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BNDES capta US$ 500 mi com CDB para investimentos em energia, economia verde e alta tecnologia
A operação é a primeira etapa de um acordo mais amplo, de US$ 1,3 bilhão - Foto: Fernando Frazão (Ag Brasil)
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou contrato de empréstimo externo no valor de US$ 500 milhões com o Banco de Desenvolvimento da China (CDB, da sigla em inglês China Development Bank), nesta terça-feira (22/8), durante a XV Cúpula do BRICS, na África do Sul. Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, participou da cerimônia de assinatura.
O relacionamento entre BNDES e CDB, instituição de fomento do país asiático, teve início em 2007, quando foi negociado o financiamento destinado à construção do Gasoduto Sudeste-Nordeste, que resultou na celebração do contrato de empréstimo externo no valor de US$ 750 milhões. Nos anos seguintes foram assinados memorandos de entendimento e acordos de cooperação entre as instituições, que se comprometeram a buscar novas oportunidades de cooperação em projetos com potencial de interesse mútuo dos países.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ressaltou que a “captação com o CDB é mais um passo na direção da diversificação das fontes de recursos para o BNDES, gerando, futuramente, mais emprego e mais renda em nosso País”. De acordo com Mercadante, as captações com organismos internacionais têm papel relevante na retomada dos desembolsos do Banco. “Por isso, o BNDES vem envidando esforços para concretizar tais operações de captação, tanto com parcerias institucionais tradicionais, nas quais já existe um longo histórico de cooperação, como também nas operações com novos parceiros”.
OPERAÇÕES DE FINANCIAMENTO — Os recursos do empréstimo externo (que contará com prazo de pagamento de até três anos) serão utilizados como parte do orçamento de investimentos do BNDES para operações de financiamento nas linhas já disponibilizadas pela instituição aos clientes finais, o que inclui a promoção do comércio bilateral entre Brasil e China.
Sobre os segmentos que serão atendidos pelos recursos, Luciana Costa sublinhou que “o Brasil deve ter a ambição de se tornar uma potência verde. A parceria entre o BNDES e o CDB vai contribuir para o desenvolvimento e o fortalecimento de setores estratégicos para uma transição ecológica e justa”.
Os clientes destas linhas de financiamento são empresas privadas e entes públicos que demandam crédito do BNDES. Os investimentos, nas condições previstas nas políticas operacionais do Banco, poderão ser feitos em diversos setores, como infraestrutura, energia, manufatura, petróleo e gás, agricultura, mineração, saneamento, agenda ESG, mudança climática e desenvolvimento verde, prevenção a epidemias, economia digital, alta tecnologia e gestão municipal, entre outros.
NOVO MARCO NA PARCERIA — A diretora de Mercado de Capitais e Finanças Sustentáveis do BNDES, Natália Dias, afirmou que o novo contrato é um marco na parceria com o banco de desenvolvimento chinês. A captação evidencia, segundo ela, “a retomada do relacionamento do ponto de vista de empréstimos com o CDB e demonstra o alto interesse dos países asiáticos em relação a oportunidades no Brasil”.
O tempo recorde entre a negociação do acordo (iniciada em março) e o fechamento do contrato de empréstimo, que será desembolsado nos próximos dias, “mostra a disposição de colaboração entre as duas instituições”, avalia Natália. A operação de US$ 500 milhões é apenas a primeira etapa de um acordo mais amplo que, conforme a diretora, prevê uma segunda operação de até US$ 800 milhões.
O acordo para captação de até US$ 1,3 bilhão foi assinado pelo BNDES e o CDB ainda em abril. O documento definiu as condições gerais que serão detalhadas em dois eixos: um destinando US$ 800 milhões para investimentos de longo prazo e outro de US$ 500 milhões para aplicações de curto prazo.
Para Natália, a efetivação tem um significado importante para a captação de recursos financeiros para investimentos (funding) do Banco: "Estamos em um momento de maior abertura com os organismos multilaterais, que vêm se tornando uma fonte de recursos cada vez mais importante para o BNDES, dado que oferecem linhas de longo prazo, com custo competitivo e focadas em setores estratégicos para o Banco, como transição energética e infraestrutura".