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Crise Humanitária
Governo Federal destrói oito aeronaves e pelo menos 140 acampamentos do garimpo ilegal na Terra Yanomami
Fotos: Ministério da Saúde/ Ibama/ PRF e FAB
Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, nesta segunda (13/3), a ação transversal do Governo Federal segue de forma ininterrupta na Terra Indígena Yanomami, no mesmo estado. Em pouco mais de um mês de atividade para combater a grave crise humanitária na região, a parceria entre Ibama, Funai, Forças Armadas, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal destruiu oito aeronaves e 140 acampamentos.
Temos a maior riqueza do mundo, que é existirem povos como Yanomami. Isso não pode ser destruído. Não tem dinheiro que pague. O que vocês ensinam para nós é como manter o mundo vivo. Porque se a gente destrói o rio e a floresta, vai aquecer mais o planeta e aí não vai ter vida para ninguém”
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima
Com mobilizações por terra, ar e com barreiras fluviais em pontos estratégicos, os agentes ambientais apreenderam 19 toneladas de cassiterita (avaliadas em R$ 2 milhões), 116 equipamentos (especialmente motores e geradores) e 26 balsas. Foram aplicados mais de R$ 10 milhões em multas.
Paralelamente, segundo atualização divulgada pelas Forças Armadas no fim de semana, o trabalho de mais de 500 militares viabilizou a entrega de 14.400 cestas básicas, num total de 256 toneladas de alimentos em mais de 1.700 horas de voo.
No plano da Saúde, segundo informações do Centro de Operações de Emergências (COE) atualizadas no sábado (11/3), mais de oito mil atendimentos já foram realizados levando em conta o Hospital Geral, o Hospital de Campanha, polos bases coordenados pela Força Nacional do SUS e o Hospital da Criança.
COMPROMISSO - Na última semana, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, esteve em uma das bases de atendimento federal. Ouviu relatos e apresentações dos indígenas. “Nós queremos aumentar de novo a nossa população depois dessa luta difícil. Queremos criar outras crianças, fazer roça. Ficar aqui só nós, sem o garimpo”, relatou uma idosa do Povo Yanomami, com tradução do líder Davi Kopenawa para a ministra.
“Ninguém está comendo as pedras preciosas que o branco está tirando para enfeitar as mulheres, para enfeitar casas. Eles (garimpeiros) são como cotia: vão embora, se escondem, mas quando a Polícia Federal e o Exército vão embora, eles voltam de novo”, completou.
A ministra reforçou que o compromisso do Governo Federal é permanecer no território até que a integridade das terras indígenas seja garantida. “Eles vão sair e vamos assegurar que vão fazer outro trabalho que não seja destruir o rio, que não seja destruir a floresta”, disse.
Além de pontos de extração ilegal de minério, como ouro e cassiterita, a operação do Governo Federal na região tem como alvo estruturas auxiliares ao garimpo ilegal e a cadeia de logística que sustenta o crime na região. Os agentes visam controlar as principais rotas comerciais e linhas de suprimento por onde entram armas, munições, explosivos e entorpecentes.
“Temos a maior riqueza do mundo, que é existirem povos como Yanomami. Isso não pode ser destruído. Não tem dinheiro que pague. O que vocês ensinam para nós é como manter o mundo vivo. Porque se a gente destrói o rio e a floresta, vai aquecer mais o planeta e aí não vai ter vida para ninguém”, afirmou a ministra. “E o grande cacique branco, presidente Lula, disse que os guerreiros Yanonami estão à frente, e os guerreiros do cacique branco estão atrás, tentando reparar o que foi destruído”, concluiu Marina Silva.
CENSO DEMOGRÁFICO – Também na última semana, a PRF e o IBGE estabeleceram parceria para permitir a realização do Censo Demográfico 2022 na Terra Indígena Yanomami. A articulação facilitou a chegada dos servidores que trabalham no censo a áreas de difícil acesso, por meio do transporte aéreo, e na segurança de recenseadores e indígenas durante a coleta das informações.
A passagem dos recenseadores do IBGE pelas aldeias tem o objetivo de obter informações referentes à vida dos indígenas e fazer o diagnóstico nas áreas social e econômica de locais habitados por povos tradicionais. Os números são utilizados para a definição de políticas públicas que garantam o desenvolvimento da região.
ARTICULAÇÃO AMPLA - Com centenas de casos de insegurança alimentar grave, malária, pneumonia e diarreia grave conectadas com o garimpo ilegal na região, a Terra Yanomami passou a contar com uma ação integrada de órgãos do Governo Federal desde o fim de janeiro.
O presidente Lula, ministros de estado e dezenas de servidores federais se uniram ao Governo Estadual de Roraima, a autoridades municipais e a lideranças indígenas para buscar o atendimento em saúde e a retirada dos invasores da região. A ação mobiliza, além das forças militares, ministérios como Saúde, Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Direitos Humanos e Cidadania, Assistência Social, Mulheres, Educação, Justiça e Segurança Pública, Comunicações, entre outros.
O Centro de Operações de Emergência (COE) congrega, ainda, todas as secretarias do Ministério da Saúde e instituições como o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, Casa civil da Presidência, Organização Pan-Americana da Saúde, Ministério da Defesa, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério do Desenvolvimento Social e Fundação Oswaldo Cruz.