antes de chegarem a Brasília, as mulheres indígenas potiguaras já contavam com o apoio do Instituto de Mulheres Maria Bonita, com sede no Distrito Federal. A presidente do instituto, Neide Paula, conta da alegria de receber mulheres de outras unidades da Federação. “Viemos para dar apoio a nossas amigas que estão vindo da Paraíba. Nós achamos por bem fazer um mimo, né? Elas já vêm tão sofridas nesses ônibus, uma viagem longa. Levamos chocolates, cobertores, colchonetes, fizemos flores, margaridas, para que elas se sintam bem à vontade aqui na nossa cidade”, explicou Neide.
Caravana do município de Aracoiaba, no Ceará: 33 ônibus com mulheres do estado foram a Brasília | Foto: Jessica Gomes/Divulgação
CEARÁ – Uma das grandes caravanas na Marcha das Margaridas 2023 foi a do estado do Ceará. Foram 33 ônibus trazendo pessoas de várias partes do estado. Marilene Campelo, do município de Aracoiaba, região da grande Fortaleza, contou que se sente honrada em participar do momento. “Agora vamos ver os frutos que serão trazidos pela luta das mulheres margaridas de todo o Brasil”, comentou.
Marilene diz que estar em Brasília novamente é a realização de um sonho. Ela veio rodeada de mulheres de várias outras cidades cearenses, como Baturité e Pacoti. Uma delas é Rosangela Fernandes, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que reconhece o esforço de todas as mulheres. “Estamos aqui prestigiando essa grande marcha que foi construída ao longo dos anos por todas nós”, destacou.
Elaine Becker e Elma, de Mato Grosso do Sul, foram pela primeira vez à Marcha das Margaridas: emoção | Foto: Jessica Gomes/Divulgação
Da região Centro-Oeste, a dupla Elaine Becker e Elma foi pela primeira vez à Marcha das Margaridas diretamente de Mato Grosso do Sul. “Nós somos de Campo Grande e viemos com duas delegações de 88 pessoas. Eu acho que estamos no caminho certo em estar aqui”, comentou Elaine. Com um sorriso no rosto, Elma completou: “É muito emocionante”.