Notícias
AGRONEGÓCIO
Fávaro: “Maior ganho deste Plano Safra é a sustentabilidade”
O ministro Carlos Fávaro durante o Bom Dia, Ministro: maior Plano Safra da História. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, ressaltou que a preocupação com as práticas sustentáveis de produção no agronegócio brasileiro é o principal ponto do Plano Safra, anunciado pelo Governo Federal nesta terça-feira (27/6) com valor recorde de R$ 364,2 bilhões em crédito para financiamentos no setor.
Estamos mudando essa retórica e mostrando que agricultura, pecuária e meio ambiente vão caminhar juntos para o benefício da população brasileira e para o benefício da população mundial"
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
“O maior ganho deste Plano Safra é que ele tem como âncora a sustentabilidade, respeitar o meio ambiente”, afirmou o ministro. A declaração foi dada durante o Bom dia, Ministro desta quarta (28/6). O programa foi retomado por meio de parceria entre a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM) e a Empresa Brasil de Comunicação – EBC.
Nesta semana, o programa contou com a participação ao vivo de jornalistas das rádios Banda B, da Região Sul, Rádio Centro América (Cuiabá), Rádio Cultura (Belém), Capital Notícia (Mato Grosso), FM Monteiros News (Itapipoca – CE), Rádio Hora (Mato Grosso do Sul), Rádio Nacional (Brasília), Rádio Oeste FM (Barreiras – BA) e BAndnews FM em Porto Alegre e São Paulo.
Ao responder questões levantadas pela imprensa de todo o país, o ministro abordou temas como a situação dos pequenos e médios produtores, a dependência do país de fertilizantes importados e o que está sendo feito para resolver esse problema, além de uma análise sobre investimentos em estocagem e escoamento.
Acompanhe algumas das principais declarações do ministro. Carlos Fávaro tem 53 anos, foi eleito senador por Mato Grosso nas últimas eleições, é empresário e produtor rural, foi vice-governador do estado entre 2015 e 2018 e vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil em 2010.
SUSTENTABILIDADE – Existia um equívoco histórico no Brasil em achar que a produção de alimentos, a agropecuária brasileira e a questão ambiental eram antagonistas. O presidente Lula determinou que isso deveria ser superado e ele tem muita razão neste sentido. O Brasil é esse grande produtor de alimentos, esse recordista mundial na produção de alimentos, por grandes ativos que temos. É gente vocacionada a lidar com a terra, tecnologias de última geração, máquinas, equipamentos, tudo isso são ativos que proporcionam a gente produzir tanto. Mas nenhum ativo é maior do que o clima. Não adiantaria ter todos os outros se a gente vivesse num deserto. Não iria produzir. Esse é o vínculo que nos une. Por isso estamos mudando essa retórica e mostrando que agricultura, pecuária e meio ambiente vão caminhar juntos para o benefício da população brasileira e para o benefício da população mundial.
PLANO SAFRA E MEIO AMBIENTE - É o primeiro Plano Safra da história constituído com uma agricultura de baixo carbono, com a busca de uma agricultura de baixo carbono. Nós vamos, pela primeira vez na história também, começar a premiar os produtores que têm boas práticas. Não chega a 2% os produtores que ainda insistem em cometer crimes ambientais, desmatamentos ilegais, queimadas ilegais, invasão de terras públicas. Portanto, 98% dos produtores têm algum grau de boas práticas ambientais e nós vamos começar a premiar as melhores práticas ambientais, como incentivo para que todos alcancem o topo dessa sustentabilidade.
PEQUENOS E MÉDIOS PRODUTORES – O Plano Safra do ano passado, a totalidade dele foi de R$ 340 bilhões liberados para agricultura familiar, médios e grandes produtores. Só o da agricultura médios e grandes produtores, que no caso é o ministério que eu represento, ontem foram R$ 364 bilhões. Já foram R$ 20 bilhões a mais do que o total do ano passado. E hoje (com o anúncio do Plano Safra para agricultura familiar) esse recorde vai ser batido e a agricultura vai estar bem contemplada, em especial os pequenos produtores, com mais subsídios, com mais linhas de crédito para que ele possa cumprir o seu papel de produzir o alimento que chega na nossa mesa.
SEGURO RURAL – “As intempéries climáticas têm que ser protegidas para os produtores através de seguro rural. No ano passado, existia uma expectativa de R$ 2 bilhões, que não conseguiu ser atingido no Plano Safra. Mas diante de todos os aumentos de recursos, não poderia ficar diferente a ampliação de recursos para o Plano Safra deste ano. É um pacto com o Ministério da Fazenda, com o ministro Haddad, para que nós possamos atingir o subsídio de R$ 2 bilhões para o seguro agrícola e o apoio para a comercialização, que ano passado era de R$ 1,6 bilhão e esse ano será de R$ 5,5 bilhões.
ARMAZENAGEM – Se a gente tem um aumento progressivo todos os anos da safra, nós deveríamos ter programas de construção de armazéns permanente. Existia um déficit histórico no Brasil de armazenagem. O governo da presidente Dilma criou o PCA (Programa para Construção e Ampliação de Armazéns). E isso tirou, naquele período, o déficit de armazenagem. Quando tirou esse déficit descuidaram da manutenção desses recursos disponíveis. E esse déficit voltou de forma gigantesca. Para corrigir isso, o aumento foi significativo. Para armazéns de até seis mil toneladas, para médios produtores, o incremento foi de 80% de recursos disponíveis. E para os demais, 60% de aumento. Além disso, taxas de juros reduzidas. Para médios produtores de 7% ao ano, com dez anos para pagar.
TERRAS DEGRADADAS – O Brasil tem hoje 159 milhões de hectares de pastagem. Nós pedimos à Embrapa para fazer um levantamento altamente viável para conversão em agricultura e pecuária. Algo em torno de 37, 40 milhões de hectares. E o que tinha um bom potencial, algo em torno de 20 milhões de hectares. Portanto, 50 a 60 milhões de hectares. Só para fazer uma correlação, hoje o Brasil é esse grande produtor de alimentos em 57 milhões de hectares, mais 27 milhões de segunda safra. Isso significa que se a gente aproveitar só o que tem bom potencial dá para dobrar a produção brasileira sem desmatar uma árvore sequer.
AMAZÔNIA, PANTANAL E NORDESTE – Nós temos no Ministério da Agricultura uma linha de crédito aprovada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, que está disponível. O presidente Lula determinou US$ 400 milhões, algo em torno de R$ 2 bilhões, e vamos tratar disso para que isso se transforme em programas de produção agrícola e pecuária sustentável para o Norte do país, localizado em Belém e suas regionais, para que nós possamos demonstrar para o mundo que é possível implementar uma grande agropecuária, mas preservar o meio ambiente. Para o Pantanal, para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o presidente também determinou que nós liberássemos o mesmo tanto de recursos: US$ 400 milhões para um programa de recuperação, incentivo e produção sustentável dentro do Pantanal. E mais US$ 400 milhões para o agronordeste. Essas três regiões do Brasil terão algo em torno de R$ 6 bilhões em programas de desenvolvimento sustentável”.
FERTILIZANTES – Precisamos enfrentar a dependência do Brasil com relação a fertilizantes importados. O mundo globalizado se mostrou fragilizado com a pandemia, seguido pela guerra da Ucrânia e da Rússia. Mais de 90% do cloreto de potássio usado depende de ser importado. Mais de 80% do nitrogenado depende de importação. E mais de 72% do fosfato usado na agropecuária brasileira depende de importação. Há um conjunto de ações a serem superadas para que o Brasil diminua essa dependência. Para isso, o presidente reestruturou o Plano Nacional de Fertilizantes, escolheu como presidente do conselho o vice-presidente Geraldo Alckmin, e outros ministérios, para fazer um diagnóstico de porque o Brasil é tão dependente de fertilizantes e isso nos faz vulneráveis. E depois começarmos a encaminhar as soluções. Tenho certeza de que muito em breve as soluções vão começar a acontecer e o Brasil vai, gradativamente, diminuir essa dependência. No momento, para enfrentar essa crise para essa safra agora, é mais recursos com juros baratos.
ESCOAMENTO E DESPERDÍCIO – Não existe tecnologia, descoberta, fertilizante, insumo ou máquina que traga mais rentabilidade e eficiência à produção rural do que investir em infraestrutura logística. Num país continental como o Brasil, a gente perde muito em custo de frete e perde no desperdício. Há estimativas de que 8% da produção brasileira se perde, desde a colheita até a chegada no consumidor. Isso tudo daria para acabar com a fome no Brasil, baratear o preço dos alimentos. Nós investirmos em infraestrutura logística eficiente, rápida, descarbonizante, como é uma ferrovia, é um grande marco. Está pronta a Norte-Sul. A ligação de São Luís do Maranhão, do Porto de São Luís, até Santos, a ligação pela Norte-Sul. Tenho certeza de que esse novo modal rodoferroviário vai fazer com que o Brasil seja mais competitivo, tenha menos desperdício e que nós possamos avançar com outras ferrovias e hidrovias modais mais eficientes, mais despoluentes. Nada contra rodoviário, contra caminhões. Os caminhões têm um papel fundamental, mas devem trabalhar em trechos curtos, fazer a ligação entre hidrovias e ferrovias, para dar competitividade e evitar o desperdício”.