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MAPA DA FOME
Fome no Brasil piorou nos últimos três anos, mostra relatório da FAO
Aa partir de 2016, os índices insegurança alimentar grave só pioraram - Foto: Divulgação (MDS)
O relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI), publicado nesta quarta (12/7) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), confirmou a piora dos indicadores de fome e insegurança alimentar no Brasil. Em 2022, segundo o relatório, 70,3 milhões de pessoas estiveram em estado de insegurança alimentar moderada, que é quando possuem dificuldade para se alimentar. O levantamento também aponta que 21,1 milhões de pessoas no país passaram por insegurança alimentar grave, caracterizado por estado de fome.
O cenário traz preocupação, pois o Brasil saiu do Mapa da Fome em 2014-2015. Porém, a partir de 2016, os índices só pioraram provocando o retorno em 2022, com sua situação piorada ainda mais no relatório atual. Segundo o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate a Fome, Wellington Dias, essa piora foi o resultado do desmonte das políticas públicas sociais que vivemos nos últimos anos.
O país sofreu muito nos últimos três anos pela falta de cuidado e atenção com os mais pobres. Se tornou comum ver pessoas passando fome, na fila por ossos e catando comida no lixo para se alimentar. Isso foi a quebra e interrupção de um trabalho iniciado pelo presidente Lula em seus primeiros governos e que trouxe grandes avanços nesta área
WELLINGTON DIAS
Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate a Fome
"O país sofreu muito nos últimos três anos pela falta de cuidado e atenção com os mais pobres. Se tornou comum ver pessoas passando fome, na fila por ossos e catando comida no lixo para se alimentar. Isso foi a quebra e interrupção de um trabalho iniciado pelo presidente Lula em seus primeiros governos e que trouxe grandes avanços nesta área. Esse relatório da FAO comprova que os últimos anos representaram um período de degradação da população mais pobre do nosso país", destacou o ministro.
Wellington Dias destaca que com a implantação total do novo Bolsa Família e seus novos adicionais por crianças, gestantes e adolescentes até 18 anos incompletos, o Governo Federal proporcionou — agora em junho de 2023 — a retirada de 18,5 milhões de famílias da linha da pobreza.
"Desde sua recriação, no início deste ano, o programa Bolsa família proporcionou a retirada de 43,5 milhões de pessoas da linha da pobreza. Isso significa que elas têm uma renda per capita garantida acima de R$ 218. Essa é uma ação de várias outras que estamos desenvolvendo para reduzir a pobreza e tirar o país novamente do mapa da fome. Todo esse trabalho tem garantido alimento na mesa dos mais necessitados", ressaltou.
Para Rafael Zavala, representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, o relatório mostra uma tendência que indica que será difícil atingir a meta de acabar com a fome no mundo até 2030.
"Além dos problemas de saúde causados pela pandemia globalmente, o mundo enfrenta dois grandes desafios: a fome e a má nutrição. Um em cada dez pessoas no mundo passa fome. Vemos que o mundo produz alimentos suficiente, mas há um grande problema de distribuição. Contudo, o caso do Brasil é diferente, graças as políticas publicas fortalecidas recentemente e à gigante produção alimentar, estamos certos de que o país irá sair novamente do mapa da fome, sem dúvidas", destacou.
O documento foi desenvolvido em conjunto com o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Programa Mundial de Alimentos (WFP).
PLANO BRASIL SEM FOME — O Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate a Fome (MDS) e mais 23 ministérios em conjunto preparam o lançamento do plano Brasil sem Fome. A ação foi construída a partir do aprendizado da trajetória que levou o país a sair do Mapa da Fome. Programas como o Fome Zero e o Brasil Sem Miséria inspiraram a aposta na reativação de um repertório de políticas públicas que fizeram do Brasil uma referência mundial nessas áreas.
O Plano Brasil Sem Fome organiza-se em três eixos:
◉ Acesso à renda, redução da pobreza e promoção da cidadania;
◉ Segurança Alimentar e Nutricional: alimentação saudável da produção ao consumo;
◉ Mobilização para o combate à fome.
Metas do Brasil Sem Fome e seus Eixos
▸ Tirar o Brasil do Mapa da Fome até 2030;
▸ Reduzir a extrema pobreza (a 2,5%) e a pobreza, com inclusão socioeconômica;
▸ Reduzir a insegurança alimentar e nutricional.
A FOME NO MUNDO – Segundo o relatório da FAO, em 2022 o número de pessoas que passaram fome no mundo aumentou em 122 milhões de pessoas em relação a 2019 — antes da pandemia de Covid-19. Os dados apontam que entre 691 e 783 milhões de pessoas sofreram com a fome no ano passado, uma média de 735 milhões. A África continua sendo a região mais afetada, com uma a cada cinco pessoas passando fome no continente, mais que o dobro da média global.
Além da pandemia, questões políticas e ligadas ao meio ambiente, com repetidos choques e conflitos climáticos, incluindo a guerra na Ucrânia, agravaram o cenário. Conforme a FAO, caso essas tendências permaneçam, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (que visa acabar com a fome até 2030) não será alcançado. Projeta-se que quase 600 milhões de pessoas ainda passarão fome em 2030.
"Há raios de esperança, algumas regiões estão a caminho de atingir algumas metas nutricionais até 2030. Mas, no geral, precisamos de um esforço global intenso e imediato para resgatar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Devemos construir resiliência contra as crises e choques que levam à insegurança alimentar – do conflito ao clima", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, por meio de uma mensagem de vídeo durante o lançamento do relatório na sede da ONU em Nova York.