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TRANSFERÊNCIA DE RENDA
Ana Claudia faz planos com R$ 300 a mais do Bolsa Família: “remédio, calçado, roupa e comida”
Ana Cláudia Das Neves, de Foz do Iguaçu (PR): Benefício Primeira Infância a partir deste mês. Foto: Thiago Ming / SEAUD / PR
A dona de casa Ana Cláudia das Neves, de 48 anos, tem que fazer malabarismo para administrar o orçamento e sustentar os quatro filhos que vivem com ela e o marido numa casa simples na periferia de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. A principal fonte de renda da família é um benefício do INSS destinado a um filho com transtornos mentais e o dinheiro do Bolsa Família que priorizam para duas filhas, de um e quatro anos de idade.
Vai ajudar muito porque sei que não vou mais dormir preocupada sem saber o que fazer para pagar a farmácia ou comprar uma coisa que elas pedem. O Bolsa Família para mim significa isso”
Ana Cláudia das Neves, beneficiária do Bolsa Família
As pequenas, adotadas de uma sobrinha dependente química, exigem cuidados médicos. A mais velha nasceu prematura de sete meses, é autista e não fala. A bebê tem bronquiolite. Para cuidar de todos e da saúde das crianças, o orçamento não fecha. Sempre fica um débito de R$ 200, R$ 300 na farmácia.
Com essa realidade difícil e comum a tantas famílias do Brasil, Ana comemorou quando ouviu na televisão que, com a retomada anunciada no começo do mês, o novo Bolsa Família terá o mínimo de R$ 600 e um adicional de R$ 150 por filho de até seis anos. Em março de 2023, 8,9 milhões de crianças terão acesso ao benefício.
A perspectiva de ter mais R$ 300 no orçamento familiar já a autoriza a fazer planos de não mais ficar devendo à farmácia e de comprar outros itens que as crianças precisam. “Vai ajudar muito porque sei que não vou mais dormir preocupada sem saber o que fazer para pagar a farmácia ou comprar uma coisa que elas pedem. O Bolsa Família para mim significa isso”, disse. A prioridade é cuidar das crianças. Se sobrar algum dinheiro, ela diz, a ideia é melhorar a alimentação comprando uma “misturinha”.
Ana, que tem outros três filhos já são adultos que não moram com ela, conta que muitos a chamam de corajosa por assumir a criação de duas crianças em meio às dificuldades. Ela responde: “Não é coragem, é amor”.
Entre os planos da dona de casa, construir um quarto exclusivo para as caçulas. Hoje, a casa de tijolos, sem reboco, tem seis cômodos pequenos e uma área grande na entrada, onde planeja fazer o quarto e ampliar a cozinha. A casa original, numa área de invasão, tinha dois cômodos de madeira. Um financiamento do Minha Casa Minha Vida a ajudou a refazer a moradia.
PAGAMENTO ESCALONADO - Como habitual no Bolsa Família, o pagamento é escalonado. O cronograma de março tem início nesta segunda, 20/3, para beneficiários com Número de Inscrição Social (NIS) de final 1. Os repasses seguem até o dia 31. A partir de junho, o valor investido crescerá e as famílias terão ainda mais proteção, pois haverá um adicional de R$ 50 a cada integrante da família com idade entre sete e 18 anos incompletos e para gestantes. Em março, o programa chega a 21,1 milhões de beneficiários com um investimento recorde de R$ 14 bilhões e um valor médio inédito de R$ 670.
Mais do que uma ação de transferência de renda, o Bolsa Família é um instrumento da estratégia de redução da pobreza, de combate à fome e de promoção da educação e da saúde do Governo Federal. Até por isso, o programa volta a enfatizar condicionalidades estratégicas, como a exigência de frequência escolar para crianças e adolescentes de famílias beneficiárias, o acompanhamento pré-Natal para gestantes e a atualização do caderno de vacinação com os imunizantes previstos no Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.
QUEM RECEBE – O Bolsa Família é voltado para famílias em situação de vulnerabilidade econômica e social. Para serem habilitadas, elas precisam atender critérios de elegibilidade, como apresentar renda classificada como situação de pobreza ou de extrema pobreza. Com a nova legislação, têm acesso ao programa as famílias que têm renda de até R$ 218 por pessoa. As famílias precisam ter os dados atualizados no Cadastro Único e a seleção considera a estimativa de pobreza, a quantidade de famílias atendidas em cada município e o limite orçamentário.
INSCRIÇÃO – A inscrição pode ser feita em um posto de cadastramento ou atendimento da assistência social no município. Em caso de dúvidas sobre o Bolsa Família, confira perguntas e respostas sobre o programa.