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20 anos de carros flex no Brasil
Regulação do Etanol - Criado pelo Governo Federal em 1975, o Proálcool tinha como objetivo garantir o suprimento de etanol no processo de substituição da gasolina, para fazer frente aos sucessivos aumentos do preço do petróleo. A ênfase do programa, que inicialmente era produzir etanol anidro para ser misturado à gasolina, a partir de 1979 passou a ser a produção de etanol hidratado, usado puro em motores adaptados para o combustível.
Entre 1983 e 1988, mais de 90% dos automóveis vendidos no País eram movidos a etanol. Porém, nos anos seguintes, a queda do preço do petróleo e o aumento do preço do açúcar no mercado internacional fizeram com que o etanol deixasse de ser vantajoso tanto para o consumidor quanto para o produtor. No fim da década de 1990, caiu para 1% a venda de carros movidos a esse combustível. Apesar dessas flutuações conjunturais, o etanol manteve-se como importante componente na matriz energética brasileira, uma vez que passou a ser misturado à gasolina em percentuais de até 25%.
Além disso, o lançamento dos carros flex (bicombustíveis) pela indústria automobilística voltou a impulsionar o escoamento da produção de etanol e ampliou a liberdade de escolha dos consumidores.
A Lei nº 11.097/2005 incluiu os biocombustíveis no campo de atuação da ANP, porém não deixou sob a responsabilidade da Agência a fiscalização da produção de etanol. No caso desse combustível, a função da ANP ficou restrita à fiscalização da comercialização, da distribuição e da revenda, além do controle da qualidade. Até que, em abril de 2011, por determinação do Governo Federal, a ANP passou a regular toda a cadeia do etanol, incluindo a fiscalização de 416 instalações industriais produtoras do combustível no País, com capacidade de produção de cerca de 28 milhões de metros cúbicos. As atribuições da ANP passavam a envolver todo o conjunto de atividades econômicas relacionadas com produção, importação, exportação, transferência, transporte, armazenagem, comercialização, distribuição, avaliação de conformidade e certificação de qualidade dos biocombustíveis em geral. Em setembro do mesmo ano, as novas funções atribuídas inicialmente por Medida Provisória foram aprovadas pelo Congresso na forma da Lei nº 12.490/2011.
Logo após a publicação da lei pelo Diário Oficial, no dia 11/09/2011,a ANP elaborou três resoluções para adequar o mercado à nova realidade, submetendo-as a consultas públicas para captar sugestões de segmentos do mercado e de outros setores da sociedade envolvidos no processo de regulação. Com essas resoluções, foram estabelecidos requisitos para o cadastramento de fornecedores, comercialização e envio de dados de etanol combustível à ANP; os critérios para a aquisição e formação de estoque de etanol anidro; e a obrigatoriedade de autorização da Agência para o exercício da atividade de produção de etanol.
As obrigações do produtor de etanol estão centradas na garantia do abastecimento do mercado. Os agentes devem informar anualmente à ANP as capacidades relacionadas com a produção de etanol, o período de safra e o planejamento de produção, bem como os dados de geração de energia elétrica. Foram estabelecidos compromissos dos produtores em função da capacidade de abastecimento definida para cada um, expressa pela razão entre a produção total de etanol durante a safra e o número de dias do ano comercial (360 dias). Com o objetivo de permitir a formação de estoque pelo produtor, foi determinada uma tancagem mínima de etanol de 120 dias de autonomia de sua produção. As usinas produtoras de pequena escala, com capacidade limitada a 200 metros cúbicos de etanol por dia, não precisam solicitar autorização para construção ou operação de suas instalações, mas estão sujeitas às demais obrigações. O novo regulamento prevê ainda regras para comercialização de etanol entre produtores, e de produtores com fornecedores cadastrados, distribuidores autorizados e com o mercado externo.
A ANP especifica o produto, monitora e fiscaliza sua qualidade nas distribuidoras e nos postos de revenda de combustíveis de todo o País. Presente no mercado brasileiro desde a década de 1970, o etanol pode ser consumido em motores desenvolvidos para este fim específico; ou em motores com tecnologia flex (na versão álcool hidratado), adicionado ou não à gasolina, em qualquer proporção; ou utilizado, como etanol anidro, na mistura com a gasolina A, para produzir a gasolina C.
Em 20 anos do lançamento do primeiro carro flex no Brasil, segundo o Ministério de Minas e Energia, tivemos quase 800 milhões de toneladas de emissões de CO2 evitadas.
Carro Flex - Os veículos flex ou veículos de combustível duplo estão equipados com motor de combustão interna a quatro tempos, que tem a capacidade de ser reabastecido e funcionar com mais de um tipo de combustível, misturados no mesmo tanque e queimados na câmara de combustão simultaneamente. Os veículos de combustível flexível mais comuns disponíveis no mercado mundial utilizam etanol como segundo combustível. Um sensor detecta a mistura do combustível e ajusta a injeção de acordo com a mistura. Assim é possível usar tanto álcool quanto gasolina, ou uma mistura dos dois em qualquer proporção. No caso do Brasil, o ajuste da injeção é feito com software automotivo desenvolvido por engenheiros brasileiros.
A chegada dos carros flex no Brasil foi idealizada no final da década de 80. O Brasil viveu uma forte crise de abastecimento de etanol e isso estimulou os engenheiros a pensarem numa forma de permitir que os carros fossem capazes de aceitar álcool e gasolina simultaneamente, a fim de evitar que cenas como esta se repetissem no futuro.
Em 1994 a Bosch criou o primeiro protótipo flex do Brasil, um Chevrolet Omega 2.0. Veículo de testes rodou mais de 200 mil quilômetros e mostrou que ideia era viável, só que o uso de uma sonda para descobrir a mistura do combustível dentro do próprio tanque se mostrou uma solução muito cara.
No fim dos anos 90 a Magneti Marelli aperfeiçoou a tecnologia flex com o chamado SFS (Software Flexfuel Sensor), que consistia na leitura do combustível a partir da sonda lambda. Após tantos projetos que não conseguiram ir para frente, a Volkswagen conseguiu apresentar o primeiro modelo flex produzido em larga escala no Brasil. No dia 24 de março de 2003, a Volkswagen do Brasil apresentou um Gol com motor AP 1.6 que produzia 97 cavalos com gasolina e 99 cv com álcool. O lançamento coincidiu com a comemoração dos 50 anos da VW do Brasil.
Vantagens ambientais - A incorporação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira traz consigo uma série de vantagens, principalmente de cunho ambiental: produzidos a partir de fontes renováveis, eles emitem menos gases poluentes do que os combustíveis fósseis na combustão dos motores, e seu processo de produção tende a ser mais limpo.
Para produzir o etanol em escala, é preciso ampliar a área plantada com cana-de-açúcar. Parte do dióxido de carbono (CO2) emitido pelos veículos movidos a etanol é reabsorvida por essas mesmas plantações e isso faz com que as emissões de CO2 sejam parcialmente compensadas. O etanol pode ser produzido a partir de diversas fontes vegetais, mas a cana-de-açúcar é a que oferece mais vantagens energéticas e econômicas. Segundo pesquisa da Embrapa, o etanol de cana chega a emitir menos 73% de CO2 do que a gasolina. O trabalho revelou também que, se a colheita da matéria-prima fosse mecanizada, evitando-se a queima do solo nesse processo, a redução das emissões do principal gás causador do efeito estufa poderia ser de 82% em relação à gasolina pura.
Na comparação com o diesel de petróleo, o biodiesel também tem significativas vantagens ambientais. Sua queima emite em média 48% menos monóxido de carbono, 47% menos material particulado (que penetra nos pulmões) e 67% menos hidrocarbonetos, segundo estudos do National Biodiesel Board, entidade que representa a indústria de biodiesel nos Estados Unidos. Assim, ao longo dos anos, o impacto ambiental decorrente do uso deste tipo de combustível será ainda mais significativo, principalmente nas grandes cidades, uma vez que o percentual da mistura tende a crescer. Para o consumidor em geral, apesar do preço potencialmente mais elevado, o biodiesel apresenta alta qualidade, reduzindo o teor de enxofre e ampliando a lubrificação dos motores.
A grande extensão territorial e os recursos naturais que possibilitam ampliar a produção de insumos energéticos provenientes da biomassa proporcionam ao Brasil uma posição de destaque no setor de agroenergia. Os avanços na substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, servem de modelo para outros países que buscam fontes renováveis de energia como alternativas estratégicas ao petróleo.
Saiba mais em: https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/noticias/mme-comemora-20-anos-de-lancamento-do-carro-flex-no-brasil