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POVOS INDÍGENAS
Força-Tarefa visita território Yanomami atacado e reforça combate à criminalidade
Com foco em intensificar as ações em apoio ao Povo Yanomami e contribuir na pacificação da situação de conflito que se agravou no último fim de semana no território indígena, uma comitiva do Governo Federal desembarcou em Boa Vista (RR) nesta segunda-feira, 1/5. No grupo, as ministras Nísia Trindade (Saúde), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Marina Silva (Meio Ambiente), além de representantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), da Polícia Federal, da Funai, do Ibama, das Forças Armadas e de outras pastas.
A nossa preocupação é que tudo ocorra da forma mais pacífica possível. A gente quer amenizar essa situação. Não queremos derramamento de sangue. É por isso que a gente vem aqui mais uma vez, para trazer essa presença do Estado e reforçar a atuação de libertação do Território Yanomami.
Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas
No sábado (29/4), um ataque à Terra Indígena Yanomami tirou a vida de Ilson Xirixana, de 36 anos, e deixou outros dois indígenas feridos. Diante do fato, houve uma reunião de emergência convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no domingo (30/4), em Brasília, e ficou determinada a formação de uma força-tarefa para avaliar o trabalho na região.
No mesmo domingo, equipes do Ibama e da Polícia Rodoviária Federal foram recebidas a tiros quando realizavam fiscalização em área de garimpo ilegal. Houve troca de tiros e quatro garimpeiros morreram, entre eles um foragido da Justiça do Amapá.
Nesta segunda, as ministras Marina Silva e Sônia Guajajara sobrevoaram as regiões de Homoxi e Uxiú, na Reserva Indígena Yanomami, acompanhadas de autoridades federais. Em coletiva de imprensa, Sônia Guajajara reforçou o compromisso da atual gestão na desocupação da área indígena e com a qualidade de vida da população local.
“A nossa preocupação é que tudo ocorra da forma mais pacífica possível. A gente quer amenizar essa situação. Não queremos derramamento de sangue. É por isso que a gente vem aqui mais uma vez, para trazer essa presença do Estado e reforçar a atuação de libertação do Território Yanomami. Queremos devolver a dignidade e a tranquilidade”, pontuou a ministra.
“O objetivo é fazer um ajuste nas operações com base nos dados que vão surgindo a todo momento. Estamos aqui para mostrar que o governo Brasileiro não vai recuar face à criminalidade. As ações vão ser reforçadas”, frisou Marina Silva. “Podemos observar no sobrevoo que existem vários garimpos que, de fato, estão desativados, abandonados. Porém, alguns, segundo dados de satélite que pudemos observar, continuam ativos. Eles serão desativados com todo o suporte das ações integradas”, completou a ministra.
Em três meses de trabalho, foram destruídos 327 acampamentos de garimpeiros, 18 aviões, dois helicópteros, centenas de motores e dezenas de balsas, barcos e tratores. Também foram apreendidas até o momento 36 toneladas de cassiterita, 26 mil litros de combustível, além de equipamentos usados por criminosos. Imagens de satélite apontam uma redução de cerca de 80% de áreas desmatadas para mineração de fevereiro a abril em relação ao mesmo período do ano anterior.
SEGURANÇA – O secretário Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Francisco Tadeu Alencar, destacou que foram instaurados inquéritos imediatamente após os últimos confrontos e foram incrementadas ações do comando de operações táticas, além de reforço nas operações de investigação na busca por financiadores do garimpo ilegal. Ele ainda pontuou que, somente neste ano, foram realizadas seis grandes operações especiais, que resultaram na apreensão e bloqueio de mais de R$ 130 milhões de criminosos.
“Nós estamos aqui para reafirmar a política do Governo Federal de pacificação do Território Yanomami. Para dizer de forma assertiva: o Estado brasileiro não vai tolerar aqueles que, de forma criminosa, estão sendo recalcitrantes quanto à decisão de deixar esse território. Não vamos ceder um milímetro nesse enfrentamento àqueles que desafiam a autoridade legal”, frisou o secretário Nacional de Segurança Pública do MJSP.
SAÚDE – A ministra da Saúde, Nísia Trindade, visitou os indígenas feridos no Hospital Geral de Boa Vista (RR) e participou de reunião no Centro de Operações Especiais, o COE Yanomami. “Queria, antes de mais nada, colocar o nosso pesar pela morte do Ilson Xirixana. Além de ser um jovem muito querido da sua comunidade, era um agente de saúde. Hoje também visitei os dois indígenas que foram feridos e estão internados no Hospital Geral de Roraima. Eles estão em quadro estável, conscientes, sem risco de vida”.
A chefe da pasta da Saúde enfatizou a importância do trabalho integrado para o apoio aos Yanomami. “Temos clareza da importância do nosso papel na proteção aos povos indígenas. Foi essa que levou à declaração da emergência sanitária aqui em janeiro e a esse trabalho integrado. A orientação do presidente Lula é uma ação com a união de todos”.
Nísia Trindade também pontuou a importância de garantir segurança aos agentes de saúde que atuam na região. “O ataque ocorreu próximo a uma Unidade de Saúde que reabrimos recentemente. Eram sete unidades fechadas e essa conseguimos reabrir. Isso coloca para nós o cuidado com a saúde da população indígena e o cuidado com todos os trabalhadores da saúde. Precisamos de cuidar de quem está cuidando”, revelou.
Desde o início das operações de apoio ao povo Yanomami diante da grave situação de desnutrição e de doenças severas em centenas de indígenas, já foram realizados mais de 10 mil atendimentos, além do envio de reforço profissional da Força Nacional do SUS e do Mais Médicos. Em 21 de abril, o Centro de Referência em Saúde Indígena em Surucucu foi inaugurado, preparado para atendimentos de urgência, consultas, exames e tratamento de malária e desnutrição.